29 de setembro de 2009

Aldina Duarte : Princesa prometida [Mulheres ao Espelho, 2008]

Há um véu no meu olhar
Que a brilhar dá que pensar
Nos mistérios da beleza
Espelho meu que aconteceu
Do que é teu e do que é meu
Já não temos a certeza

A moldura deste espelho
Espelho feito de oiro velho
Tem os traços de uma flor
Muitas vezes foi partido
Prometido e proibido
Aos encantos do amor

Espelho meu diz a verdade
Da idade da saudade
À mulher envelhecida
Segue em frente na memória
Mata a glória dessa história
Da princesa prometida

Aldina Duarte/José Marques

Rui Vieira Nery: "Amália não é um marciano"

"Vamos conhecer uma Amália jovem, com uma voz mais fresca e com um toque menos sofisticado, mais intuitiva que completa muito bem a imagem mais presente que temos, da Amália madura que é a das décadas de 1960 e 1970", disse à Lusa o musicólogo Rui Vieira Nery.

Nery salientou: "Esta é uma discografia absolutamente fundamental para a história do fado, que precede o seu encontro com o compositor Alain Oulman".
"Vamos ter uma visão mais completa porque estamos tão próximos da Amália da maturidade do período clássico com Oulman, daqueles grandes fados como 'Gaivota' ou 'Maria Lisboa', e aqui vamos descobrir uma grande fadista que quando tem esse encontro conta 41 anos e tem atrás de si 15 anos de gravações".
Cada CD é acompanhado por dois textos de Rui Vieira Nery e uma análise poética de Vasco Graça Moura, sendo ilustrados por jovens artistas plásticos.
"Faço um guia de audição faixa a faixa, em que comento aquela peça em particular, os compositores, a maneira dela cantar, e como os guitarristas interpretam, a que se junta um texto do Vasco [Graça Moura] sobre a poesia daquele disco".
Num outro texto, também de Vieira Nery, "discute-se determinado aspecto do repertório, designadamente o que são fados estróficos e fados-canção e os compositores que escreveram para ela".
"Irei referi-me a Armandinho, [Alfredo] Marceneiro, Jaime Santos, Britinho [Frederico de Brito], Joaquim Campos, Frederico Valério, Fernando Carvalho, Raul Portela ou Frederico de Freitas".
Os 12 CD/Livros correspondem a outros tantos temas, entre eles, "Paixão", "Ciúme", "Abandono", "Sina", "Ao vivo", "Salero", "Mundo" e "Lisboa".
O musicólogo fez questão de salientar que "ao refresco dos ilustradores" corresponde "um olhar diferente da ladainha ritual: ‘que bem cantava a Amália’, ‘ai que génio’, ‘a alma do povo português’", tanto mais que "nos textos é relacionada com os grandes fadistas do seu tempo".
Um destaque que Nery dá nos seus textos é aos guitarristas que a acompanharam, e nesta primeira fase, à excepção do episódico Fernando Freitas (1945), Amália foi acompanhada primeiro por Jaime Santos, a que se segue Raul Nery e depois por Domingos Camarinha, com quem foi a primeira vez ao Olympia, em Paris.

Conhecedor da carreira da fadista com quem conviveu, Rui Vieira Nery afirmou ao voltar a escutar todos os temas não deixou de se surpreender "com a Amália castiça a cantar o fado Mouraria, o Menor, a marcha do Marceneiro ou fado Tango com uma garra juvenil, mas ao mesmo tempo com uma noção da tradição".
Por outro lado, realça ainda "a forma como se integrava nas tradições musicais de outros países, da copla espanhola, ou da ranchera mexicana, a ponto de ser considerada por eles, entre os melhores".

fonte ~ hardmusica

27 de setembro de 2009

Rão Kyao : Fado das Canas [Viva o Fado, 1996]

Rão Kyao: "Nunca perco o fado de vista"

Rão Kyao, músico, lança segunda-feira um novo disco, ‘Em Cantado’, um trabalho em formato de duplo CD que faz o retrato da sua vida enquanto compositor.

Correio da Manhã – Oito anos depois volta a pegar no fado. Tinha saudades?

Rão Kyao – Sim... mas nunca me tinha cruzado com ele desta maneira. Eu nunca perco o fado de vista, mas aqui surjo como compositor de fados que são apresentados em cantado por vários fadistas. Tentei arranjar uma série de fatos e de estilos que servissem aos intérpretes e acho que ficaram bem à emoção de cada um. Parecem feitos por medida. E é a primeira vez em que a flauta aparece a servir os fadistas, como mais uma voz, e não como solista.

– Foi esse o desafio para o disco?

– Sim. Este é o meu quarto disco objectivamente ligado ao fado, depois do ‘Fado Bailado’, (1983) ‘Viva o Fado (1996) e ‘Fado Virado a Nascente’ (2001), e desta vez tive de imaginar como é que flauta poderia desafiar o fadista, que está a cantar uma letra que tem de ser respeitada.

– ‘Em Cantado’ tem um segundo disco, um ‘Lado B’ que não é fado...

– São temas também ‘Em Cantado’ mas em que a flauta surge a solo, são temas cantados pela flauta.

– Mas esse poderia ser um disco autónomo. Porque os juntou?

– Podia sim, mas há um tipo de cantar que passa pelo fado e não só. Tem a ver comigo. É aquilo que sou como músico. É verdade que tenho uma ligação ao fado, mas também tenho uma outra vivência como músico. Se fizesse só um disco iria ficar com a sensação de incompleto. E o Lado B também tem um carácter intimista.

– É então uma espécie de retrato de Rão Kyao...

– Exactamente, é um retrato deste momento da minha vida. Muitas vezes sou chamado a fazer coisas para fado, faz parte da minha realidade, mas, por outro lado, também tenho o meu grupo. É um álbum de um compositor que põe o seu canto ao serviço de cantores e ao serviço da flauta também.

– No Lado A há uma série de gente nova do fado, a Carminho, a Tânia Oleiro, o Ricardo Ribeiro...

– Foi a voz deles que me cativou. São do melhor que há, todos eles enraizados na tradição fadista. Mas ao mesmo tempo todos querem somar algo ao legado fadista e isso seduz-me. Dou muito valor a isso.

24 de setembro de 2009

"Vida" de Jorge Fernando

O fado atravessa dias dourados, já o sabemos: novas vozes, novos poetas, novos compositores e até novas maneiras de o entender. Mas o que fica do tempo - o que mais importa - é o milagre desta música e destas palavras se poderem colar a isso que chamamos de alma, de forma linda e irreversível.

É isso que o trio de Jorge Fernando traz. A começar pelos nomes. Primeiro, Jorge Fernando, músico, compositor, poeta, cantor. Um dos homens mais cantados na actual música portuguesa. Seja através da nova geração de estrelas - Mariza, Ana Moura, Filipa Cardoso - seja no testemunho que as lendas do fado nos deixaram: Fernando Maurício, o rei do fado, foi o seu mentor e intéprete de grandes temas. Amália teve-o como viola de fado durante 20 anos e como autor de alguns fados que a diva cantou.

Mas agora é a altura de Jorge Fernando falar em nome próprio. E a acompanhá-lo estão dois amigos e cúmplices, que representam bem a herança e a mudança que faz o fado viver. Custódio Castelo é um dos melhores executantes de guitarra portuguesa da actualidade. A isso alia um talento enorme como compositor. A sua forma de tocar e os seus arranjos - que por vezes evocam a música erudita - é original e já começa a fazer escola. Além de vários projectos próprios (como o recente Encore Fado, com Margarida Guerreiro), Custódio Castelo foi o responsável musical pela afirmação de Cristina Branco, com quem trabalhou muito tempo. É dos instrumentistas e compositores mais solicitados internacionalmente.

Fábia Rebordão é o novo que vem de trás. A sua extraordinária voz deu-se a conhecer no programa televisivo Operação Triunfo, onde chegou a finalista. Palmilhou territórios musicais aparentemente distantes, como os blues ou o gospel. Mas foi no fado que se encontrou, desde há dois anos para cá. Quem a ouvir, no entanto, perceberá que o fado nasceu com ela.

É este trio que vai oferecer a riqueza da música e palavras, fados de raiva e de amor que inquietam a alma e nos fazem agradecer.

Apresentação do disco
Parque Mayer | Lisboa
25 de Setembro
21h30

22 de setembro de 2009

Velha Gaiteira : Lá Nuoba

"Amália nossa" recupera os primeiros anos de gravações da fadista

"Amália nossa" é um "mega projecto" que revisita os primeiros 15 anos de gravações da fadista com a edição de 12 CD/Livros e uma biografia em banda desenhada de Nuno Saraiva.

"Amália nossa" pretende "trazer ao público, de uma forma inovadora, o legado extraordinário" da fadista, explicou João Pinto de Sousa, da Tugaland, que chancela o projecto.

Pinto de Sousa sublinhou à Lusa que se trata de uma "aposta forte e ousada", quando passam dez anos sobre a morte da "maior referência do Fado de sempre e para sempre".

O projecto que inclui a edição de 12 CD/Livros "a preços democráticos", com textos de Rui Vieira Nery e Vasco Graça Moura, uma antologia poética, uma exposição, uma edição limitada em vinil, e a biografia em três álbuns de Banda Desenhada, é apresentado quarta-feira no Museu do Fado, um dos parceiros do projecto, tal como o Museu Berardo, a Fundação Amália, a Rádio Amália e a RTP.

O projecto discográfico de 12 CD/Livros refere-se aos primeiros 15 anos de gravações de Amália, que o musicólogo Rui Vieira Nery intitulou "a primeira era de ouro".

"Na prática é a Amália pré [Alain] Oulman", sintetizou Pinto de Sousa.

Os textos de Rui Vieira Nery "fazem o guia de audição, e análise musicológica, e de carreira da artista", e os de Vasco Graça Moura "uma análise poética".

Os 12 CD/Livro correspondem a outros tantos temas, entre eles, "Paixão", "Ciúme", "Abandono", "Sina", "Ao vivo", "Salero", "Mundo", "Lisboa". Cada capa é ilustrada por um artista que a partir dos textos do poeta e do musicólogo e da audição dos temas, "criaram dando um cunho contemporâneo".

Os ilustradores escolhidos são Pedro Brito, Inês Casais, Jimi, João Moreno, Daniel Lima, Fernando Martins, João Fazenda, André Carrilho, Maria João Worm, Nuno Saraiva, Vasco Gargalo, e Patricia Romão.

"Seduzir as novas gerações e novos públicos" é uma das apostas da Tugaland, que irá explorar "novas redes de distribuição" ao colocar os CD/Livro à venda através de um jornal diário, a partir de 29 de Setembro, e também em lojas dos CTT e em alguns postos de combustíveis.

Doze outros artistas plásticos criaram peças a partir dos 12 temas que titulam os CD, e a partir das quais a designer Maria João Ribeiro, também da Tugaland, fez a ilustração das capas para uma colecção limitada dos 12 títulos em vinil, que estará disponível apenas na FNAC.

"Os doze olhares contemporâneos sobre Amália" integrarão a exposição patente no Museu Berardo, "Coração independente". "Teremos um núcleo dentro dessa exposição que se intitulará, precisamente, 'Amália nossa'", explicou Pinto de Sousa.

Os artistas convidados são João Pedro Vale, Ana Rito, Catarina Saraiva, Adriana dos Molder, Bruno Pacheco, Sofia Leitão, Pedro Barateiro, João Onofre, Gabriel Abrantes, Rita GT, Pedro Gomes e Isabel Simões, abrindo a exposição ao público dia 06 de Outubro.

Também com saída prevista em Outubro estão três álbuns em Banda Desenhada de Nuno Saraiva que "se apaixonou pelo fado" e faz uma biografia da fadista "com uma introdução ficcionada, mas com a consultadoria histórica da directora do Museu do Fado, Sara Pereira, e de Rui Vieira Nery".

"Há no Nuno Saraiva aquele cunho interessante de ficção e de humor, mas seguindo um trajecto sociológico e político, além do toque sensualidade/erotismo habitual no seu traço", explicou Pinto de Sousa.

Também para Outubro está prevista "a antologia completa com todos os poemas que Amália cantou", organizada por Américo Lourenço, administrador da Fundação Amália, e pela antiga secretária da fadista Estrela Carvas, que recentemente editou as suas memórias de convivência com a criadora de "Ai, Mouraria".

fonte ~ lusa

21 de setembro de 2009

Stockholm Lisboa Project : Mentiras [Sol, 2007]

Nunca andes com mentiras
que é um caso perigoso
que eu já tive um namorado
deixei-o por mentiroso

Vais dizendo pelas ruas
que tu já me tens deixado
bem sabe já toda a gente
que tu andas enganado

Vais dizendo pelas ruas
que tu me tens esquecido
bem sabe já toda a gente
que eu nunca te tenho querido

Tenho-te dito mil vezes
não venhas aonde estou
se é para estares a rir para mim
aonde tu estás não vou


Amália FM arranca em Outubro

É uma rádio temática dedicada ao fado que emitirá na zona da grande Lisboa em 92.0, a antiga frequência da RNA (Rádio Nova Antena). O início das emissões está marcado para as 12h00 de 6 de Outubro, a data em que se assinalam os dez anos sobre o desaparecimento de Amália Rodrigues.

Luís Montez, proprietário de rádios como a Radar e Oxigénio e da promotora de espectáculos Música no Coração, é um dos administradores deste novo projecto, que conta com Augusto Madaleno como director de programas.

"A nova rádio tem raça. É lisboeta, boémia, bairrista, atrevida e namoradeira, faz do fado a sua alma", anuncia o texto de apresentação, que refere que a rádio surgirá como "a justa homenagem" a Amália. De onde não será de estranhar que a denominação da nova estação radiofónica tenha por base o nome da grande voz do fado.

fonte ~ expresso

19 de setembro de 2009

SAL : Coisas do Mar [SAL, 2007]

Ana Sofia Varela apresenta "Fados de amor e pecado"

Ana Sofia Varela está de volta com um novo trabalho "Fados de amor e pecado", cuja apresentação ao vivo está agendada para 10 de Outubro no CCB.

Ana Sofia Varela dispensa apresentações. Desde as suas primeiras actuações em público em que cantava à sua maneira temas de Amália Rodrigues, passando pelo seu disco de estreia com título homónimo editado em 2001, até ao convite do realizador Carlos Saura para integrar o elenco do filme "Fados", muitas foram as etapas que lhe granjearam o reconhecimento do público.

Na sua nova aventura discográfica, Ana Sofia Varela faz-se acompanhar de José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Rogério Ferreira, Marco Oliveira e Diogo Clemente na viola, Zé Nabo e Ricardo Cruz no baixo, os cúmplices desta paixão cujo resultado só poderia ser um disco feito com muito amor.

"Fados de amor e pecado" é composto de 12 temas especialmente concebidos e pensados para a voz singular de Ana Sofia Varela. O projecto é arquitectado por uma das mais importantes duplas criativas da música portuguesa: João Gil e João Monge, música e letra respectivamente.

Tanto um como outro dispensam apresentações, sendo sobejamente reconhecido o seu trabalho em variadíssimos projectos musicais, sendo igualmente inesquecíveis os êxitos que ostentam a sua assinatura, emprestados a bandas como os Trovante, Ala dos Namorados, Cabeças no Ar ou Aldina Duarte.

Este CD com edição prevista para o próximo dia 6 de Outubro, terá a sua primeira apresentação ao vivo no dia 10 de Outubro no Centro Cultural de Belém.

17 de setembro de 2009

Pedro Caldeira Cabral : Momentos [Memórias da Guitarra Portuguesa, 2003]

A guitarra portuguesa e o museu em falta

A guitarra portuguesa não tem ainda um Museu, um espaço que lhe seja inteira e exclusivamente consagrado, "omissão" que aos olhos de muitos é inexplicável, quase um delito de lesa-cultura.

Razão ou razões para que o espaço esteja ainda por criar alguma(s) haverá. Para o músico e estudioso da guitarra portuguesa Caldeira Cabral, é tudo "muito simples".

"Fizeram uma grande confusão" - disse à agência Lusa. "Fez-se a Casa do fado e da guitarra portuguesa em Alfama. A museologia tradicional é uma museologia objectual e o fado não tem outra expressão objectual que não seja a da guitarra e pouco mais - fotografias, discos. Portanto, houve necessidade de pegar na guitarra como símbolo do fado".

Evoca, a este propósito, a figura de Carmo Dias, "um grande concertista de guitarra" que, em 1923, numa entrevista ao "Guitarra de Portugal", um jornal da época, disse:"Os estúpidos pensam que a guitarra nasceu para o fado e foi o contrário que aconteceu, o fado é que nasceu da guitarra".

Perdeu-se deste modo, em seu entender, "a oportunidade de se fazer um grande museu da guitarra portuguesa"

"Aliás - pondera - , aquilo está ligado a uma estratégia ligada a uma fase da indústria discográfica, de promoção do fado por um certo tipo de indústria discográfica que representa de uma certa maneira um retorno a uma certa ideia de identidade, de identidade lisboeta, etc., que passa pela revalorização do fado, do fado, evidentemente, através das vedetas, dos intérpretes do fado, não de uma certa construção e não de uma outra ideia que a mim me parece muito mais justa: fazer a musealização da própria zona das casas de fado que existem".

Dá um exemplo, A Parreirinha, fundada nos anos 50 e na qual vê "um museu vivo" que "daria certamente material para inúmeros trabalhos de investigação, de como aquilo se construiu, evoluiu, etc.".

Mas, mais do que A Parreirinha, insiste, "a própria Alfama. Isso é que deveria ser um Museu do Fado".
fonte ~ dn

Carminho : Meu amor marinheiro [Fado, 2009]

Tenho ciúmes,
Das verdes ondas do mar
Que teimam em querer beijar
teu corpo erguido às marés.

Tenho ciúmes
Do vento que me atraiçoa
Que vem beijar-te na proa
E foge pelo convés.

Tenho ciúmes
Do luar da lua cheia
Que no teu corpo se enleia
Para contigo ir bailar

Tenho ciúmes
Das ondas que se levantam
E das sereias que cantam
Que cantam p'ra te encantar.

Ó meu "amor marinheiro"
Amor dos meus anelos
Não deixes que à noite a lua
Roube a côr aos teus cabelos

Não olhes para as estrelas
Porque elas podem roubar
O verde que há nos teus olhos
Teus olhos, da côr do mar.

Novas propostas para a Rádio Zero | Lisboa

A Rádio Zero abriu a época de recepção de maquetes para a escolha de novos programas para a grelha de programação. Qualquer ideia é válida, qualquer programa pode ser feito.

A Rádio Zero é uma rádio baseada em Lisboa, com emissão via web e é uma das fundadoras da rede internacional de rádios RADIA.
Tem como objectivos divulgar e promover a exploração do suporte rádio enquanto conteúdo, forma e/ou tecnologia, privilegiando abordagens não ortodoxas e de autor.

Valorizamos o experimentalismo, a originalidade e, acima de tudo, o livre pensamento!
Se tens ideias para montar um programa de rádio, faz da Zero a tua oficina!

Envia a(s) tua(s) proposta(s) para:
programacao@radiozero.pt
www.radiozero.pt

16 de setembro de 2009

Fausto : Todo este céu [18 Canções de Amor e Mais Uma de Ressentido Protesto, 2007]

Músicas que contam a história dos ouvintes | Antena 1

Duetos” é o nome do projecto que marca o regresso de José Nuno Martins à rádio depois de ter sido provedor do Ouvinte. Convidam-se os espectadores a revelarem as dez músicas que mais marcaram as suas vidas.

“As pessoas têm vontade de falar de si próprias”, explicou José Nuno Martins, justificando este facto com o desenvolvimento das comunicações electrónicas, que, através de blogues ou redes sociais, por exemplo, permitem que cada um dê a conhecer sentimentos ou factos da vida privada.

Semanalmente um ouvinte é convidado a ir ao estúdio (a estação paga as deslocações a quem vier de fora de Lisboa), revelar dez músicas que ilustrem outras tantas situações. O primeiro, de 13 programas, pode ser ouvido esta quarta-feira, às 23 horas.
Afastado da antena, José Nuno Martins contou que depois de ter abandonado o cargo de provedor, em Junho de 2008, do Ouvinte optou por cumprir um período de nojo . “Conversei sobre isso com o actual provedor – Adelino Gomes – e ele teve o mesmo entendimento que eu”.

fonte ~ jn

15 de setembro de 2009

[1 em 2] Povo que lavas no rio

Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão
Há-de haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não

Fui ter à mesa redonda
Beber em malga que esconda
Um beijo de mão em mão
Era o vinho que me deste
Água pura em fruto agreste
Mas a tua vida não

Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição
Povo, povo eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso
Mas a tua vida não

Fado Victoria / Pedro Homem de Mello

Amália Rodrigues [Busto, 1962]


Mafalda Arnauth [Flor de Fado, 2008]

Amália sings fados & flamencos

A CNM à edição do álbum original acrescentou quatro faixas bónus gravadas no ano seguinte nos mesmos estúdios norte-americanos, os Angel. Neste conjunto de faixas surge o Fado Modesto ("Antigamente") com letra de Frederico de Brito, a nova letra de "Canção do mar" de Ferrer Trindade de autoria de David Mourão-Ferreira e dois temas mexicanos: "Falaste corzón" e "Por un amor".
A interpretação de Amália é primorosa plena de sentimento e sem qualquer esforço, em voz plena e sem gritar, todas as notas no seu tempo, revelando um extraordinário compasso. O acompanhamento na primeira gravação de 1954 é de Jaime Santos (guitarra portuguesa) e Santos Moreira (viola). No ano seguinte Amália volta aos Angel Studios acompanhada por Domingos Camarinha (guitarra) e, novamente, Santos Moreira.
A primeira gravação resultou no LP "Amália sings Fados from Portugal, Flamenco from Spain", e Amália canta já uma versão bilingue (inglês e português) de "Coimbra", o "Fado da Saudade", "Uma casa portuguesa", "Lisboa não sejas francesa", e os flamencos, sem traição do sotaque, "Tani", "No me tires indiré", "Dice cascabeles" e a Zambra do Sacro-Monte, "Lé ré lé".
O final de "Coimbra" é fabuloso sem hesitações nem excessos, a pasagem do português para o inglês é feita sem soberssaltos ou hesitações; grande à vontade no "Lisboa não sejas francesa" e "Uma casa portuguesa", nenhum deles de sua criação, mas que se tornariam para todo o sempre seus.
É porém um deleite para os ouvidos do século XXI esta impecável edição em CD da Amália na força plena de voz e capacidade interpretiva, com todas as sílabas ditas e as "voltinhas" que só ela sabia dar e fazernos impressionar (oiça-se o Fado Modesto), não há mais fadista (!). E, extraordinariamente arrepiamo-nos igualmente ao escutar os temas mexicanos que julgamos de uma mexicana tratar-se, mas a criatividade é tão única que imediatamente percepcionamos que se trata da grande Amália. Só ela era capaz de dar aquele acento grave em "Falalste C..." ou o desalento sentido em "Por un amor".
O "arrozoado" de "Lé Ré Lé" é absolutamente granadino e segue num perfeito ziguezague "gitano" noutros temas espanhóis, sem arabismos desnecessários, ou falsetes, toda melodia e entrega absoluta de voz e emoção. Bem vindo este CD que nos permite ouvir a Amália em perfeitas condições, na idade das "meninas" de agora, e perceber a diferença: o que é entrega e autenticidade e o que não passa de "pastiche". Parabéns à CNM e viva Amália.
fonte ~ hardmusica

12 de setembro de 2009

Sete Sois Orkestra : Barco Negro

De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]

Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:

São loucas! São loucas!

Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis]

No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

Caco Velho / David-Mourão Ferreira

Megafone: novo programa da Rádio Universitária do Algarve

A RUA FM vai estrear no final de Setembro o novo programa radiofónico “MEGAFONE”, a emitir todos sábados entre as 6 e as 7 da tarde. O MEGAFONE será transmitido em directo e ao vivo a partir do café concerto “ Espaço C ”, no Teatro Municipal de Faro, e apostará na divulgação de projectos culturais / novas bandas.

O programa, com duração máxima de uma hora, terá um formato de showcase onde as músicas serão intercaladas por conversa com o jornalista. O objectivo é divulgar ao máximo os projectos convidados, quer para a audiência no local, quer para o vasto auditório da Rádio Universitária do Algarve.

No caso de bandas que venham ao Algarve actuar num sábado à noite, o MEGAFONE não só fará a divulgação do projecto, mas divulgará igualmente o espectáculo dessa noite.

O MEGAFONE possibilita ainda que a banda disponibilize CDs para venda ao público presente ficando a mesma (se a banda o desejar) a cargo dos funcionários do Espaço C (sem qualquer despesa ou encargos para a banda).

A programação do MEGAFONE é apresentada no dia 1 de cada mês. Assim sendo cada actuação terá que ser planeada atempadamente.

O MEGAFONE é apresentado e produzido por Eugénio Paulo, Leila Leiras e Carlos Norton.

Se tiverem projectos que achem propositados para o MEGAFONE, contactar: carlosbnorton@yahoo.com

11 de setembro de 2009

Olive Tree Dance : Bezouro

OuTonalidades 2009 reforça intercâmbio luso-galaico

Este ano, o OuTonalidades será apresentado em dupla conferência de imprensa, a 21 de Setembro em Lisboa e a 23 em Santiago de Compostela. Poucos dias antes, dia 16, o evento terá sido apresentado como exemplo de boas práticas no congresso espanhol das salas de música ao vivo, em Vic, na Catalunha. O circuito português de música ao vivo já vai para a 13ª edição e é uma proposta única para o próximo Outono cultural.Quando, a 24 de Setembro, arrancar o roteiro de 74 concertos desta 13º edição do OuTonalidades, um mapa imaginário unirá os 24 espaços de música ao vivo que compõem esta grande rede que se estende de Ferrol, no topo norte da Galiza, até Tavira, em plena costa algarvia. A relação transfronteiriça com a Galiza desde 2008, fruto do convénio entre d’Orfeu e AGADIC, veio apurar o modelo do evento coordenado, sempre em franca expansão geográfica, pela associação aguedense.

Um grande evento dedicado ao pequeno formato: assim se entende o OuTonalidades, cada vez mais. Pelas novas oportunidades de circulação que proporciona a dezenas de pequenos grupos e artistas. E pela inigualável bolsa de programação de que beneficia o nicho cultural de espaços de música ao vivo, bares associativos e cafés-concerto que constitui, a cada edição, a rede do OuTonalidades.

Este ano, inscreveram-se 217 grupos portugueses e galegos, dos quais, numa 1ª fase, foram pré-seleccionados 95. Após um longo processo de programação, em função das preferências dos espaços parceiros, o cartaz de 2009 apresenta um total de 33 grupos que farão os 74 concertos do circuito. Em 2009, o evento cresce em número de espaços, de grupos e de concertos programados, tanto em Portugal como na Galiza. A cooperação iniciada em 2008 entre o OuTonalidades e a Rede Galega de Música ao Vivo, circuitos congéneres dos dois lados da fronteira, proporciona agora a presença de 7 grupos portugueses na Galiza e 11 grupos galegos em Portugal, num total de 47 concertos em regime de intercâmbio.

De 24 de Setembro a 19 de Dezembro, durante 13 fins-de-semana, o cartaz vai do jazz ao tradicional, do rock ao fado, do ska aos blues, do experimental às músicas do mundo. A festa e a diversidade são marcas distintivas das programações do OuTonalidades, evento rotativo de música ao vivo que começou por ser, há treze anos, um pequeno circuito local de bares em Águeda, cidade que continua a ser epicentro do circuito agora luso-galaico.

Tudo sobre o 13º OuTonalidades online:
http://www.myspace.com/outonalidades
http://www.issuu.com/dorfeu/docs/libreto_outonalidades09

9 de setembro de 2009

Dazkarieh : Borda d'Água [Hemisférios, 2009]

Raiç: novo disco de Roberto Leal

Depois de ter editado em 2007 o álbum “Canto da Terra” onde aprofunda as suas raízes mirandesas, Roberto Leal volta a editar um disco voltando a ter como pano de fundo Trás-os-Montes e mais algumas músicas de raiz popular com arranjos de requintado bom gosto.

Apesar de em “Raiç | Raiz” não contar desta vez com a prestação dos Galandum Galundaina, Ricardo Dias (Brigada Victor Jara, Cristina Branco) volta a estar à frente da direcção artística e produção musical. A Roberto e Ricardo junta-se uma constelação de estrelas da música popular portuguesa: Amadeu Magalhães, Manuel Rocha, Quiné, Rui Júnior, Tocá Rufar, António Pinto, Didi e parte dos Roncos do Diabo. Em “Raiç | Raiz” voltamos a escutar Roberto Leal a cantar em língua mirandesa algumas modas como “Cirigoça”, “La Lhoba Parda”, “Tiengo Giriboilas”, “Redondo”, “Tengo Giriboilas”, além de versões de “Que Amor Não Me Engana” e “Moda do Entrudo” que José Afonso escreveu (a primeira) e popularizou (a segunda).

“Raiç | Raíz” é editado amanhã, dia 10 de Setembro. Hoje, é possível ouvir o repertório dos dois últimos discos de Roberto Leal ao vivo no Cabaret Maxime, em Lisboa, a partir das 22h.

4 de setembro de 2009

Danças Ocultas : Esse olhar [Pulsar, 2004]

Fernando Girão desvenda o seu "Fado Negro"

Viver não é só o que vemos na camada exterior, o que está no interior é muito mais importante e verdadeiro, ser artista é coisa de Deus.

Estas palavras pertencem a Fernando Girão, ou devemos dizer Very Nice , nome artístico como muitos ainda o recordam. Não importa a maneira como o tratamos, importa o artista que é. Fernando Girão é um homem profundamente místico, herança que provavelmente lhe foi transmitida pelas suas raízes brasileiras.

Nascido em São Paulo, é brasileiro de nascença e português de adopção, mas no fundo ele é uma mistura de muitas raças, crenças e culturas. Fernando Girão é um homem do mundo. As várias influências adivinham-se na sua obra. Do Brasil tem a alegria e musicalidade de um povo onde a música brota mesmo nas condições mais adversas, de Portugal transporta um sentimento único a que chamamos saudade, de África os ritmos profundos dos batuques tribais, da América os lamentos belíssimos dos espirituais negros do sul dos Estados Unidos e o jazz tão característicos das velhas ruas de Nova Orleães. A sua voz e capacidade de improvisação transmitem-nos todas estas nuances, numa mistura de estilos que o tornam único.

Após 7 anos de ausência, período em que pouco ouvimos ou soubemos dele e que lhe serviu de introspecção fazendo-o repensar a sua vida, Fernando Girão decide recarregar baterias, e mais uma vez parte para outras terras, para ir beber às raízes que sempre lhe alimentaram o espírito. Passa pelo Brasil, Marrocos, Moçambique, Angola e Açores , actua como convidado em inúmeros espectáculos de outros artistas seus companheiros e regressa com muitos projectos na bagagem à espera de verem a luz do dia, pronto para uma nova etapa na sua vida.

Em 2009 decide finalmente editar um novo disco de originais Fado Negro (com letras e músicas suas) , este disco devolve-nos um Fernando Girão mais maduro mais sofrido, mais intimista e profundamente místico. Fado Negro é um excelente trabalho que nos transmite não só a portugalidade que mora em cada um de nós, como nos leva às paisagens longínquas que ele tão bem conhece.

Fado Negro é editado pela Numérica e tem data de saída marcada para 7 de Setembro.

1 de setembro de 2009

Fadomorse : Matraquilhos dos Pobres

RAIÇ é o novo CD de Roberto Leal

Com edição prevista para o próximo dia 10 RAIÇ | RAÍZ é um disco de música tradicional portuguesa.

Após uma intensiva busca na escolha de repertório, Roberto Leal gravou um lote de 13 temas onde se encontram alguns cantados em dialecto mirandês.

RAIÇ | RAÍZ é um disco coeso e diversificado, um encontro bem sucedido do artista com as suas raízes transmontanas, que merece uma audição atenta.

Roberto Leal nasceu em Vale da Porca, Trás os Montes, ams aos onze anos de idade, em 1962, emigrou para o Brasil, juntamente com os pais e dez irmãos.

Em São Paulo, após trabalhar como sapateiro e vendedor de doces, iniciou sua carreira de cantor de fados e músicas românticas.
Graças ao sucesso alcançado na década de 1970, apresenta-se como um embaixador da cultura portuguesa no Brasil.

Ficou célebre o seu refrão "ai cachopa, se tu queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita", após aparição no Programa do Chacrinha.
Vendeu milhares de discos, fazia sucesso nos programas de auditório e por muitos, era considerado muito simpático.

Roberto Leal é frequentemente citado pela imprensa e por pesquisas como o mais conhecido português no Brasil, acima de nomes como Mário Soares, José Saramago, Fernando Pessoa e possivelmente até mesmo Pedro Álvares Cabral. Com seu jeito educado e carismático, leva mensagens de fé a milhões de pessoas em todos os países de língua portuguesa e também tem espectáculos em paises onde existam emigrantes portugueses.

Costuma gravar músicas com mistura de ritmos lusos e brasileiros, tornando-se um cantor popular para uns e criticado por outros.

Já gravou Cds com ritmo de forró, românticas e quase todo o seu repertório é composto com temas da sua autoria, em parceria com sua esposa Márcia Lúcia, companheira e mãe de seus 3 filhos brasileiros.

Lançou no ano de 2007 o CD Canto da Terra, que contém algumas músicas em mirandês, para divulgar a segunda língua oficial de Portugal.

Já vendeu mais de dezessete milhões de discos e tem mais de trezentas canções gravadas.
Chegou a participar de um filme sobre sua própria vida, chamado: "O Milagre" e que bateu recordes de bilheteira.

fonte ~ hardmusica