29 de julho de 2008

Morreu fadista Adelina Ramos, 82 anos

A fadista Adelina Ramos, 82 anos, que foi proprietária do restaurante típico "A Tipóia", faleceu no passado sábado 26 de Julho, na Casa do Artista, informou hoje a Associação Portuguesa dos Amigos do Fado (APAF).

Na mesma nota, a APAF "lamenta o facto do falecimento de tão insigne figura não ter sido divulgado por aquela instituição".

Fonte da Casa do Artista confirmou hoje à Lusa que Adelina Ramos faleceu sábado, tendo sido realizado o funeral segunda-feira da Igreja de São João de Brito para o cemitério do Alto de S. João.

A fadista foi a criadora de "Não passes com ela à minha rua", que Fernanda Maria popularizou décadas mais tarde, e do êxito "Ouvi cantar o Ginguinhas".

"Como fadista tinha um estilo peculiar, que congregava uma legião de fãs. Além de Ginguinhas, outro fado muito apreciado era o da Agualva", disse à Lusa o poeta José Luís Gordo.

José Luís Gordo realçou que a sua casa de fados, A Tipóia, "era na década de 1960 uma das mais requisitadas, por onde passaram vários nomes e aonde se ia pelo convívio".

Teresa Tarouca, José Ferreira Rosa, Casimiro Ramos, Carlos Ramos, Francisco Stofel, Maria da Fé, Manuel de Almeida são alguns dos fadistas que cantaram n`A Tipóia.

"Na década de 1960, até antes, foi um espaço de referência do fado e de tertúlia de poeta. Nos inícios da década de 1970, era um espaço onde pontuava o poeta José Carlos Ary dos Santos", ", assinalou o estudioso de fado Vítor Duarte Marceneiro.

Na década de 1970, "todas as noites como que em romaria ia lá, com o meu avô, Alfredo Marceneiro, que gostava de ouvir declamar o Ary e apreciava aquele espírito de tertúlia, pois passava por lá toda a gente de Lisboa, como dizíamos na época", recordou ainda.

fonte ~ RTP/Lusa

Fadista Fernanda Baptista morre aos 89 anos

A fadista e actriz Fernanda Baptista, de 89 anos, criadora de êxitos como "Fado da carta", faleceu no dia 25 de Julho ao princípio da madrugada, no hospital de Cascais, onde se encontrava internada, disse à Lusa um familiar.

Além do "Fado da carta" (João Nobre/Amadeu do Vale) a fadista criou vários outros êxitos e foi primeira figura de várias operetas e revistas, entre elas, "Chuva de mulheres" e "Fonte luminosa".

A sua estreia na revista deu-se em 1945, em "Banhos de sol", a convite do compositor e maestro João Nobre, mas já anteriormente integrara o cartaz do Café Luso, a convite de Filipe Pinto, no início da década de 1940.

O êxito alcançado levou-a a deixar a profissão de costureira que exercia.

"Saudades de Júlia Mendes", "Fui ao baile", "Trapeiras de Lisboa", "Pedrinha da rua", "Fado toureiro" ou "Fado das sombras" foram alguns dos seus êxitos.

A sua última presença em palco foi no musical "Canção de Lisboa" de Filipe la Féria, em 2005.

A fadista foi alvo de várias homenagens, nomeadamente da Associação Portuguesa dos Amigos do Fado, da Câmara de Lisboa e, em 2003, foi condecorada com a Ordem de Mérito pelo Presidente da República, Jorge Sampaio.

Ao longo de mais de 65 anos de carreira artística, a fadista e actriz actuou em cerca de 50 revistas e operetas, gravou centenas de discos e realizou várias digressões, tendo actuado nos Estados Unidos, Brasil, Argentina e Angola.
fonte ~ portal do fado

não voltes nunca

Parceria Valentim de Carvalho/IPlay lança coleccção de CD "O melhor de..."

A parceria Iplay e Valentim de Carvalho lançou no mercado uma nova série de CD, "O melhor de", que recupera êxitos da música portuguesa de nomes como Carlos Ramos, Hermínia Silva, Maria Clara ou Alberto Ribeiro.

"Esta colecção tem mais informação. Há uma melhoria de textos específicos, em português e inglês, sobre cada artista, as letras de cada canção e fado. É uma edição mais cuidada. Todavia, esta colecção não pretende substituir a colecção lançada há uns anos pela EMI Music, mas sim uma outra, a colecção Caravela", explicou à Lusa o director geral da Iplay, José Serrão.

Editados estão Hermínia Silva, Alberto Ribeiro, Frei Hermano da Câmara, Maria de Fátima Bravo, Tony de Matos, Carlos Zel, Beatriz da Conceição, Fernando Farinha, Carlos Ramos, Lucília do Carmo e Maria Clara.

Segundo Serrão, "a maioria dos temas escolhidos provêm da Valentim de Carvalho, havendo casos pontuais em que se recorreu a outras editoras".

Um desses casos pontuais é o de Carlos Zel, falecido há seis anos e de quem se escolheu, entre outros, "Restos de uma saudade" (Francisco Stofel/Carlos Manuel Lima), "Disseste que me deixavas" (Mário Martins/José Lopes) e "Neste rio vou morrer" (Alfredo Duarte/António Fontes).

A colecção integra nomes já desaparecidos como Zel ou Carlos Ramos, outros que deixaram de cantar, caso de Maria de Fátima Bravo, ou outros ainda no activo, como Beatriz da Conceição ou Frei Hermano da Câmara, que decidiu este ano regressar aos palcos.

Serrão afirmou à Lusa que o mercado está receptivo aos êxitos de outrora, "que são aliás de sempre".

"Há um certo saudosismo e temos um quadro de artistas cujos nomes, em termos discográficos, estavam desaparecidos há muito tempo", assinalou.

Todos os CD incluem 20 temas, entre eles os mais significativos da carreira de cada artista.

Assim, o CD de Fátima Bravo inclui o emblemático "Vocês sabem lá" (Carlos Sousa/Jerónimo Bragança) e o de Carlos Ramos "Não venhas tarde" (Aníbal Nazaré/João Nobre).

O CD de Alberto Ribeiro, falecido em 2000, integra a sua criação "Coimbra" (José Galhardo/Raul Ferrão), mas também os popularíssimos "Marco de Correio" (Amadeu do Vale/Alberto Ribeiro) e "Fado Hilário" (Gabriel de Oliveira/Augusto Hilário Alves).

"O melhor de Beatriz da Conceição" regista essencialmente êxitos saídos do teatro de revista nas décadas de 1960 e 1970, designadamente "Sou um fado desta idade" (Ferrer Trindade/Rogério Bracinha), "Lisboa da cor da ponte" (F. Trindade/César Oliveira/R. Bracinha), "Mini fado" (F. Trindade/C. Oliveira) ou "Santo António detective" (Artur Varatojo/Carlos Dias).

Entre os 20 temas de Hermínia Silva, outra vedeta do teatro da revista nas décadas de 1940 a 1980, o CD inclui o muito aplaudido "Gonçalo Velho" (Amadeu Santos/Raul Ferrão).

Do CD da fadista constam também "Fado da sina" (A. Santos/Jaime Mendes), e as sátiras a "Vou dar de beber à dor", de Amália Rodrigues, e ao "Fado falado", de João Villaret, respectivamente "Vou dar de beber à alegria" e "Fado mal falado".

No mercado estão já 11 títulos, projectando-se a saída, em breve, de outros seis, "sendo o previsto saírem seis títulos de três em três meses", disse José Serrão.

António Mourão, Maria José Valério, João Ferreira Rosa, José Cid, Alfredo Marceneiro e Maria Teresa de Noronha são aos próximos a serem editados, indicou Serrão.

Vítor Duarte Marceneiro, que este ano recebeu o Prémio Amália Rodrigues de Ensaio e Investigação, afirmou à Lusa que "tudo o que seja relembrar figuras antigas é bem-vindo".

O investigador espera que, "para além da edição discográfica, propriamente dita, esta seja uma hipótese de se reflectir sobre a época, se reconheça a qualidade dos poemas e também a qualidade musical".

"Há coisas de muita qualidade que estão esquecidas, e aprende-se sempre com quem chegou antes de nós e fez bom trabalho", frisou Vítor Duarte Marceneiro.

Por outro, lado, disse ainda, este "é um instrumento utilíssimo para quem investiga e procura saber mais na área da música ligeira portuguesa".

fonte ~ RTP/Lusa

Maria Teresa de Noronha
cotovia