25 de março de 2011

Em Abril, "Retoques" mil!


Colha, Recolha. Toque, Retoque. Cante, Recante.

Quando se fala de canções tradicionais costuma falar-se, muito justamente, de raízes. Mas também se pode dizer que cada canção antiga é um fruto que se pode colher directamente da árvore. Uma laranja pode comer-se assim, é só descascar e pronto. As amoras também – nem casca que se veja têm – mas, se forem a ferver e se juntar açúcar, tornam-se compota. O limão pode dar em chá e a menta também (mas esta também pode dar em pastilha elástica ou em sabor de cigarro). A maçã dá sidra, o medronho a aguardente. E as uvas, essas, podem dar mil vinhos diferentes.

Agora, imagine-se uma videira que cresceu nas encostas da Serra do Caramulo. As suas uvas podem ser de casta Castelão ou Touriga, Alfrocheiro ou Bical, Baga ou Arinto, Fernão Pires ou Tinto Cão, mas sabe-se que, dali, das castas da Bairrada estes genes ficam ainda melhores – e dão novos e excitantes sabores – se misturados com genes estranhos ou estrangeiros: Cabernet Sauvignon ou Pinot-Noir, Chardonnay ou Merlot. Ficam, assim, vinhos tradicionais embora estrangeirados, lá da terra mas com um sabor novo e diferente, a fazer justiça às velhas vinhas mas com o viço próprio de inventivos e revolucionários enxertos.

A música dos Toques do Caramulo também é assim. Em “Retoques”, o seu primeiro álbum de estúdio – que sucede a “Toques do Caramulo... é ao Vivo!” (2007) –, o grupo de Águeda vai de novo buscar as antigas canções que vieram da Serra e por eles foram apre(e)ndidos há muito – no Cancioneiro, na Orquestra Típica, junto de pais e avós – mas com tudo o que também aprenderam de outras músicas a meter-se pela tradição dentro. Não por acaso, o álbum começa com uma homenagem a Américo Fernandes (que foi maestro da Orquestra Típica de Águeda) e termina com uma remistura da “Trigueirinha” onde surge, por entre as electrónicas, a voz de David Fernandes, numa ligação, digamos umbilical, às raízes desta música. Mas também lá estão os perfumes da música africana, do jazz, do flamenco e da folk galega, do klezmer e dos Balcãs, para além da sombra assumida e tutelar de grandes cantautores nacionais como Fausto ou José Afonso, a mostrar que muitas músicas, tal como as boas castas de uvas, podem misturar-se livremente e contribuir para uma música nova. E tal como Luís Fernandes – o responsável da maior parte dos arranjos – e os seus companheiros as imaginam e nos dão, assim, a saborear.

No novo álbum, gravado no estúdio que pertence à d'Orfeu – o gravad'Or –, os Toques do Caramulo tiveram algumas preciosas ajudas: o Coro Infantil da Emtrad' participa em “Olha Para a Água”; Sara Vidal, a magnífica cantora portuguesa do grupo galego Luar na Lubre, dá voz e pandeireta galega a “O Brio das Raparigas”, “Pedrinhas da Fonte” e “Trigueirinha”; João André Lourenço toca cajón em “O Brio das Raparigas”; Abílio Liberal (tuba) em “Laranjinha”; e o arquivo d'O Cancioneiro de Águeda forneceu os samples que se ouvem em “Já Vou Chegando à Serra”, “Pedrinhas da Fonte” e “Trigueirinha Remix”. E, finalmente mas não em último lugar, Rui Oliveira foi o incansável escanção que – com tempo, sabedoria e um amor enorme – reuniu todos os sabores deste vinho novo.

“Retoques” – com selo d'Eurídice, o braço editorial da d'Orfeu – chega às lojas no início de Abril.

António Pires
fonte - comunicado de imprensa


Digressão 2011
09 Abril ACERT, Tondela
10 Abril FNAC Viseu
14 Abril Contagiarte, Porto
15 Abril FNAC Santa Catarina, Porto
15 Abril FNAC GaiaShopping, Vila Nova de Gaia
16 Abril FNAC Braga
16 Abril FNAC Guimarães
17 Abril FNAC MarShopping, Matosinhos
22 Abril FNAC Coimbra
22 Abril FNAC Leiria
23 Abril FNAC Alfragide
23 Abril FNAC Cascais
24 Abril FNAC Vasco da Gama, Lisboa
24 Abril FNAC Colombo, Lisboa
25 Abril Fórum Romeu Correia - Auditório Fernando Lopes Graça, Almada

09 Julho Festival Maia Folk, Santa Maria - Açores
23 Julho AgitÁgueda, Águeda


Os Toques do Caramulo são:
Luís Fernandes voz, braguesa, acordeão, piano
Aníbal Almeida rabeca
Lara Figueiredo flauta, voz
Francisco Almeida guitarra acústica
Carlos Peninha guitarra eléctrica
Miguel Cardoso contrabaixo
Ricardo Coutinho bateria trad

III Encontro Violas de Arame | 16 e 17 Abr 2011 | Castro Verde

III Encontro de Violas de Arame
16 e 17 de Abril de 2011
Castro Verde

Oficinas:
Viola Campaniça (Pedro Mestre e Manuel Bento)
Viola Braguesa (José Barros)
Viola da Terra (Rafael Carvalho)
Viola de Arame (Vitor Sardinha)
Viola Caipira (Chico Lobo)

Inscreve-te em:
http://www.cm-castroverde.pt/
http://www.pedromestrecampanica.blogspot.com/

envia a ficha de inscrição para:
violasdearame@gmail.com

Pedro Mestre
969415729

Palheta Bendita | 25 a 27 Mar 2011 | Santo Tirso

Sexta dia 25
22h00 – Tertúlia com o guitarrista André Boita e com o construtor de instrumentos Orlando Trindade: «A evolução dos cordofones ocidentais: das origens à actualidade» no Carpe Diem Bar
23h00 - Jam Session / foliada no Carpe Diem Bar


Sábado dia 26
09h30 - Recepção dos inscritos - Escola Secundária Tomaz Pelayo
10h00 - Início das Oficinas
13h00 - Almoço - sede Associação dos Amigos do Sanguinhedo
15h00 - Oficinas - Escola Secundária Tomaz Pelayo
18h00 - Fim das Oficinas
18h30 – Tertúlia com o construtor de instrumentos Orlando Trindade: «Como comecei a construir instrumentos»
20h00 - Jantar - sede da Associação dos Amigos do Sanguinhedo
21h30 – Tertúlia com Napoleão Ribeiro: «Da palheta à gaita-de-fole. Apontamentos históricos e iconográficos» - moinho da Associação dos Amigos do Sanguinhedo
22h30 - Jam Session / foliada - sede Associação dos Amigos do Sanguinhedo

Domingo dia 27
10h00 - Início das Oficinas - Escola Secundária Tomaz Pelayo
13h00 - Almoço - sede da Associação dos Amigos do Sanguinhedo
15h00 - Oficinas - Escola Secundária Tomaz Pelayo
18h00 - Fim das Oficinas
19h00 - Encerramento

Organização:
ACT - Associação Cultural Tirsense
Gaiteiros da Ponte Velha
Telm: 912554432
e-mail: info@palhetabendita.net
url: www.palhetabendita.net

20 de março de 2011

Coro Infantil EMtrad’: as pequenas vozes da d’Orfeu!

O Coro Infantil EMtrad’ participou nas gravações do próximo disco dos Toques do Caramulo.
foto © Léa López | d’Orfeu 2011

O Coro Infantil EMtrad’, com os seus dez elementos, canta todos os Sábados de manhã no Espaço d'Orfeu, na Venda Nova, um repertório que vai da música tradicional portuguesa à italiana, inglesa, israelita e espanhola, passando pela Sérvia de onde é originária a maestrina Stanislava Pavlov, que chegou a Águeda há seis anos atrás.

Depois de várias aparições ao vivo, o Coro Infantil EMtrad’ acaba de participar na gravação do tema “Olha para a Água”, incluído no alinhamento do próximo disco dos “Toques do Caramulo”, a mais reconhecida criação d’Orfeu.

Para esta nova experiência foram todos para a d’Artec, a casa onde se encontra o estúdio de gravação da associação e tiveram a oportunidade de perceber como é difícil gravar um tema. Sem mexer, sem tossir, sem fazer qualquer tipo de ruído, foram captados por Rui Oliveira, director técnico da d’Orfeu, que finaliza neste momento, em estúdio, o novo disco dos Toques, que será lançado no próximo mês de Abril. Esta participação do Coro para o disco foi para uma experiência primordial no contexto da sua aprendizagem e evolução em termos de convívio e desenvolvimento musical.

As inscrições no Coro Infantil estão sempre abertas e a frequência é gratuita para crianças entre os 5 e os 14 anos. Para inscrições ou mais informações, contactar a d’Orfeu Associação Cultural através do e-mail, pelo número 234603164 ou presencialmente na Associação.

fonte ~ comunicado de imprensa

Cursos de instrumentos tradicionais: inscrições abertas violino e bandolim | até 31 Mar 2011| Lisboa

Jorge Fernando e os Proscritos | 22 Abr 2011 | Lisboa

Quando ouvimos falar de Jorge Fernando, imediatamente vem-nos à cabeça os tópicos habituais de "nova geração do fado" e "renovação do fado", ou não fosse ele o compositor de grandes sucessos da Ana Moura e da Mariza, nomeadamente "Os búzios" e "Chuva", entre outros. A justiça é-lhe feita e da fama não se livra, mas Jorge Fernando é Fado transversal e intemporal.
Recuando no tempo, apresenta-nos o novo espectáculo "Jorge Fernando e os Proscritos (na terra da injustiça)", que recupera uma geração de autênticas lendas fadistas, umas mais conhecidas que outras, mas todas elas com valor a (re)descobrir: Filipe Duarte, José Manuel Barreto, José Manuel Rato, António Manuel Pelarigo e Artur Batalha.
Segundo explica Jorge Fernando:
"Ainda há diamantes no activo que por motivos vários não costumam receber a atenção que merecem. O espectáculo vai mostrar algumas dessas vozes. Além dos fados, todos eles vão contar histórias verdadeiras, umas mais divertidas, outras mais sérias, mas todas reais e honestas".
O São Jorge prepara-se, então, para receber um espectáculo profundamente original de veteranos das ruas de Lisboa, que além de grandes momentos da história do fado querem contar as suas vidas, partilhar a sua memória e longa experiência, numa apresentação única. Momento singular que Lisboa não pode mesmo deixar de aplaudir!

Ricardo Rocha | 29 Mar 2011 | Lisboa

Teatro Maria Matos
29 Março | 22h
6€ a 12€

O Teatro Maria Matos vai acolher no dia 29 de Março, às 22h, um concerto único e intimista do guitarrista Ricardo Rocha, que apresentará a solo o espectáculo "Luminismo", numa retrospectiva da sua carreira musical, desde o primeiro album a solo "Voluptuária" (2003).
Neto de Fontes Rocha, figura incontornável da História do Fado e da Guitarra Portuguesa, Ricardo Rocha é já nome consolidado e músico reconhecido, por vezes comparado a Carlos Paredes e a Pedro Caldeira Cabral, consagrando-se como um dos grandes compositores e intérpretes da guitarra portuguesa.

Dazkarieh: novo disco "Ruído do Silêncio" a 21 de Março

Os Dazkarieh estão de regresso com “Ruído do Silêncio”, o seu quinto trabalho de estúdio que será editado no dia 21 de Março de 2011.

Depois de uma digressão internacional que os levou a salas e festivais da Malásia, Alemanha, Áustria, Estónia, Polónia, Espanha e Portugal, a banda regressa com um disco que revela uma banda mais madura e que explora a sua sonoridade já consolidada em volta da música de raíz tradicional assim como, novos caminhos musicais. É inquestionável que o som dos Dazkarieh é único e “Ruído do Silêncio” só o vem comprovar.

Doze temas de música intensa, levam-nos numa viagem pelo imaginário sonoro de Portugal e do Mundo. Composições originais com letras assinadas por Joana Negrão e músicas de Vasco Ribeiro Casais a par e par com arranjos de temas da tradição oral Portuguesa. Mais uma vez explorando os caminhos do passado escutando e tocando recolhas antigas e tornando-as vivas para as novas gerações. Desde a explosão sonora que nunca imaginaríamos sair dos instrumentos acústicos usados, a momentos de grande comtemplação e intimismo.

Em “Ruído do Silêncio” os Dazkarieh contam ainda com a participação dos Velha Gaiteira nas percussões e gaita-de-foles transmontana no tema “Repasseado da Calçada”. Contam também com André Galvão no contrabaixo nos temas “Mazurka da Água”, “Moda da Ceifa I” e “Ruído do Silêncio”.

fonte ~ comunicado de imprensa

Ah fadista! Concurso Fado Almadrava | 2 a 30 Abr 2011 | Tavira


Estão abertas as inscrições para o Concurso de Fado “Ah Fadista”, que visa a descoberta de novos talentos e é aberto a todos os interessados, que se devem inscrever na web da Associação Almadrava.

A direcção musical estará a cargo de Aníbal Vinhas na viola e de Ricardo Martins na guitarra portuguesa, e em cada eliminatória serão apurados três vencedores, com entrada livre para o público em geral e hora marcada para as 22h:
  • 2 de Abril, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Santa Luzia com Sara Gonçalves;
  • 9 de Abril, na Casa do Povo de Santa Catarina da Fonte do Bispo com Luís Manhita;
  • 16 de Abril, no Clube Tavira acolhe com Hélder Coelho;
  • 23 de Abril no Clube Recreativo Cabanense com Cremilde Lourenço.
A final será no dia 30 de Abril, às 21h30, no Cine-Teatro António Pinheiro, com a presença da fadista Cuca Roseta, com um custo de entrada de 5€.

O vencedor ganha 300€, o segundo 150€ e o terceiro 50€, entre outros prémios surpresa.

Atlantihda: album de estreia a 28 de Março

A história dos Atlantihda é contada por seis músicos e uma fadista. Oriundos dos mais distintos géneros musicais, os Atlantihda viajaram pelo mundo da música nacional e internacional, absorvendo várias influências para se encontrarem num projecto que acabaria por ligar a música de raiz tradicional e rural, com aquela que é a nossa música popular urbana: O Fado.

(…) João Campos descobre a sua vocação no Rock e nos Blues quando, mais tarde, vem a descobrir outros instrumentistas e compositores, desde Mark Knofler a Paco de Lucia, ou ainda John Williams a Roland Dyens. Por sua vez, Miguel Teixeira, passou pelo Heavy Metal para mais tarde se debruçar numa vasta escolha de preferências musicais que vão de Carlos Paredes, a Pat Metheny ou Rabih Abou Khalil. Fátima Santos tocava acordeão nos Ranchos Folclóricos da sua aldeia na região de Oliveira do Hospital e com o crescimento como instrumentista acabou por se apaixonar por outros géneros relacionados como as músicas de Ástor Piazzolla, Richard Galliano e Maximilliano Pitoco. Mélanie nasceu em Paris e aos dez anos foi viver para Viana do Castelo, cidade atlântica mais "nortenha" de Portugal onde a música tradicional tem um grande relevo. Aí frequentou tertúlias bem como romarias e, como violoncelista, ingressou muito nova orquestras clássicas absorvendo referências de grandes instrumentistas e compositores como Bach, Rostropovitch, Yo-Yo Ma e Truls Mørk. José Flávio Martins, autor das letras e músico autodidacta, sempre se dedicou à música tradicional. As suas influências misturam-se, tal como os outros elementos da banda, entre grandes ícones internacionais que vão desde os Chieftains a Dead can Dance. Por sua vez, Gisela João é desde sempre e incondicionalmente uma “Fadista”. Nasceu em Barcelos e aos vinte anos foi viver para o Porto, onde iniciou o seu percurso nas casas de fado da “Cidade Invicta” para posteriormente se mudar para Lisboa. A sua escolha musical fora do fado vai desde Ella Fitzgerald a Matthew Herbert ou Sérgio Godinho mas na realidade, é com as vozes de Amália, Lucília do Carmo e Camané, entre outros, com que mais se identifica.

Frederico Pereira, produtor musical, depois de passar pelo conservatório, foi para Londres concluir os seus estudos na área da composição, engenharia de som e produção. Entre as suas preferências, destacam-se alguns compositores como Steve Reich, Philip Glass ou o universo mais eclético de Brian Eno. Depois do contacto com várias culturas tradicionais e contemporâneas de todo o mundo, sentiu uma enorme necessidade de regressar a Portugal e foi feliz no seu regresso, no momento em que encontrou uma série de músicos que tal como ele acreditavam na possibilidade de unir a sensibilidade musical e destreza técnica à autenticidade da música tradicional portuguesa.
Um caminho possível seria reinventar a tradição, pegando em algumas vozes e instrumentos do universo pop, atraindo a guitarra portuguesa para a definir como “Novo Fado”. Em vez disso, os Atlantihda reencontram as raízes da cultura de um povo com história, absorvendo o que de mais genuíno está contido na alma deste projecto. Também aqui se encontram a guitarra braguesa, os adufes, as formas, as melodias e os ritmos que todos vieram a adquirir nas suas “Viagens”, mas numa atitude consciente de que se pode fazer música de raiz popular (escrita ou não), usando uma linguagem contemporânea que parte das vivências de músicos dos nossos dias.

Acima de tudo, o conceito da banda assenta na música tradicional de raiz portuguesa, onde o fado ganha alguma curiosidade e entra neste “território” para se reencontrar e possivelmente, conhecer mais um capítulo da história das suas origens, criando assim “Uma canção genuinamente portuguesa”…

Marisa Dias Antunes
fonte ~ jornal inside

Cuca Roseta: Fado Galante

foto © Sandra Rocha/Kameraphoto

Não é difícil adivinhar: Cuca Roseta vai ser uma estrela. O primeiro disco, há muito prometido, é produzido por Gustavo Santaolalla, músico argentino cheio de grammys no currículo.

A elegância da fadista mede-se pelo traje que (in)veste, a alternativa do guarda-roupa a fugir à tradição do negro-fado. Um chapéu, camisa vermelha, uma saia que brilha, tal como os seus olhos, quando nos fala da canção de Lisboa. A elegância da fadista mede-se pela doçura da sua voz, que não se exibe a troco de nada, tão sedutora como um fado jovem. Cuca Roseta, 29 anos, vai ser uma estrela. Já quase que é. O seu disco de estreia é produzido por Gustavo Santaolalla, um dos maiores produtores do mundo, com 12 grammys e dois Oscars no currículo. Vai ser editado em todo o mundo e ela estará lá, em todo o mundo, a dar concertos. Ela deixa-se guiar pelo brilho. Tem tudo: o nome, o traje, a voz.

Apesar de só ter reconhecido o seu fado aos 18 anos, ter-se tornado fadista não foi um acaso, antes um destino. "Ao princípio, sentia um fascínio, mas aquela música parecia-me um bicho-de-sete-cabeças, porque não é só a melodia, é a escolha do repertório, a experiência de vida... É maravilhoso, é a coisa que eu mais adoro." Uma decisão difícil para uma "menina da linha" ou uma "pita", como a si própria se chama. "Na minha família, não era muito bem vista a hipótese de me tornar cantora, aliás, era uma hipótese que nem sequer se colocava."

Os pais de Cuca são médicos e é sobrinha do ex-ministro da Cultura Pedro Roseta. Cresceu longe das tascas de Alfama e das casas de fado do Bairro Alto. Andou nas Salesianas e poucos poderiam prever que o fado fosse a escolha desta menina de coro. Foi seguindo o caminho que a sua história lhe traçava. Cursou Direito na Universidade Católica, mas, passados dois anos, desistiu. "Senti que não era aquilo o que queria fazer." Mudou-se, então, para Psicologia e levou o curso até ao fim.

'Fado é verdade, nada mais'

Foi ainda durante o curso de Psicologia que o seu amigo de infância Tiago Bettencourt, que cantava com ela no coro da Igreja dos Salesianos, a convidou para integrar os Toranja. Ouviu-se, então, pela primeira vez, a voz de Cuca em disco. Mas antes do segundo álbum abandonou a banda, para se dedicar de corpo e alma ao fado, integrando o elenco do Clube de Fado, de Mário Pacheco, em Alfama.

Não quis apressar o destino. Desde muito cedo, teve propostas para gravar, mas recusou-as. "Havia três editoras interessadas, duas estrangeiras que não entendiam suficientemente o fado; a outra era uma boa editora portuguesa, mas achei que não era ainda tempo." A própria considera "um luxo" recusar tais convites. Mas o facto é que foi compensada pela espera. Um dia, recebeu uma inesperada visita, no Clube de Fado. Não sabia quem eram aqueles argentinos que ali se deslocaram para a ouvir, mas apercebeu-se do efeito que produziu ao cantar. O senhor apresentou-se. O seu nome, Gustavo Santaolalla, nada lhe dizia. "A forma como ele falava da música logo me convenceu." E combinou-se a gravação.

Pelo caminho, teve algumas participações importantes, com destaque para Fados, o filme de Carlos Saura, de 2007, no qual Cuca deu nas vistas pela forma como interpretou Rua do Castelão.

Agora, ao primeiro disco, também comete algumas ousadias, como o tango que canta em tom de fado, inspirada pelo produtor, ou o tema da sua autoria, Nos Teus Braços, que compôs ao piano. "Não há nada que encaixe melhor numa fadista do que cantar as suas próprias palavras." No fim do disco, recita palavras suas: "Cada vez que eu me emocionar inventarei coisas novas, cada vez que eu cantar minha alma sairá pela voz, Fado é verdade, nada mais." Ficamos à espera de outras verdades assim.
Manuel Halpern
fonte ~
visão

OuTonalidades 2011 com mais de 300 grupos candidatos!

Foram exactamente 306 os grupos que se inscreveram para a 15º edição do OuTonalidades - circuito português de música ao vivo, que percorrerá Portugal e a Galiza no próximo Outono, concretamente de 22 de Setembro a 17 de Dezembro. Segue-se a fase de pré-selecção, com uma distinta galeria de Conselheiros.

Oficialmente encerrado o período de candidaturas, as três centenas de grupos candidatos passarão agora por uma pré-selecção, por forma a constituir-se a bolsa restrita de grupos que será disponibilizada aos Espaços de música ao vivo que, em Portugal e na Galiza, acolherão os concertos do 15º OuTonalidades. Os 306 grupos inscritos nesta fase prévia, cujo processo decorreu online no Portal da d’Orfeu, são maioritariamente portugueses e galegos, consolidada que está, pelo quarto ano consecutivo, a parceria com a AGADIC – Axencia Galega das Industrias Culturais, entidade que promove a congénere “Rede Galega de Música ao Vivo”.

Para o processo de pré-selecção de grupos, a d’Orfeu convidou vários músicos, jornalistas e bloggers da praça, que serão os Conselheiros do OuTonalidades 2011:

* Henrique Amaro (locutor Antena 3 / "Portugália")
* Fernando Alvim (locutor Antena 3 / "Prova Oral" e "Alvinex")
* Carlos Guerreiro (músico "Gaiteiros de Lisboa")
* Luís Varatojo (músico "A Naifa")
* Manuel Meirinhos (músico "Galandum Galundaina")
* Luís Rei (blogger "Crónicas da Terra" e radialista "Terra Pura")
* António Pires (jornalista musical, blogger "Raízes e Antenas")
* André Dias (blogger "Rodobalho")


Paralelamente, decorre até 15 de Abril o período de inscrição dos Espaços de música ao vivo interessados em acolher concertos da 15ª edição do principal circuito luso de pequeno formato. Arrancará a 22 de Setembro, mas o OuTonalidades já mexe!

fonte ~ comunicado de imprensa

Terreiro do Fado | 19 Mar a 10 Abr 2011 | Lisboa

A Câmara Municipal de Lisboa está a promover o ciclo de concertos «Terreiro do Fado», que vai decorrer aos sábados, sempre às 18h, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na antiga cantina do Ministério das Finanças.

A entrada é livre e conta com o seguinte programa:

19 de Março – Filipa Cardoso e Liliana Silva
20 de Março – Vanessa Alves e Vânia Duarte
26 de Março – Ana Sofia Varela e Vanessa Alves
27 de Março – Tânia Oleiro e Filipa Cardoso
02 de Abril – Vanessa Alves e Liliana Silva
03 de Abril – Filipa Cardoso e Vânia Duarte
09 de Abril - Filipa Cardoso e Ana Sofia Varela
10 de Abril – Vanessa Alves e Tânia Oleiro

25 de fevereiro de 2011

Formação Gaita-de-Foles | Mar a Jun 2011 | Malhadas - Miranda do Douro

Malhadas (Miranda do Douro), é a próxima paragem. Começa já dia 1 de Março com a Escola de Música Tradicional, o curso de Gaita de Foles vai abrir.
Para mais informações e inscrições:
lerias.associacao@gmail.com
962256255

I Encontro de Grupos de Bombos | 8 Mai 2011 | Fornos

18 de fevereiro de 2011

Danças Ocultas: 15 anos de muito alento e vento

Falar de Danças Ocultas implica, necessariamente, realçar o "Alento" que as quatro concertinas de Águeda trouxeram à música portuguesa, pelo seu conceito instrumental e inovação musical.
Passados 15 anos sobre a edição do primeiro trabalho discográfico, chega o momento de revisitar os quatro álbuns de originais - Danças Ocultas (1996), Ar (1998), Pulsar (2004) e Tarab (2009) - reunidos agora na colectânea "Alento", editada pela iPlay.
O concerto de apresentação será no dia 4 de Março, às 21h30, no Museu do Oriente, em Lisboa.

12 de fevereiro de 2011

10 de fevereiro de 2011

A música portuguesa vai gostando de si própria

Na sequência do filme "Significado - a música portuguesa se gostasse de si própria", Tiago Pereira assume o papel de revitalizador (ou será de provocador?) das novas criações de autor e de todos os géneros musicais, ao dar-lhes visibilidade no novo canal de vídeos cibernético "A música portuguesa a gostar dela própria".
A ideia subjacente é a de levar a "música para a rua, tratando-a como um palco, filmando cinco músicos diferentes por semana em espaços exteriores ou em sítios inesperados, músicos com uma componente de autor muito forte e de todos os géneros".
Recém-criado, quase a completar um mês de intensa activade, e que se pode seguir também no facebook, este canal é já uma autêntica videoteca virtual (e actual) a não perder, onde se pode ver e ouvir músicos como Dazkarieh, Couple Coffe, Márcia, Jorge Cruz, B Fachada ou Samuel Úria, entre muitos outros, transformando-se, assim, num autêntico manifesto cultural da nossa música.
Ao Tiago Pereira, o nosso reconhecimento e agradecimento.

Diogo Leal tamborileiro


Grupo Coral Feminino Rosinhas de Santa Clara do Louredo


7 de fevereiro de 2011

Né Ladeiras : Porque não me vês [Todo este céu, 1997]

Meu amor adeus
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espeta sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco a transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono

Fausto

12º Festival Intercéltico de Sendim | 5 e 6 Ago 2011 | Sendim de Miranda do Douro

Não há só Fado em Lisboa

Com selo Antena 1, Cristina Branco dá voz a "Não há só tangos em Paris", outra das edições discográficas deste ano, com data prevista para 28 de Fevereiro.
Com novas sonoridades, mas com o Fado sempre presente, apresenta-se como um disco evocativo e inventivo ao reunir tanto músicas de Jacques Brel, Carlos Gardel e Isolina Carrillo, bem como composições originais de Mário Laginha, João Paulo Esteves da Silva e Pedro Moreira, que dão som às palavras de Manuela de Freitas, António Lobo Antunes, Vasco Graça Moura, Carlos Tê e Miguel Farias.
Uma viagem entre Buenos Aires, Paris e Lisboa, que vai contar com uma edição especial Cd+Dvd em Portugal.

Cristina Branco : Não há só Tangos em Paris [Não há só Tangos em Paris, 2011]

4 de fevereiro de 2011

10 anos de Uxu Kalhus

Logo pelo próprio nome, adivinha-se a "perversão" total e completa do purismo tradicional. E passados 10 anos de discos e de palcos, cativando o seu lugar de referência na música portuguesa, engane-se quem pense que Uxu Kalhus é apenas a distorção da nossa tradição musical. É sim, de forma exímia, a sua evolução e actualização.
Ora vejam e oiçam tudinho até ao fim.

1 - Tamurriata do Caldeirão
2 - Círculo
3 - Malhão
4 - Velho atrevido
5 - Saia da Carolina
6 - Mata Aranha | Faca e Alguidar
7 - Ponha aqui o seu pézinho
8 - Legaliza Malaquias
9 - Linda Falua | Bretónia
10 - Erva Cidreira
11 - Virose da Dextrose

3 de fevereiro de 2011

Seremos parvos?

No passado mês de Janeiro, durante os 4 concertos que realizámos nos Coliseus do Porto e de Lisboa, apresentámos uma canção nova intitulada "Parva que sou".

Esta música fazia parte de um conjunto de 4 novas canções que trabalhámos e ensaiámos com o intuito de apresentar uma delas num alinhamento especialmente feito para os Coliseus. Escolhemos "Parva que sou", porque era aquela que tinha o arranjo terminado e porque o tema que abordava nos pareceu actual.

Durante os ensaios e até em apresentações feitas a amigos nunca imaginámos a dimensão que a sua letra poderia tomar. Foi com grande surpresa e emoção que assistimos a uma reacção tão intensa e espontânea por parte das pessoas que estavam a ouvir uma música inédita.

Verso a verso, fomos sentindo o público a apropriar-se da canção e a tomá-la como sua. Foram 4 momentos especiais e porventura únicos de comunhão entre nós e o público.

Após os concertos, ao ver que o tema "Parva que sou" continua a ganhar vida através das redes sociais e dos meios de comunicação, não podemos deixar de demonstrar o nosso agrado em perceber que uma canção está a suscitar debate e diálogo em volta de um assunto actual e que julgamos da maior pertinência. Mais felizes ainda ficamos, enquanto músicos, ao constatar que a Música continua a ter este papel na nossa Sociedade.

Iremos em breve disponibilizar uma versão da música, gravada num dos concertos nos Coliseus, para que quem a queira ouvir o possa fazer com maior qualidade sonora.

Agradecemos todo o carinho que as pessoas têm demonstrado e o genuíno interesse da imprensa relativamente ao "Parva que sou". Mais não precisamos de dizer. A canção fala por si.

Deolinda


2 de fevereiro de 2011

Xícara

Outra das novidades discográficas deste ano é o EP de Xícara, editado pela Mdparte e que já se encontra disponível à venda na sua web e através do email do grupo.
Ainda mal começou a dar os primeiros passos e já é, indubitavelmente, um dos grupos a não perder de escuta, pela lufada de ar fresco que trazem à música portuguesa.
Sem perder o rumo à tradição e ao acústico, mas também com um piscar de olhos ao jazz, os arranjos instrumentais, em comunhão com a doce voz de Carla Carvalho, reinventam a nossa tradição musical e fluem em dinâmicas virtuosas e ricas em tons e formas, num diálogo constante entre os instrumentos.
Com génese na poesia portuguesa, Xícara é, também, a expressão musical e mais actual dos poetas nacionais, de forma envolvente e despertando o nosso imaginário e sensibilidade literária. Os poetas reunidos neste projecto foram deliberadamente seleccionados de todos os cantos do país, tendo sido escolhidos, entre outros, António Botto, João Penha de Oliveira Fortuna, João de Deus, Fernando Pessoa e João Cabral do Nascimento.
Aos Xícara, reservamos-lhes o futuro. Poeticamente.

Membros:
Carla Carvalho: voz
David Viegas: baixo, voz
Hélder Costa: braguesa, bandolim, cavaquinho
Nuno Cachada: guitarra clássica
Pedro Oliveira: percussão
Rui Ferreira (Caps): piano, acordeão

Xícara : Cantiga [Xícara, 2011]

Deixa-te estar na minha vida
Como um navio sobre o mar.

Se o vento sopra e rasga as velas
E a noite é gélida e comprida
E a voz ecoa das procelas,
Deixa-te estar na minha vida.

Se erguem as ondas mãos de espuma
Aos céus, em cólera incontida,
E o ar se tolda e cresce a bruma,
Deixa-te estar na minha vida.

À praia, um dia, erma e esquecida,
Hei, com amor, de te levar.
Deixa-te estar na minha vida.
Como um navio sobre o mar.

João Cabral do Nascimento / Xícara

Dazkarieh regressa ao som do "Ruído do Silêncio"

foto © Rita Carmo

Este ano, a música folk portuguesa promete ser fértil em novos trabalhos discográficos, entre os quais "Ruído do Silêncio", o quinto álbum de Dazkarieh a ser editado no dia 21 de Março, na Alemanha e em Portugal.
Uma vez mais, as recolhas antigas e a tradição oral portuguesa são o ponto de partida para as composições originais, com letras assinadas por Joana Negrão e músicas de Vasco Ribeiro Casais, consolidando uma sonoridade já característica de Dazkarieh, num equilíbrio entre o acústico e a distorção eléctrica.
Este disco conta igualmente com a colaboração de Velha Gaiteira, em “Repasseado da Calçada”, e de André Galvão, no contrabaixo, nos temas “Mazurka da Água”, “Moda da Ceifa I” e “Ruído do Silêncio”.

MARÇO
10 :: Folk Club Züri – Suíça
11 :: Spielboden Dornbirn – Áustria
12 :: Spitalkeller Offenburg – Alemanha
13 :: Tollhaus Karlsruhe – Alemanha
15 :: Schlachthof Kassel – Alemanha
16 :: naTo Leipzig – Alemanha
17 :: Crystal Club Berlin – Alemanha
18 :: Speicher Husum – Alemanha
19 :: Weitblick Bugewitz – Alemanha
20 :: Dreikönigskirche Dresden – Alemanha
25 :: Hard Club – Porto – Portugal
26 :: CCC – Caldas da Rainha – Portugal

ABRIL
1 :: Acert – Tondela – Portugal
2 :: Teatro Cine – Torres Vedras – Portugal
7 :: Forum Romeu Correira – Almada – Portugal
8 :: Teatro Cine – Castelo Branco – Portugal
9 :: CAE Portalegre – Portugal
13 :: Cinema S.Jorge – Lisboa – Portugal

27 de janeiro de 2011

Música portuguesa com "Contexto e Significado"

Foto © Léa López

Após o lançamento em Águeda a 4 de Dezembro do ano passado, o livro-filme "Contexto e Significado" está a ser apresentado além das margens do Botaréu, um pouco por toda a geografia nacional, assinalando os 15 anos da d’Orfeu Associação Cultural.
Este ano, Guimarães será a primeira cidade a acolher a apresentação desta dupla obra. Se por um lado, António Pires traça um retrato mais introspectivo e biográfico da associação no livro "Contexto", já o filme "Significado", da autoria de Tiago Pereira, apresenta-nos uma reflexão sobre a evolução e o estado actual da música tradicional, desafiando-nos com a pergunta: e se a música portuguesa gostasse dela própria?
Esta edição comemorativa, que assinala igualmente a estreia do selo editorial d'Eurídice, percorrerá o país nas seguintes datas:

28 de Janeiro - FNAC Guimarães (22h00)
29 de Janeiro - FNAC Coimbra (17h00) e FNAC Leiria (21h30)
30 de Janeiro - FNAC Viseu (17h00)
2 de Fevereiro - FNAC Chiado (18h30) e FNAC Colombo (21h30)
6 de Fevereiro - FNAC Braga (17h00)

“Contexto e Significado" encontra-se já à venda nas principais lojas FNAC do país, mas encontra-se igualmente em várias associações parceiras da d’Orfeu: na ACERT (Tondela), no Contagiarte (Porto), na Oficina de Música de Aveiro, na Discoteca Wah-wah do Mercado Negro (Aveiro), na Tradballs (Lisboa) e na PédeXumbo (Évora). Está também à venda directamente na d’Orfeu e através da web da associação www.dorfeu.pt.

26 de janeiro de 2011

25 de janeiro de 2011

Fadoteca

Com apenas quatro anos de actividade, o Portal do Fado rapidamente tornou-se numa das referências informativas e divulgativas mais importantes sobre o universo fadista, não só pela constante actualização sobre as novidades discográficas e da agenda de concertos/ concursos que vão ocorrendo por todo o país, como também pelo seu carácter mais pedagógico e arquivístico.
É neste sentido que, paralelamente à já existente lista de contactos de músicos, o Portal do Fado está empenhado na criação duma base de dados de letras de Fado, respondendo a uma crescente procura e petição.
Segundo a informação publicada na web, «esta base de dados obedece a 3 critérios obrigatórios : nome da letra, nome do autor da letra, nome do autor da música, e ainda a 2 critérios não obrigatórios : repertório e nome do fado onde se insere a letra, por exemplo "Fado Menor".
A pesquisa na base de dados pode ser feita utilizando um dos seguintes critérios: nome da letra, nome do autor da letra, nome do autor da música e repertório.
Para isso apelamos à colaboração de todos os nossos visitantes no sentido de enviarem as letras de Fado que têm em sua posse de forma a irmos preenchendo a base de dados.
O Portal do Fado como forma de incentivo irá premiar todos os meses os utilizadores que tiverem enviado mais letras.»

Marco Rodrigues e Carlos do Carmo : Homem do Saldanha [Tantas Lisboas, 2010]

De sorriso na cara à noite, na praça do Saldanha
à beira da estrada parado já ninguém o estranha
toda a gente o conhece
ele acena e agradece
e a cidade continua no seu rumo
De sorriso na cara à noite, na praça do Saldanha
apagando a solidão ao luar que o acompanha
é vê-lo chegar quando anoitece
esperam os carros que atravesse
com a mão no ar, como quem diz "olá Lisboa"

Seja benvindo meu amigo à nossa rua
faz algum tempo que não o via por aqui
nunca é demais, há ssempre espaço
venha de lá esse abraço
folgo vê-lo bem-disposto
a dizer olá a quem passa
com o prazer espelhado no rosto
Benvindo à nossa rua, meu amigo
faz algum tempo não o via por aqui
nunca é demais, há sempre espaço
venha cá dar-me um abraço
porque à noite, Lisboa sorri

Não é adeus, é olá que diz a quem por ali passa
de casaco castanho, João dá o ar da sua graça
torna a cidade mais risonha
só é louco quem não sonha
quem não percebe, então não sabe o que é ser só
Não é adeus, é olá que diz a quem por ali passa
com um olhar abraça Lisboa, despede-se da praça
já se faz tarde a sua hora
apanha o táxi, vai-se embora
chega por hoje, amanhã estará por cá

Seja benvindo meu amigo à nossa rua
faz algum tempo que não o via por aqui
nunca é demais, há sempre espaço
venha cá dar-me um abraço
folgo vê-lo bem-disposto
a dizer olá a quem passa
com o prazer espelhado no rosto
Benvindo à nossa rua, meu amigo
faz algum tempo não o via por aqui
nunca é demais, há sempre espaço
venha de lá esse abraço
porque é noite, Lisboa sorri

Luísa Rocha canta "Uma noite de amor"

O primeiro álbum de Luísa Rocha, "Uma noite de amor", é editado dia 31, resultado de "uma paciente espera que valeu a pena", disse à Lusa a fadista salientando a satisfação pelo trabalho final.

"Estou muito feliz com o álbum. Outras alturas houve em que tive vontade de gravar, mas em boa hora reconheci que tinha de voltar atrás e aqui está a prova de que esperar é uma virtude", afirmou a fadista.

Em declarações à agência Lusa, Luísa Rocha referiu que sempre tomou "muita atenção" ao que lhe diziam os fadistas mais antigos, nomeadamente que "tinha de viver mais, experienciar sentimentos".

"Diziam-me que tinha de ter um bocadinho mais da escola da vida para dar identidade às palavras, e hoje reconheço absolutamente isso", declarou.

Editado por David Ferreira-Iniciativas Editoriais, o álbum é produzido por Carlos Manuel Proença, personalidade chave em todo o projecto, segundo a fadista que afirma:

"Confiei plenamente na sua sapiência e experiência, deixando-me totalmente, ser dirigida".

Todavia, ressaltou, "foi um trabalho de equipa, nomeadamente com os músicos e também na escolha dos poemas e dos vários fados".

"Sendo este o meu primeiro trabalho em estúdio era essencial que me sentisse confortável e identificasse com as palavras que cantava", sublinhou.

O álbum integra 12 temas, entre inéditos e recriações de fados dos reportórios de Carlos do Carmo, Maria José da Guia, Mariza e Vasco Rafael.

Entre os inéditos há poemas de Mário Raínho, António Laranjeira, Paulo de Carvalho e músicas de Carlos Manuel Proença, que a acompanha à viola.

Quanto a acompanhantes, a fadista não resiste a salientar "a cimeira de guitarristas" constituída por José Manuel Neto, Ricardo Rocha, Custódio Castelo, Guilherme Banza e Mário Pacheco, que tocam em diferentes temas.

José Manuel Neto é maioritário, acompanhando-a em oito, alguns deles com um segundo guitarra, Custódio Castelo acompanha-a em dois temas, Ricardo Rocha, Mário Pacheco e Guilherme Banza, um cada um.

"Sendo grandes instrumentistas com uma personalidade artística vincada, permitiram que fosse estilando sempre de forma diferente, o que me ajudou", disse.

Carlos Manuel Proença à viola e Daniel Pinto na viola baixo acompanham-na em todos os temas.

O álbum inclui ainda uma 13. faixa, uma versão com coro de "Dou-te um beijo (e fujo de ti), de Paulo de Carvalho.

A fadista reconhece que é "o ambiente tradicional" que caracteriza o álbum, aquele em que se sente mais à vontade, mas adverte: "mas não se confunda com uma ideia conservadora contrária à inovação, há é que respeitar a tradição que foi o que me atraiu sempre no fado".

"Por uma noite de amor" (M. Raínho/C.M.Proença), que dá o título ao álbum, foi a primeira escolha para o alinhamento do CD que inclui entre outros, "Sem ti" (Lopes Victor/Francisco Carvalhinho), criação de M. José da Guia, "Guitarrada e Fado em Clave Sol", de Rainho no Fado Lopes, escrito para si, ou "Toada do Desengano" de Vasco Graça Moura.

Quanto ao tema de Graça Moura, "gravado no fado Franklin de sextilhas, optei pelo fado Acácio", disse.

Adianta que a opção por outra melodia revela "como o mesmo poema pode ser sentido e interpretado de outra maneira, pois a música dá outra inclinação às palavras" e, neste caso,escolheu "uma proposta mais apaixonada".

Luísa Rocha disse à Lusa que desde criança sempre quis ser fadista, tendo cantado em público pela primeira vez, "inconscientemente", aos 10 anos, numa casa de fados em Loures.

Profissionalmente estreou-se em 2000 no Marquês da Sé, e actualmente canta no Clube de Fado.

fonte ~ Lusa

17 de janeiro de 2011

Raízes e Antenas: mistérios e maravilhas da world music

António Pires, reconhecido jornalista musical - ex chefe de redacção do Blitz, actual colaborador do Jornal i e da revista Time Out Lisboa (e estimadíssimo amigo, porque não dizê-lo?!) -, tem revelado no seu blog Raízes e Antenas histórias, sensações e canções da world music, textos agora editados pela Media XXI no livro "Raízes e Antenas: mistérios e maravilhas da world music", cuja apresentação oficial será já nesta terça dia 18, às 18h30, na livraria Leya/Ce Buchholz (R. Duque de Palmela, perto do Marquês de Pombal, em Lisboa).
Luís Rei, mentor de Crónicas da Terra (outro importante blog dedicado às músicas do mundo), fará as honras do discurso de apresentação do livro, seguido de animação e alguma música com raiz e em antena.

Esta edição apresenta-se como um dicionário ou uma enciclopédia, reunindo uma colecção ilustrada de duzentas fichas sobre artistas, grupos, géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores ou filmes, todos eles relacionados com as músicas do mundo, constituindo-se, assim, como uma «imperdível introdução às músicas do mundo e a alguns dos seus artistas e grupos mais representativos», segundo o comunicado de imprensa. Assim seja!

Urze de Lume em digressão | 21 jan a 26 fev 2011

Talvez remando um pouco contra a maré, em oposição à crescente tendência de inovação e modernização, e mesmo "electrificação", da música tradicional portuguesa, o trio Urze de Lume apresenta, com toda a frontalidade, o seu lado mais rude e acústico, totalmente despido de artefactos tecnológicos e recuperando o espírito das arruadas, ao som da gaita transmontana, caixa e bombo.
Ainda sem disco editado, mas com uma musicalidade cada vez mais reconhecida no meio folk português, irão percorrer o país de norte a sul para apresentar este projecto em várias Fnac's nacionais. E a festa está garantida!


15 de janeiro de 2011

Museu do Fado: visitas cantadas | 15 Jan a 26 Mar 11 | Lisboa

Museu do Fado: visitas cantadas
Sábados e Domingos
16h30 | 3€
mediante marcação prévia

Janeiro
António Pinto Basto - 15
António Rocha - 16
Marco Oliveira - 22 e 30
Clara - 23 e 29

Fevereiro
Nuno de Aguiar - 5 e 13
Cláudia Leal - 6 e 12
José da Câmara - 19 e 27
Cuca Roseta - 20 e 26

Março
Carlos Macedo - 5 e 13
Maria Amélia Proença - 6 e 12
Lina Rodrigues - 19 e 27
Duarte - 20 e 26

14 de janeiro de 2011

Formação PédeXumbo: adufe, acordeão, cante alentejano, sevilhanas e flamenco


adufeEncontros de Adufe
Segundas | 19h às 20h
O Adufe? O Adufe é um instrumento tradicional português de percussão. Em grupo, voltamos a descobrir os ritmos tradicionais e não só!
Orientado por Bruno Cintra | Entrada livre.

Aulas de iniciação ao Acordeão
Terças e Sextas
Aulas individuais e/ou de grupo onde se aprendem as noções básicas do acordeão e depois repertório.
Orientada por Valter Pinto | 35€/mês
Informação: 934248060

canteCante Alentejano
Terças | 20h às 21h
O Cante Alentejano às terças é um encontro descontraído de pessoas que gostam de cantar. Orientado pelo Mestre Soares dos Cantares de Évora, todas as pessoas são bem vindas. Aqui relembram-se e aprendem-se modas alentejanas do Cancioneiro.
Orientado por Mestre Soares | Entrada livre.

Aulas da Sevilhanas e Flamenco
Quartas
Sevilhanas Intermédio | 19h
Sevilhanas Iniciado | 20h
Flamenco | 21h
Aulas de Sevilhanas e Flamenco com o professor Raúl Morales onde se trabalham técnica, “compás” e os diferentes estilos.
Orientadas por Raul Morales | 25€/mês + seguro
Inscrição e Informação: 914 306 576.

encontrosEncontro de Músicos
Quartas | A partir de 22h
Voltaram os Encontros de Músicos. A ideia é pegar no repertório de música para dançar, praticar, pensar, reinventar, tocar, modificar e a prazo animar de vez em quando a aula de danças do mundo com música ao vivo! Qualquer instrumento é bem-vindo!
Orientado por Tozé Bexiga | Entrada livre
Informação:
962 621 101.

9 de janeiro de 2011

Percussão portuguesa | Lisboa

Percussão Portuguesa
por Tânia Lopes
Segundas, 19H45 às 21H15
- Casa da Comarca da Sertã
rua da madalena, 171 3º, lisboa

Início a 17 Janeiro 2011
Nível Iniciado
Nº Alunos: min 3, max 5
Preço: 45 balls (Mensalidade)
Formas de pagamento (6 meses - 24 aulas):
Totalidade: 220 balls
Cheques: 270 balls
inscrição aqui!:

Programa:
- Técnicas e rudimentos de Baquetas
- Rudimentos elementares
- Noções de divisão de tempo
- Relação com o metrónomo
- Leitura e aproximação à notação musical básica
- Repertório de ritmos direccionado no acompanhamento de
gaita-de-foles, grupo de bombos populares portugueses
- Improvisação rítmica em repertório tradicional
- Abordagem à manutenção dos instrumentos de percussão tradicional portuguesa

Material para o curso:
- 1 Par de baquetas;
- 1 Instrumento tradicional português (caixa, bombo ou timbalão)

5 de janeiro de 2011

Vozes do Imaginário: cantos ao Menino, Reis e Janeiras.

“Vozes do Imaginário” é um projecto musical de um grupo de mulheres que interpretam e divulgam o reportório das polifonias femininas da tradição portuguesa.
Cantos ao Menino, Reis e Janeiras é o resultado de um percurso pela paisagem sonora que se estende por quase todo o espaço cultural e geográfico do nosso país.
Com este projecto queremos divulgar e manter vivos estes singelos cantos que, carregados de humanidade, habitam ainda o imaginário da ancestral tradição das festas do ciclo natalício.

Cantados à capela ou acompanhados de instrumentos tradicionais, de banda ou tuna que, por hábito, se lhes juntavam, estes cantos têm vindo a ser substituídos por outros de origem anglo-saxónica, amplamente difundidos pelos media, habitualmente como suportes comerciais. Entendemos dever participar na divulgação deste acervo cultural, com a intenção de proporcionar a novos ouvintes um particular gosto estético por melodias que, genuinamente, podem preservar a nossa memória identitária.