30 de novembro de 2009

Contexto e Significado: 15 anos d'Orfeu

Ainda não se cumpriram, mas já vamos antecipando a festa.
Porque serão 15 anos de constante e intensa actividade cultural, tendo Águeda por epicentro, para todo o país e estrangeiro.
Até lá, fica uma pequenina espreitadela ao vídeo documental que Tiago Pereira está a realizar sobre o "Contexto e Significado" da d'Orfeu Associação Cultural.

29 de novembro de 2009

[1 em 2] Cavalo à solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

José Carlos Ary dos Santos / Fernando Tordo

Fernando Tordo [Cavalo À Solta/Aconteceu na Primavera (Single), 1971]


Viviane [Rua da Saudade, 2009]

Mafalda Arnauth | Flor de Fado

Flor de Fado
Mafalda Arnauth

Magic Music, 2008


Falar sobre a renovação do Fado passa, obrigatoriamente, pelo percurso musical que Mafalda Arnauth tem traçado ao longo da sua discografia, caracterizada por uma sonoridade muito própria e distintiva, sem receios de fugir ao purismo e de se encontrar com outras estéticas musicais. Por isso, e seguindo uma linha de continuidade, "Flor de Fado" não soa a contraste e é a confirmação da universalidade da fadista, ao revelar-se neste disco em diversos estilos. Desde a canção ligeira, em "Flor de verde pinho", atè à música popular brasileira, no dueto "Entre a voz e o oceano" com Olivia Byington, passando por um folclorismo mais tradicional de "Quem me desata" (fado alfacinha) ou até mesmo "Tinta verde", um dos temas mais populares de Vitorino.
Paralelamente, outro sinal de renovação é o realçar de novos instrumentos solistas, nomeadamente o piano e a guitarra acústica, em detrimento do habitual papel de destaque da guitarra portuguesa, como é o caso de "Amor abre a janela" e "O mar fala de ti", ambos poemas de Tiago Torres da Silva e dois dos momentos mais belos do disco.
Certamente que este é o trabalho mais pessoal de Arnauth, que assina grande parte dos poemas e composições, confessando-nos o seu lado mais intimo, despido de pudores, entre desabafos de amor, anseios, quereres e desalentos, que fluem através duma interpretação intensa e envolta de muita beleza, à qual não é possível ficar indiferente. Mafalda Arnauth transmite, assim, a essência de ser fadista: sentir e fazer sentir.

Alinhamento:
  1. Amor abre a janela
  2. Porque é feito de alegria
  3. Entre a voz e o oceano
  4. O mar fala de ti
  5. Povo que lavas no rio
  6. Quanto mais amor
  7. De tanto querer (fado vitória)
  8. Flor de verde pinho
  9. Porque eu não sei mentir
  10. Ir contigo
  11. Tinta verde
  12. Agarrada ao chão
  13. Quem me desata
  14. Por querer bem
  15. Na cor do nosso sorriso
Produção de Mafalda Arnauth.
Gravado e misturado por Fernando Nunes nos estúdios "O pé de vento" em Janeiro e Março de 2008.
Edição e masterização por Fernando Nunes e Luís Pontes nos estúdios "O pé de vento".
Voz: Mafalda Arnauth; Guitarra acústica: Luís Pontes, Ramón Maschio; Guitarra portuguesa: Ângelo Freire; Baixo acústico: Fernando Júdice; Contrabaixo: Luís Pontes; Piano: Ernesto Leite; Violoncelo: Davide Zaccaria; Shaker: Ramón Maschio
Fotografia: Kenton Thatcher; Design: Luís Carlos Amaro

27 de novembro de 2009

"Vira dos Malmequeres" em exclusivo

Katia Guerreiro regressa à edição discográfica, apresentando "Os Fados do Fado", que estará disponível nas lojas a partir do dia 10 de Dezembro.
Até lá, e para reforçar a ânsia da espera e o momento da descoberta, no blog oficial da fadista já se pode ouvir "Vira dos Malmequeres", o primeiro tema deste seu novo trabalho.

26 de novembro de 2009

Galandum Galundaina : Fraile cornudo

'The Times' elege 'Fado Curvo' como um dos discos da década


Segundo álbum da cantora portuguesa foi considerado o sexto melhor disco de 'world music' dos anos zero pelo jornal britânico. Em primeiro lugar ficou 'The Radio Tisdas Sessions' dos Tinariwen. Distinção vem confirmar a boa aceitação da mais importante fadista portuguesa da última década no mercado internacional

Em época de balanços de fim de década, é difícil ignorar um nome: Mariza. Sabia-se que os discos da voz que ajudou a definir o som dos anos zero portugueses iam figurar nas listagens nacionais dos melhores da década, mas o reconhecimento internacional pode surpreender alguns. Ontem, o jornal britânico The Times elegeu Fado Curvo como o sexto melhor álbum de world music dos últimos dez anos, em lista liderada por The Radio Tisdas Sessions dos Tinariwen. No jazz vencem os EST, com Live in Hamburg, na pop, Kid A, dos Radiohead, e na clássica, Doctor Atomic Symphony, de John Adams.

A distinção apanhou Mariza de surpresa. Ao telefone com o DN, que lhe deu a notícia em primeira mão pelas 16.00 de ontem, antes de entrar no Programa do Jô, da Globo, a fadista revelou ter ficado "surpresa e muito feliz" com esta distinção. "É um dos meus discos mais sérios, mesmo em termos poéticos. Gravei-o a seguir ao Fado em Mim, e acho que é mais duro e menos aberto", diz. "E é bom ver a música portuguesa reconhecida no estrangeiro".

No entanto, este reconhecimento não é nada de novo, principalmente em Inglaterra. Assim que se estreou em disco, no princípio da década, a fadista recolheu uma série de louvores, nacionais e internacionais, foi comparada a Amália, deu a volta ao mundo em digressão, recebeu um prémio de world music promovido pela BBC Radio 3. De então para cá, não tem parado de somar prémios e elogios.

Como se explica então este sucesso? De acordo com o The Times, a cantora é incontornável porque "pegou numa sonoridade antiga e desacreditada - neste caso o fado, os blues de Portugal - e tornou-a contemporânea e sexy, vendendo-a a um público que até então a tinha ignorado". O jornal declara ainda que "uma participação no [programa de televisão] Later With Jools Holland foi o suficiente para se tornar uma estrela".

A justificação pode ser discutível, mas é impossível negar a importância de Mariza no actual panorama musical português. Até porque, cinco discos, incluindo um registo ao vivo, e múltiplas platinas depois de se ter estreado com Fado em Mim, a cantora é hoje uma referência internacional.

fonte ~ dn

[1 em 2] Fado loucura

Sou do fado
Como sei
Vivo um poema cantado
De um fado que eu inventei
A falar
Não posso dar-me
Mas ponho a alma a cantar
E as almas sabem escutar-me
Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou
E se vocês não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou
Nesta voz tão dolorida
É culpa de todos vós
Poetas da minha vida
A loucura, ouço dizer
Mas bendita esta loucura de cantar e sofrer
Chorai, chorai
Poetas do meu país
Troncos da mesma raíz
Da vida que nos juntou
E se vocês não estivessem a meu lado
Então não havia fado
Nem fadistas como eu sou

Júlio de Sousa

Carlos Zel


Mariza

Adega Machado encerra

Amália Rodrigues cantou lá várias vezes e era cliente habitual, Mariza (na foto) pisou o palco quando ainda era criança. No entanto, ao fim de 72 anos de portas abertas, o fado da Adega Machado, situada no Bairro Alto, em Lisboa, deixou de se escutar no domingo.

A gerência da sala de espectáculos assume estar "atolada em dívidas" e, na sequência do fecho, há 28 pessoas no desemprego, dos quais quatro são fadistas, dois guitarristas e seis integram um grupo de folclore em regime de colaboração.

"Não vai voltar a abrir. As dívidas foram-se acumulando desde 2001. A minha vida foi destruída ali dentro", disse ao CM, com mágoa, o actual gerente, Filipe Machado. Na lista das facturas em falta estão pagamentos a fornecedores, IVA e contribuições à Segurança Social.

Quem não se conforma com a situação são os ex-funcionários da casa de espectáculos, fundada em 1937 pelos artistas Armando e Maria de Lourdes Machado, que dizem ter "casa cheia" aos fins-de--semana. A fadista Ana Carvalho reconhece que já houve crises, mas até agora passageiras: "Durante estes meses foi das casas de fado que melhor trabalhou. O que houve foi má gerência. Andamos todos num desespero", lamentou-se ao CM.

fonte ~ correio da manhã

21 de novembro de 2009

Musifesto: convite a todos os músicos

Por favor envie o seu ficheiro áudio para musifesto@gmail.com ou faça upload num servidor de file hosting e envie o link para este mail.

20 de novembro de 2009

Era uma vez na Galiza [José Afonso, Agosto 1979]

Era uma vez na Galiza, anos oitenta.
Um concerto de José Afonso em Cangas de Morrazo (perto de Vigo) num velho teatro municipal. Acompanhava-o eu, Henri Tabot e Guilherme Inês.
Chegados à hora do espectáculo, deparámo-nos com um público, a meio da plateia, de seis pessoas! A minha reacção (suponho que a dos meus colegas) foi a de não tocar. E o Zeca disse não!
Tocados os 17 ou 18 temas ensaiados pelo grupo, José Afonso pegou na viola e sozinho, tocou cantando mais oito temas entre os quais "Catarina" - a primeira vez que o ouvi cantar assim. Estranho. As seis pessoas de pé aplaudiram incansavelmente José Afonso e durante muito tempo. Como se a sala estivesse cheia. Só mais tarde percebi que o Zeca, nesse dia, tinha deixado seis amigos na Galiza.
Júlio Pereira (Músico e amigo do Zeca)

Tucanas : Ma Mazurka [Maria Café, 2009]

Karrossel

Mais uma volta, mais um baile... Mais uma viagem ao mundo das danças tradicionais ao som de Karrossel, uma nova formação do Porto, que integra músicos dos MU, PÉ NA TERRA, UXTE e acompanhados por Diana Azevedo (MU/POPOLOMONDO), quem ensinará os mais diversos passos de dança, como o Vira do Minho, o Fado Batido ou a Troika da Rússia.
Partindo da pesquisa e recolha, Karrossel propõe uma viagem global pela música e dança tradicional europeia, essencialmente portuguesa, que gradualmente vai ganhando mais projecção no "movimento tradball" nacional.

17 de novembro de 2009

16 de novembro de 2009

José Afonso: As voltas de um andarilho

Uma "reportagem biográfica" é como o ex-jornalista Viriato Teles classifica o seu livro "As voltas de um andarilho - Fragmentos da vida e obra de José Afonso", com lançamento terça-feira na Biblioteca-Museu República e Resistência, Lisboa.

"Este livro, tal como um primeiro esboço realizado em 1983 e a edição de 1999, não é, nem pretende ser, uma biografia de Zeca Afonso", disse Viriato Teles à agência Lusa, qualificando-o antes como uma "reportagem biográfica" que reúne "fragmentos da vida e obra" do cantautor, como indica o subtítulo, acrescentando tratar-se de uma edição revista e actualizada da publicada em 1999.

Para Viriato Teles, a edição que vai agora para as bancas é "apenas um pequeno contributo para que a memória de José Afonso não se apague", embora lhe pareça que o o músico "está hoje mais vivo do que nunca, incluindo junto dos mais jovens, que se identificam cada vez mais com a obra" do autor de "Baladas de Coimbra", "Coro dos Caídos" ou de "Cantares de Andarilho".

Prova disso é a quantidade de versões de canções do autor que têm sido publicadas depois da morte de José Afonso,e que atingiram um pico bastante elevado em 2007, ano do 20.º aniversário da sua morte, quando saíram "sete ou oito discos" dedicados à obra do compositor, sustenta.

"A obra do Zeca mantém-se viva, não apenas pela universalidade da música, como pela modernidade e actualidade das letras. Afinal de contas o "Menino do Bairro Negro" e "Os vampiros" continuam actuais e andam por aí, assim como continuam actuais todos os pressupostos cantados pelo Zeca", justifica.

Viriato Teles fundamenta a obra agora editada com o facto de este ano se assinalar o 80.º aniversário do nascimento de José Afonso, razão por que considerou oportuno actualizar a edição de 1999, há muito esgotada, "corrigindo e actualizando o que era necessário", incluindo a publicação de uma "listagem tão exaustiva quanto possível de toda a discografia do Zeca, e novas fotografias, algumas das quais inéditas".

Entre os dados que se mantêm da edição de 1999 conta-se o prefácio de Sérgio Gódinho, em que o músico considera José Afonso "um génio".

Uma listagem da discografia que contabiliza temas de José Afonso em mais de 200 discos (à data da escrita do livro, que só inclui discos dos quais houvesse no mínimo duas referências e que já está desactualizada, já que desde que a obra foi para a tipografia mais temas de José Afonso surgiram noutros trabalhos discográficos, observa.

José Afonso nasceu em Aveiro a 02 de Agosto de 1929 e morreu em Setúbal na madrugada de 23 de Fevereiro de 1987.

fonte ~ dn

João Afonso e João Lucas : A Presença das Formigas [Um Redondo Vocábulo, 2009]

A presença das formigas
Nesta oficina caseira
A regra de três composta
Às tantas da madrugada
Maria que eu tanto prezo
E por modéstia me ama
A longa noite de insónia
Às voltas na mesma cama
Liberdade liberdade
Quem disse que era mentira
Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida

José Afonso

Duarte apresenta novo álbum

O fadista afirmou que o álbum, constituído por 13 temas, "é para se ir ouvindo e ir percebendo, pois está carregado de simbolismos". Os poemas escolhidos, maioritariamente assinados pelo fadista, são os que lhe "apetecia cantar".
O fadista que foi um dos convidados da noite celebrativa dos 50 anos de carreira de Maria da Fé subiu ao palco do Coliseu com uma nova imagem, mais solta e liberta, mas sempre cantar muito bem e é seguramente um dos mais seguros valores fadistas no futuro.
À Lusa Duarte afirmou: "O disco começou a ser pensado como quem pensa uma exposição de quadros, quadros muito vivenciais e intimistas que falam de coisas que toda a gente pode viver ou já viveu, daí o título: 'Aquelas coisas da gente'".
As seis letras de Duarte são para melodias tradicionais fadistas como o fado menor ("Fado Novembro"), fado Franklin de sextilhas ("Fim da Primavera"), fado Alberto ("Eu sei que foste eterna numa hora"), fado Carriche ("Aquelas coisas da gente"), fado das horas ("Cá dentro") e fado cigano ("És luto e melancolia").
O fadista afirmou que quando começou, em 2004, nos circuitos do fado em Lisboa, tinha já feito "uma investigação quer sobre algumas melodias tradicionais e como se relacionam com algumas letras e até sobre certas letras".
Duarte assina ainda a música e letra de dois temas, "Terra da melancolia" e "Évora doce", além de recriar uma canção de Jorge Palma, "Lado errado da noite", e cantar um tema em grego e português, "Cigarro_To tsigaro", de Eleni Zioga e Evanthia Rempoutsika.
O cantor é ainda o autor de uma composção para uma letra de Teresa Font, "Mistérios de Lisboa", que é a banda sonora do documentário homeónimo de José Fonseca e Costa.
"Estas são histórias que fazia sentido contar. Claro que há também uma relação intra-psíquica, de mim para mim mesmo", afirmou.
Referindo-se à sua faceta de letrista, Duarte afirmou: "Desde pequeno gosto desta coisa das palavras, que eu faço letras e não poemas".
Em termos musicais Duarte afirmou à Lusa que o seu caminho "passa por outras coisas além do fado tradicional", mas salientou que "é dele que deriva tudo".
"Há que respeitar o legado tradicional, e inovar só numa contextualização, além do mais mesmo nos temas menos fadistas, o ambiente musical é o mesmo", referiu.
Neste cuidado musical Duarte sublinhou "o empenho, talento e sabedoria" de Carlos Manuel Proença, que produziu o álbum editado pela JBJ.
Duarte é acompanhado neste álbum por José Manuel Neto e Bernardo Couto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola, Daniel Pinto no baixo acústico, Quim Correia no baixo eléctrico e percussões e Luís Clode e Luís Cunha no violoncelo.
Editado finalmente, o CD que estava pronto desde Outubro do ano passado, Duarte quer saber "das coisas dos outros, se o disco faz sentido, para onde leva as pessoas".
"A minha entrega está feita, mas não quero ficar fechado em mim e quero saber em que é que este disco diz aos outros, os faz crescer".
"A nossa formação como pessoas é cada vez mais importante e seremos tão melhores artistas quanto melhores pessoas formos, e isso torna o nosso trabalho mais valioso", sentenciou.
fonte ~ hardmusica

14 de novembro de 2009

Madredeus : A vaca de fogo [Os dias da Madredeus, 1987]

À porta
daquela igreja
vai um grande corropio
À volta
duma coisa velha
reina grande confusão
Os putos
já fogem dela
deita o fogo a rebentar
soltaram
uma vaca em chamas
com um homem a guiar

São voltas
Ai amor são voltas
sete voltas
são as voltas da maralha
Ai são voltas
Ai amor são voltas
são as voltas
são as voltas da canalha

No largo
daquela igreja
vive o ser tradicional
à volta
duma coisa velha
e não muda a condição

Pedro Ayres de Magalhães

13 de novembro de 2009

fol&ar

Quando surgiu a primeira edição do Andanças em 1996, certamente que não se imaginava a dimensão nacional que o movimento "dançarilho" foi consolidando até aos dias de hoje, acompanhado por um impulsar de novas formações musicais, especializadas num repertório para cadenciar todos os passos de dança possíveis e imaginários.
O grupo fol&ar é uma destas inspirações, que, desde 2006, se dedica à divulgação da música tradicional europeia, distinguindo-se por uma sonoridade muito própria, aliada à multiplicidade instrumental e acústica da harpa celta, contrabaixo, sanfona, banjo, violino e concertina.
Em 2008, e já com um público conquistado, este quarteto tradicional lançou o seu álbum de estreia, intitulado homonimamente, no qual é notória a sua capacidade criativa, ao apresentar exclusivamente temas de composição original, inspirados nas danças tradicionais europeias. Por isso, mais que um disco para ouvir, é uma provocação ao movimento intuitivo, que se deixa seduzir pela melodia cativante e pelo andamento da valsa, mazurca, bourrée, hanter dro, malhão e círculo circassiano. Por outro lado, esta preocupação de compôr temas inéditos revela-se como um necessário exercício de actualização da música tradicional, numa sociedade cada vez menos consciente da sua identidade própria.
O alinhamento rege-se pela diversidade e pela dinâmica instrumental, com a excepção de "Valsas e Mazurcas para quê?" e "Malhão da Graça", os únicos temas cantados que contam com a colaboração especial de Ana Lúcia Palminha. Para além de se agradecer a inclusão dum ritmo português - o malhão - algo ainda pouco usual nos bailes que se vão realizando, um destaque especial para a valsa "Carmo 3 da manhã", que é um exemplo do magnetismo musical que os instrumentos vão desprendendo, enquanto se alternam entre si, como que estabelecendo um diálogo entre avanços e recuos, fortes e pianos. No fundo, tal como uma dança, onde nos deixamos envolver pelo desejo dum encontro.

Alinhamento:
  1. tocandare (hanter dro)
  2. pólvora no olhar (círculo circassiano)
  3. valsas e mazurcas para quê? (mazurca)
  4. carmo 3 da manhã (valsa)
  5. malhão da graça (malhão)
  6. íntima insatisfação (valsa de 8 tempos)
  7. baú vermelho (bourrée)
  8. caracol da graça (mazurca)
  9. valsa do joão sem medo (valsa de 5 tempos)
  10. gatafunho (bourrée)
  11. 21 gramas (mazurca)
Gravado em Lisboa em 2008.
Produção: Nuno Gelpi e fol&ar
Misturas e Masterização: Nuno Gelpi
Ilustrações: Inês Amaro
Design: Filipa Teixeira e Inês Amaro

12 de novembro de 2009

Monte Lunai : Hassapiko Nostálgico [In Temporal, 2009]

Joana Amendoeira prepara novo álbum


A entrega do Prémio Amália Rodrigues para o Melhor Álbum, o ano passado, o mesmo ano em que saiu o “Sempre de mim” de Canané, demonstra o vigor desta fadista que se aventurou a cantar com um ensemble. O Hardmusica conversou com ela, em vésperas de editar um álbum, a sair já no próximo ano.

Hardmusica: O que representou ter recebido o Prémio Amália?
JOANA AMENDOEIRA: Foi muito especial, muito gratificante para todos os que se entregaram à produção deste disco «Joana Amendoeira & Mar Ensemble», desde a todos os músicos participantes, à parte da produção áudio e vídeo e ao investimento da agência/editora HM Música! Fico feliz com o reconhecimento do trabalho em que todos investimos de corpo e alma, sendo ainda mais especial quando esse prémio provém da Fundação da minha maior referência no Fado!

H: No último álbum recupera temas como "Canção grata" ou "Trago fados no sentidos", é importante para si ir a repertórios anteriores,"refrescá-los" e interpretar um ou outro fado?
JOANA AMENDOEIRA: A minha atitude quando canto um desses fados é a de fazer homenagens, seja aos criadores dessas músicas, assim como aos poetas ou compositores. Uma das minhas fadistas preferidas é a Teresa Silva Carvalho, que é também uma enorme compositora, do «Amar» ou da «Canção Grata», entre muitos outros, e penso que está muito esquecida ou mesmo por descobrir na nova geração de público! Na casa de fados ou nos concertos, canto muitas vezes músicas não originais, que fazem parte do meu crescimento enquanto fadista, mas tento fazê-lo dando o meu cunho próprio! Faço-o em homenagem aqueles que tanto contribuíram ou contribuem para o Fado e tanto nos inspiram!

H: Prefere trabalhar com poetas vivos casos dos consagrados Raínho e José Luís Gordo, Torres da Silva e Hélder ou ir à procura de poetas já antologiados casos de Almeida Garrett, Augusto Gil ou Pessoa?
JOANA AMENDOEIRA: É um privilégio poder trabalhar com tantos talentos da poesia do fado, como o Mário, o Zé Luís, o Hélder e o Tiago! E até mesmo o José Luís Peixoto, que não é de dentro do Fado! É claro que é muito especial sabermos que alguém escreveu um poema a pensar em nós, mas por vezes como adoro poesia e leio muito, encontro alguns poemas com que me identifico muito, de poetas eruditos, de Pessoa, a Natália Correia ou a um qualquer autor desconhecido! Portanto, gosto dos dois desafios!

H: Como chegou à poetisa Alda Lara que incluiu no seu álbum "Saudades do futuro"?
JOANA AMENDOEIRA: A descoberta da poetisa Alda Lara, foi por influência de uma grande fadista, Teresa Tarouca, que gravou o mesmo poema «Testamento», mas na música do fado menor, enquanto eu escolhi gravar no fado menor do Porto.

H: Nas digressões que faz como sente que é acolhida?
JOANA AMENDOEIRA: Há sempre um enorme respeito pela nossa música e pela nossa cultura! Temos tido recepções muito calorosas, desde os Países nórdicos, aos asiáticos e aos mais latinos, com muita emoção, apesar de muitas vezes não entenderem uma palavra do que canto! Mas mesmo não entendendo Português, as pessoas adoram o som da nossa Língua, adoram o som da Guitarra Portuguesa e de toda a intensidade de sentimentos que acontece num concerto de Fado!

H: Tenta sempre regressar a palcos ou cidades onde já actuou?
JOANA AMENDOEIRA: Por exemplo, estivemos o ano passado na Lituânia, onde fizemos alguns concertos em festivais de Verão, e este ano voltaram a convidar-me e nomearam-me a VIP Star do Festival, em Vilnius! Se formos realmente verdadeiros e dermos o máximo de nós, poderemos deixar boas marcas por onde vamos passando! Felizmente tenho repetido muitas vezes cidades e países em que já actuei, nomeadamente, em Budapeste, em Londres, em Amesterdão, entre outros locais!

H: A experiência inglesa (Royal Opera House) e no Strickly Mundial "abriu-lhe as portas" que desejava?
JOANA AMENDOEIRA: Com certeza cantar nesses locais, contribui muito para a consolidação de um percurso nesses países, mas penso que todos os palcos abrem portas! Temos que ter sempre em mente a responsabilidade perante qualquer pessoa que nos vá ver! E por vezes até surgem outras oportunidades quando menos se espera!

H: Quais são os seus próximos projectos?
JOANA AMENDOEIRA: Entre partidas e chegadas, estou a preparar o novo disco que iremos gravar a partir de Outubro e que só sairá em 2010! É um trabalho que me fascina, a descoberta de novos poemas, a chegada de novas composições…Contará com a formação de Trio de Fado, complementado com sonoridades de piano e acordeão e de violoncelo, em alguns temas!

fonte ~ hardmusica

11 de novembro de 2009

Omiri procura VJ


Omiri é um projecto que vive da dualidade antigo vs moderno.
Um músico e um vj partem das danças tradicionais e de instrumentos antigos e transformam-nos numa viagem audio-visual em que o moderno se funde com a tradição e esta se rejuvenesce, tornado-se viva e apta a ser vivida nos tempos de hoje.

O espectáculo OMIRI, explora simultâneamente duas vertentes: a criação de ambientes complexos dada pela sopreposição de camadas sonoras e visuais gravadas em tempo real e a improvisação em torno das mesmas.

A partir de Janeiro, este dueto de Vasco Casais e Tiago Pereira oferece formação em VJ, especialmente para substituir o Tiago quando ele não puder. Essa pessoa terá a responsabilidade de tratar do vídeo, fazer as ligações, montar o projector, etc... e fazer a parte criativa de vídeo em tempo real. Será remunerado mediante uma percentagem a combinar dos valores dos cachets. A maior vantagem é que participa activamente, aprende vídeo em tempo real e é criativo. O material que utilizar será do Tiago Pereira e responderá ao Tiago pelo seu trabalho!

Interessados enviar email para tiagopereira23@gmail.com

Mais sobre Omiri
http://www.vimeo.com/1124212
http://www.myspace.com/omirisound

2 de novembro de 2009

"Alma portuguesa" recupera gravações históricas da música portuguesa

"Alma portuguesa" é o título de uma colectânea que recupera algumas gravações históricas de 1952, entre as quais "Uma Casa Portuguesa" por Amália Rodrigues.

Esta colectânea inclui 3 CD's, sendo o preimiro dedicado à música popular, o segundo às canções e o terceiro ao Fado.

O CD "Fados" inclui o guitarrista Custódio Castelo, Alfredo Marceneiro, Lenita Gentil, Fernando Maurício, Maria da Fé, Rodrigo, Vicente da Câmara e Cidália Moreira.

Custódio Castelo toca o tema "Quase morna", de que é autor, a única guitarrada do CD.

Alfredo Marceneiro interpreta "Sonho dourado", um tema de Fernando Teles, cantado na melodia do fado Mouraria.

Fernando Maurício canta um tema de Júlio Vieitas "Eu quero".

De Maria da Fé é recuperado o tema "Portugal meu amor" de José Luís Gordo e José Fontes Rochas, gravado em 1976.

Nuno da Câmara Pereira surge com "Beijo alentejano" (Tiago Torres da Silva/Carlos Gonçalves), e é o único nome que se repete nesta primeira série de três discos, pois integra também o CD "Canções" com "Fragilidade" (uma adaptação de um original de Sting).

A mesma fonte salientou à Lusa que os 29 artistas escolhidos "espelham a diversidade e o potencial do catálogo" da discográfica. No próximo ano serão edtados novos volumes da colectânea "Alma Portuguesa".

fonte ~ lusa