31 de dezembro de 2007

Escola Guitarra do ISEC (Coimbra) lança CD de estreia

Intitulado «Guitarra de Coimbra», o CD inclui um conjunto de temas instrumentais interpretados pelos alunos desta escola que funciona no ISEC, resultando de dois anos de aprendizagem.

Além de sete temas de Carlos Paredes, em que se incluem «Canção Verdes Anos» e «Memórias», o CD inclui ainda peças de Artur Paredes, Afonso Correia Leite e Gonçalo Paredes.

De acordo com Alexandre Cortesão, professor e fundador da Escola de Guitarra, o ISEC fez uma tiragem de dois mil exemplares do CD, tendo oferecido uma cópia a todos os caloiros que entraram este ano lectivo no estabelecimento.

«Não se pode dizer que é uma obra-prima, mas tem qualidade», salientou o músico, presidente da Associação Cultural «Coimbra Menina e Moça».

Segundo o professor, «até hoje nenhuma escola de guitarra pôs os seus alunos a tocar em público e a publicar um CD».

A Escola de Guitarra do ISEC nasceu de um protocolo assinado em 2005 entre o ISEC e aquela Associação Cultural, podendo ser frequentada por alunos, docentes e não docentes deste estabelecimento de ensino integrado no Instituto Politécnico de Coimbra.

O CD, que conta com o acompanhamento em três temas dos professores e fundadores da escola - Alexandre Cortesão e António de Jesus -, foi apresentado publicamente quinta-feira à noite no Café Santa Cruz, em Coimbra.

Segundo uma nota do presidente do conselho directivo do ISEC, Jorge Bernardino, a gravação do CD «é o resultado de dois anos de aprendizagem, em que os alunos frequentaram aulas de guitarra com a duração de apenas duas horas semanais».

Alexandre Cortesão adiantou hoje à agência Lusa que, este ano, estão a começar a sua aprendizagem na Escola de Guitarra do ISEC 30 alunos, apesar de a execução do fado de Coimbra não ser tarefa fácil.

«É preciso espírito de sacrifício e força de vontade. Calcar em cordas de aço não é fácil», observou.

A prioridade no ensino da Canção de Coimbra na Escola de Guitarra do ISEC tem sido dada a músicos como Carlos Paredes, Flávio Rodrigues e João Bagão, mas - de acordo com o docente - estão também a ser introduzidos nomes como António Portugal, Pinho Brojo ou Jorge Tuna.

O músico lamenta a «pouca divulgação» da Canção de Coimbra nos órgãos de comunicação social e nomeadamente na rádio e manifesta-se aberto à interpretação por mulheres. «Sempre houve raparigas a tocar guitarra e viola. A cantar, não tenho nada contra, mas que o cante bem», opinou.
fonte ~ lusa

27 de dezembro de 2007

Diabo a Sete | Parainfernália


Diabo a Sete
Parainfernália

Açor/Megamúsica, 2007


É com o espírito endiabrado que descobrimos a sonoridade do grupo Diabo a Sete, no seu primeiro trabalho discográfico Parainfernália, que eles próprios definem como uma reinvenção da música tradicional portuguesa.

Efectivamente, este septeto de Coimbra apresenta uma abordagem bastante característica e um entendimento inovador no modo de recuperar as raízes musicais, transformando-as em melodias actuais e não simples memórias dum passado, por vezes, não muito distante.

As almas inquietas de Diabo a Sete pretendem ir mais longe e romper com os padrões estéticos mais puristas e classicistas, compaginando o tradicional e o folk com o rock e o reggae, tanto a nível dos arranjos, como dos instrumentos utilizados (do cava­quinho e da sanfona ao baixo eléctrico e à bateria), sem desvirtuar a beleza intrínseca das notas soltas pelos cancioneiros populares de norte a sul do país: desde o Algarve ata Trás-os-Montes, passando pela ilha da Madeira.

Por outro lado, à parte deste trabalho de recolha, os temas originais do grupo também são uma constante de natural encanto, denotando o conhecimento que os elementos de Diabo a Sete têm sobre a música étnica e a influência que outros reconhecidos músicos exercem sobre eles, como por exemplo Brigada Victor Jara ou Júlio Pereira. O certo é que, actualmente, confirmam-se como um dos grupos mais prolíferos no panorama musical português, conquistando público e crítica. Ademais, podemos considerar que este disco é o responder a uma necessidade sentida nos concertos de perpetuar a sua energia, especialmente após à participação no concurso Eurofolk 2006 em Málaga, no qual marcaram presença até à final, ganhando, assim, uma maior projecção mediática, inclusivamente a nível internacional.

A expressão Diabo a Sete significa disparate e confusão, qualquer coisa incontrolável, e conscientemente ou não, este grupo vai revolucionando o folk em Portugal, imune a todo o tipo de exorcismos e conjuros.

Sara Louraço Vidal, 2007
Alinhamento | ouvir
  1. Baile da meia volta
  2. En tu puerta estamos cuatro
  3. Chin glin din
  4. Dança dos camafeus
  5. Parati
  6. Vira-pedras
  7. Diabos no corpo
  8. Para lá do Marão
  9. Valsa da Joana e do João
  10. Ponte Nova do Algarve
  11. Guardunha
  12. O padrinho
Gravações e misturas efectuadas entre Dezembro de 2006 e Março de 2007 nos Estúdios Toste em São Mamede de Infesta.

17 de dezembro de 2007

"Há um certo clubismo no fado"

O fado voltou a viver uma relação positiva com as pessoas. É de novo valorizado, aclamado...

Acima de tudo penso que foi dignificado. Com boa poesia, boa música, actual, de autores contemporâneos que se interessaram. E também tem sido valorizado pelo mediatismo que certas pessoas têm conseguido bastante lá fora. Ou seja, quanto mais atenção existir para as coisas, às vezes mais qualidade conseguimos ter nos mecanismos que usamos. E essa dignidade que se trouxe a uma música tão simples, ao mesmo tempo, faz com que as pessoas percebam que têm de prestar atenção.

O sucesso internacional das novas vozes do fado também contribuiu para esta redescoberta pelos portugueses?

Fez o seu trabalho de auto-estima. Temos valores. Além do futebol, além de uma quantidade de coisas que são o nosso passaporte, temos, na música, o fado.

Cantou fado para Bill Clinton, quando era presidente...

É importante realçar aí a importância que teve o nosso então Presidente Jorge Sampaio que foi das primeiras pessoas a levar consigo o fado nas suas viagens. Um pouco da tal dignidade de que falava há pouco talvez também venha daí. Mas cantar para Bill Clinton foi e será sempre um momento de referência. Se bem que esteja sempre à procura do próximo momento...

Podemos falar de uma geração de 90 no fado. O que a distingue de outras, no passado?

Esta geração até se subdivide em várias. E antes desta já havia uma outra, que é a do Camané e da Mísia. E depois há a geração pós-Amália Rodrigues. Agora, as diferenças são brutais. Nem que isso venha da realidade em que cada geração viveu, os seus valores, o sentido de conceito de família, de sociedade...

O fado é ainda uma expressão tradicional?

A palavra "tradicional" é talvez a mais perigosa. Afinal, o que é a tradição hoje em dia? Se formos para a tradição de sermos seres humanos, aí sim, esta continua a ser a tradição de verter as emoções, seja a chorar ou a rir. Agora a tradição cultural... Às vezes será que nós sabemos?... Muda...

E está a saber adaptar-se a essas mudanças?

Tenho confiança que sim, porque está a surgir um repertório forte. Temos originais que marcam. E isso, para mim, é o grande emblema. Acho é que estamos sempre numa fronteira muito delicada. É um perigo estar no extremo do conservadorismo ou no do experimentalismo.

Procura um meio termo?

Tenho essa sensação sobre o perigo de perdermos as referências. Não se pode. Para mim é como sair de casa dos pais. Queremos o nosso espaço. Mas temos de lá voltar sempre, porque é lá que estão as nossas referências, o nosso fio de prumo. No meu caso, dou por mim, mais que nunca, a fazer música que é influenciada pelo fado mas que, acima de tudo, é a minha sensação fadista. O fado tem que correr outros caminhos e linguagens, mas em termos viscerais tem de ter esse sabor a fado. Nem que seja na atitude.

Daí as suas parcerias com os Corvos, ou com Amélia Muge?

Sim. É essencial. A música continua a ser comunicação.

O que diz da abordagem de Carlos Saura ao fado em Fados?

Ainda não vi o filme... Mas vou ver.

Mas o que pensa do tipo de cruzamentos do fado com outras músicas como se vê nesse filme (e não só)?

O prazer puro de fazer música é tão bonito... Tenho isso com o Ramon [Maschio]. Falamos a mesma linguagem, mas com um sotaque diferente. Isso, na música, tem um sabor fantástico.

O fado é uma música de elite?

Começou com cada pessoa com o seu próprio núcleo, mas não diria de elite. Até porque esta diversidade de pessoas tem trazido diferentes públicos. Alguns cruzam-se, mas há um certo clubismo.

Há clubismo no fado?

É uma coisa que me faz confusão. É preciso ir à Holanda para os ver falar sobre as várias fadistas sem serem redutores. Só em Portugal se fala por comparação. Talvez seja importante... Mas pergunto para quê? Se gosto de ver concertos de outras fadistas, não é para me comparar... Gosto de me aperceber das diferenças e saber o que cada pessoa tem para me dar. Somos tão diferentes e há lugar para todos nós.

O que a levou ao fado como profissional?

Cantava já no meio fadista, mas com uma colagem gigante à Amália. A minha dúvida era sobre o que haveria de cantar para o grande público me querer ouvir. E o João [Gil] descobriu que tinha uma ou outra coisa escrita. E aí tudo ganhou uma outra forma.

para maria

«Amo contar a história mais do que cantar»

Depois das oito noites de sucesso no Jardim de Inverno, Abril

regressa esta noite ao São Luiz. A cantora leva, desta vez, ao palco principal do teatro, a sua homenagem a Zeca Afonso, o mestre que nunca conheceu e a quem continua a chamar «um amigo do gira-discos».

Margarida Caetano | mcaetano@destak.pt

Não ouve Zeca só de agora. Este disco andava atrasado?
Se quer que lhe diga, comecei a ouvir Zeca muito antes de ouvir Amália. Ouvia-o em adolescente, senão mesmo em criança. A Amália surgiu na minha vida muito mais tarde. Só que de facto foi ela que me tocou. Se comecei a cantar foi pela mão ou voz da Amália, pela sua capacidade de contar histórias. Isso interessou-me de sobremaneira. O Zeca teve o papel de ser um amigo dos gira-discos, como eu digo no livrinho que conta do Abril. Os discos dele estavam sempre ali, sempre à mão, sempre se ouviram e trautearam temas dele na minha casa.

Dois mestres, dois tributos?
Fiz o mesmo com a Amália, se bem que a minha homenagem a ela foi aprender a cantar fado mais tradicional, que era uma coisa que nunca tinha feito antes. Mas depois pensar, não posso cantar Amália e não cantar também Zeca Afonso porque ele também me ensinou a crescer.

Amália, já o disse, ensinou-lhe fado e histórias. E Zeca, foi mestre em quê?
A ensinar-me a simplicidade. E, de facto, acho que aprendi bem e fui uma boa pupila. Acho que a súmula é um disco do Zeca no feminino.

Quer explicar melhor essa ideia?
Tem a delicadeza que só uma mulher lhe poderia dar. Sou muito orgulhosa disso. Enquanto o gravava cheguei a achar que me estava a colar demasiado à imagem do Zeca, só que ele tem uma linguagem tão depurada e simplificadora das coisas que não há outra forma de se cantar, senão daquele jeito e maneira!...

Depois de se ouvir esse receio diluiu-se?
Completamente! Eu estou ali toda. Nesse sentido é um disco muito Cristina Branco.

Um CD chegou para recolher todos os embriões do Zeca?
Seleccionei 20 e no final decidi gravar 16. Os que ficaram de fora, e que eu amo de igual forma, faço-os ao vivo. Creio que os que estão lá são, para mim, os fundamentais. No caso do Zeca nada é supérfluo, mas considero-os menos importantes no seu reportório. Há uma ordem cronológica e à vida do Zeca, enquanto homem e cantor, desde a ruptura com o fado de Coimbra, passando por África e pelas baladas. Está ali um bocadinho de cada momento.

Recorda-se do instante em que Zeca morreu e Portugal soube?
Perfeitamente! Os meus pais ficaram incomodadíssimos. Era um nome e uma voz presente entre nós e, apesar de ser só o cantor do meu gira-discos, foi a primeira vez em que convivi de mais perto com a morte. E, como eu, vi muitas pessoas chorarem, lá fora na rua, nos cafés e na tv.
É tão dramático perceber o quão importantes algumas pessoas são na nossa vida...É como se as conhecêssemos. Nunca nos apertamos a mão, nunca falámos nem privámos com elas, e no entanto, quando nos desaparecem do presente, percebemos que nos fazem falta.

Aconteceu o mesmo quando Amália morreu.
Aí, então, lembro-me perfeitamente. Eu até já cantava! Recebi a notícia, fora de Portugal, e fez-me imensa confusão.

Fado, lágrimas, discos de homenagem: sente-se uma eterna órfã?
Sei que sinto uma perda inestimável que o fado não consola e as lágrimas não exprimem. Há qualquer coisa de mim que se perde no instante da morte de alguns outros. Foi igual quando morreram Álvaro Cunhal e Eduardo Prado Coelho.

Este último, aliás, seu admirador atento e confesso.
Apostou e acreditou em mim desde o início. Foi muito importante no meu percurso de cantora.

"Abril" é tudo menos um álbum curvado de mágoas.
Porque o Zeca era o contrário disso! Era quase uma criança. A começar pela forma como gostava de brincar com as palavras. Apesar de ter uma relação íntima com a doença e ser até um pouco hipocondríaco, era muito ligado à vida. A expressão maior da sua liberdade era ser quase sardónico consigo mesmo.

Até parece que o conheceu. Quem é que lhe contou tantas coisas do Zeca?
Esta é a parte gratificante de concertos em espaços intimistas como o do S. Luiz.

Refere-se aos espectáculos no Jardim de Inverno, a convite do Jorge Salavisa?
Sim. Fui cheia de vontade de amar o Zeca em palco, com tudo o que tinha para dizer a partir do que aprendera dele. E depois, durante aquelas noites que lá estive, vi surgir entre aquelas quatro paredes pessoas que no fim vinham partilhar comigo mais qualquer coisa que desconhecia. Porque todos os amigos do Zeca ali estiveram: políticos, amigos íntimos, colegas de profissão e luta, família, todos. Foram momentos impressionantes de harmonia, consenso, coisas a que nunca na vida tinha assistido. Foi preciso estar a cantar Zeca para as ver acontecer!

Esta noite, no regresso ao S. Luiz, espera reviver um momento idêntico?
Há coisas únicas, mas aprendi que quando o assunto é o Zeca, toda a gente tem sempre alguma coisa para dizer. É como se nos sentássemos todos à mesma mesa a saborear uma pessoa decisiva na cultura portuguesa.

Percebe-se que preparou "Abril". Foi crucial?
Não gosto de cantar nada levianamente. Li muitos livros e falei com quase todos os jornalistas que o entrevistaram, amigos, etc. Foi importantíssimo para absorver a sua energia e música. Cantei-o de forma muito mais tranquila.

Na digressão sobre Amália, já ia cantando este novo CD.
Depois de cantar um poema do pré-revolução do Pedro Homem de Mello, abro a 2.ª parte com ele. Explico que estava preso, quando fez o "Redondo Vocábulo", o que foi a ditadura e qual a importância da liberdade para todos nós. Gosto de narrar a história.

Já o disse: aprendeu a contar com ‘A Cantadeira'?
(Risos) Toda a gente a venera pelo seu grande potencial. Eu amo a Amália pelo outro lado. Não a parte sombria. Gosto de a imaginar na tranquilidade de absorver os poemas, a contemplá-los e a tentar perceber o que tem de si para lhes dar. É assim que eu quero ser porque, no fundo, é assim que eu sou. Mais do que a experiência vocal que possa ter adquirido em todos estes anos de palco, quero respeitar quem escreve e compõe. Quero nunca desvirtuar o que quiseram dizer. Amo contar a história mais do que cantar.

Daí que os seus concertos tenham cada vez menos música?
Exacto. Já se canta quando se conta. Os músicos cada vez tocam menos. Eu cada vez canto menos. Sendo que a música nunca desaparece, mas (a começar por mim) ninguém tem que fazer muitos floreados porque a história está toda ali. Quando existe sinceridade e convicção naquilo que se está a fazer não é preciso fazer grande folclore à volta. Gosto que a minha música seja como a água: vá passando.

8 de dezembro de 2007

Janita Salomé | Vinho dos Amantes


Janita Salomé
Vinho dos Amantes

Som Livre, 2007

Dizem que o vinho do Porto, quanto mais velho, melhor. A música de Janita Salomé parece entrar no mesmo sistema de amadurecimento, apresentando-nos este ano o seu mais recente trabalho "Vinho dos amantes", sonoramente coerente e bem estruturado. Nele somos convidados a sermos partícipes dum banquete etílico de melodias rurais e urbanas, que tanto nos situam no sossego alentejano do Redondo, vila natal do músico e compositor, como recordam a aridez do norte de África ou geografia urbana de Coimbra.

De feito, as referências ao vinho e aos seus efeitos são o eixo central deste disco, que se assume como uma ode à vida, de preferência embriagada pela poesia, virtude e amor, transformando cada segundo e sentido numa intensidade plena de emoções, que o vinho agudiza como unha hipérbole natural.

E é também de poesia que este disco é feito, reunindo palavras delicadas e sarcásticas em torno do "néctar dos deuses", escritas por poetas sempre actuais: Camilo Pessanha, Hélia Correia, José Jorge Letria, Charles Baudelaire e António Aleixo, entre outros.

Por outro lado, este disco é um explorar de novas sonoridades, o humor e a melancolia portugueses, mas sem perder a musicalidade que mais e melhor o define, ou seja, o jeito próprio de cantar do Alentejo e as evocações arábico-andaluzes. Aliás, é de referir que Janita Salomé vem desenvolvendo um importante labor de recolha da tradição musical alentejana, plasmada na sua vasta carreira musical, desde Melro (1980), passando por Cantar ao sol (1983), Lavrar em teu peito (1985), Olho de fogo (1987), A cantar à lua (1991), Raiano (1994), Vozes do sul (2000) e Tão pouco e tanto (2003), tendo colaborado com destacáveis músicos portugueses, tais como Zeca Afonso, Júlio Pereira, José Mário Branco e Brigada Victor Jara, entre outros, aclamado pela crítica e ganhador de vários prémios.

Venha vinho diz o dito popular, e venham mais discos do Janita!

Sara Louraço Vidal, 2007
Alinhamento
  1. Maçãs de Zagora
  2. A Estrela do Vinho
  3. Escadinhas do Alto
  4. Embriagai-vos
  5. O Vinho dos Amantes
  6. Fragmentos
  7. No Banquete
  8. Ode ao Vinho
  9. Quadras
  10. O Mapa Errante
  11. Caminho III
Produção musical: Janita Salomé e Mário Delgado
Produção executiva: Janita Salomé e Vachier&Associados
Gravado, misturado e masterizado por Artur David no Estúdio Praça das Flores entre Maio e Agosto de 2006.
maçãs de zagora
vinho dos amantes, 2007

7 de dezembro de 2007

Um Homem no Fado

Carlos Manuel Moutinho, vulgo Camané, já todos os críticos o adjectivaram, é o Príncipe do fado, o descendente de Amália, o autêntico do fado… Todas estas definições descrevem Camané que, de facto, é a alma e a voz do fado. É difícil encaixar, se é que é possível colocar alguém em caixas, o Camané. Será que é um dos membros da nova geração de fadistas a que pertencem Mariza e Mafalda Arnauth, ou da geração tradicional de Amália e Carlos do Carmo, resistindo como o último dos nobres desta arte? Como Camané diz, o fado é uma música de uma profundidade enorme e deve ser conhecida por todos, mesmo que tenham preconceitos. Façam como os estrangeiros quando ouvem fado. Fechem os olhos e deixem-se levar pelos sentimentos que em nós desperta. A guitarra que se junta a voz e à palavra, criando uma das mais ricas tradições mundiais, porque poucas músicas se podem gabar de cantar Pessoa, Camões, Garrett, Pedro Homem de Mello e Sophia de Mello Breyner, entre outros. E, porque se dizem que Portugal é um país de poetas, o fado nasceu para os cantar.

A entrevista decorreu aquando da vinda de Camané a Santa Maria da Feira, ao Cine-Teatro António Lamoso. O resultado foi uma conversa franca e de extrema sensibilidade e honestidade nas respostas de Camané.

Quais são as diferenças entre actuar em Casas de Fado, onde começou a sua aprendizagem como fadista, e actuar em auditórios? Já chegou mesmo a actuar nos festivais de Verão, como o Sudoeste, embora no projecto Humanos.

Tenho cantado em diversos espaços. Ainda há tempos, com o Carlos do Carmo, tocamos para 25 mil pessoas em Lisboa, cantei para 12 mil pessoas no anfiteatro Keill do Amaral, e para muitos outros milhares nos festivais de Verão. Mas são casos pontuais porque o habitual é tocar em auditórios com um máximo de 700 a 800 pessoas. A verdade é que já não canto em Casas de Fados há muitos anos. Estas foram muito importantes para mim porque há uma grande empatia que se cria entre quem canta e quem ouve. Esta empatia é sempre uma incógnita. Correr bem ou não também tem a ver com o público, que nunca é o mesmo. São espaços completamente diferentes, mas acho que se pode criar uma melhor empatia com o público num palco de que numa Casa de Fado porque hoje são essencialmente sítios turísticos. Já não são o que eram.

Perderam a sua autenticidade?

Muitas delas. Mas continuam a existir noites fantásticas em Casas de Fado que foram o meu sítio para aprender, a minha oficina. No entanto, o espectáculo em palco foi a melhor opção que eu tomei para o meu trabalho, apesar de ter sido um trabalho difícil criar um circuito onde pudesse mostrar aquilo que faço e abandonar as Casas de Fado.

Nos últimos anos fala-se, ouve-se e discute-se o fado cada vez mais. Acha que Portugal mudou de atitude perante o fado?

Algumas pessoas sim. Eu continuo a acreditar e a sentir que existem muitas pessoas que têm –e assumem - uma imagem muito preconceituosa do fado. Isto tem a ver com uma certa ignorância perante o fado, porque as pessoas ainda não se aperceberam que tem uma música com uma personalidade melódica fortíssima e que resiste há 150 anos. O fado está cheio de personalidade e representa um património riquíssimo. O problema é que o fado mexe com muitos fantasmas e vergonhas das pessoas, o quem faz com que ainda não tenha o devido valor em alguns meios intelectuais portugueses.

P:Esse preconceito de que fala vem do pós-25 de Abril e das décadas de 1980 e 1990, ou já é anterior à revolução?

R:Já vinha de antes. Esse preconceito existiu sempre, mas evidenciou-se no pós-25 de Abril devido a uma suposta ligação do fado ao antigo regime, o que nunca aconteceu. Houve um aproveitamento político do fado dado que as casas de fado acabavam por ser um local frequentado por pessoas ligadas ao regime e onde estas gastavam o seu dinheiro. No fundo as Casa de fado viviam dos clientes que pudessem gastar e pagar os seus elencos e por isso talvez existisse uma relação próxima entre os membros do regime e os donos das casas de fado. O antigo regime também se aproveitou de pessoas como a Amália mas depois, em democracia, os Governos de todos os partidos políticos também o fizeram e aproveitaram-se da dimensão artística e pessoal que a Amália tinha no mundo. Foi sempre um erro conotar o fado ao antigo regime, o que criou muitos problemas a diversos artistas que sofreram injustamente por causa disso.

P:Como é que surge a ligação do Camané ao fado? Nasce-se fadista?

R:As duas coisas. A minha ligação ao fado já vem desde o meu bisavô, ou até antes. Os meus pais ouviam em casa e eu tinha acesso aos discos da Amália, do Marceneiro, e de todos que cantavam. Eu ouvia-os compulsivamente quando tinha sete anos e tinha essa música como a minha principal. Ao início achava-a estranhíssima, mas depois assimilei-a, bem como a característica de canto. E isso é algo que já nasce de nós e tornou-se cada vez mais evidente que o fado nasceu comigo. Quando o comecei a ouvir assimilei todas as suas características e mesmo quando já não o cantava e ouvia outros estilos musicais, isto quando tinha 14 ou 15 anos, ao cantar bossa nova e rock eu tinha sempre aquela nuance do fado na minha voz. Eu queria ser cantor, mas não sabia o que queria cantar. Apercebi-me então que só poderia cantar fado, não sendo possível fugir porque a minha característica de canto já era essa. Era no fado que me sentia como peixe na água. Aos 17 anos decidi ser fadista mesmo já tendo cantado de forma demasiado exposta aos 10 e 11 anos depois de ter ganho a Grande Noite de Fados, no que foi a minha primeira abordagem ao fado. Depois procurei outros caminhos musicais, mas voltei ao fado.

P:Hoje em dia fala-se muito na existência de duas gerações do fado. Onde é que o Camané se encaixa? Ou serve de elo de ligação?

R:É possível que seja a ligação visto que eu cresci no meio do fado e não me considero da nova geração porque o meu percurso no fado tem muitos mais anos.

P:O Camané já cantou Antero de Quental, António Botto, David Mourão-Ferreira, Manuela de Freitas, Amélia Muge, entre outros. Como se escolhe um poema para ser fado? É uma escolha natural ou é procurada?

R:Há uma procura. O Antero, o Botto e o Pessoa são poetas clássicos, não precisam de ser cantados porque a sua poesia vale por ela própria. Mas dignificam o meu trabalho. Existem muitas quadras ao gosto popular, do Pessoa, que fazem todo o sentido ser cantadas. Outros poemas não, porque têm uma subjectividade muito grande. São poemas de grande reflexão apesar do fado, enquanto música, obrigar à reflexão e aos sentimentos, mas de uma forma mais simples. É esta procura que aparece nos poemas que eu canto. Eu também já cantei muito Pedro Homem de Mello porque gosto muito dele e está muito ligado ao mundo do fado. Foi descoberto para o fado pela Amália e fascinou-se por ela. Desenvolveu um trabalho excelente. Ele tinha poemas muito bons e que a Amália não cantou porque ela não gostava de cantar poemas que tinham temas como a morte ou certas palavras que a Amália não gostava de dizer. E eu procuro os poemas que nunca ninguém cantou. Quer o Pedro Homem de Mello quer o David tinham muitos poemas por onde escolher e eu tive a sorte de os encontrar. Faz-me sentido essa procura. Mas também há palavras que não gosto de utilizar na minha forma de cantar.

P:Ao nível da produção todos os seus álbuns foram assinados pelo José Mário Branco. Como é trabalhar com ele?

R:É fantástico e tenho aprendido muito. Quando comecei a gravar queria encontrar um som próprio para o meu fado e que fosse autêntico. Tive que ir à procura de alguém que entendesse isso e que não o quisesse desvirtuar, o que acontece muito. Eu não deixaria que comigo isso acontecesse. O Zé Mário teve essa percepção e entendeu o fado da forma como eu também o vejo. Por outro lado queria um rigor e um ambiente musical que fosse transportado para os meus discos porque chateava-me ouvir discos de fado e todos eram iguais, porque tinham os mesmos músicos e introduções. Eu queria fazer algo diferente e tive que pedir ajuda ao Zé Mário, enquanto músico de grande sensibilidade e de grande rigor e criatividade. Só podia ser ele a fazer essas coisas e o meu encontro com ele foi fabuloso.

P:Vai sair agora o seu novo álbum, após um hiato de 6 anos. Que novidades é que já podem ser reveladas?

R:Tenho algumas canções que já estão prontas. Uma do Sérgio Godinho, outra do Mário Laginha, que eu já cantei, e outras que ainda faz sentido preservar e manter em segredo até o álbum estar pronto porque ainda vão fazer parte de uma escolha final, em que vou ter que decidir quais delas é que vão ficar. Vou também cantar poemas da Manuela de Freitas e de outros poetas actuais. Em princípio vão existir dois fados do Jacinto Lucas Pires já que eu gostei muito dos poemas.

P:Além do projecto Humanos, cantou com o Sérgio Godinho, Xutos & Pontapés e, por duas vezes, em Outras Canções e Outras Canções II, percorreu outros universos musicais como a bossa nova, a canção francesa e a Brodway. Necessita dessa diversidade?

R:Necessidade pessoal, sim! Eu gosto muito de estar sempre a trabalhar e esses projectos foram um prazer enorme. A necessidade, essa está no fado. O projecto Humanos foi feito em grupo. Tive pessoas a fazerem muitas coisas e a ajudarem-me imenso. Tinha a “papinha toda feita”, músicos que estavam a produzir o disco e que me diziam que apenas tinha que cantar e criar um ambiente para essas canções que o resto eles tratavam. Deu para confiar porque eles são muito bons. O Rafa, o Hélder Gonçalves, a Manuela, o David, o João Cardoso, o Serginho e todos os outros que estavam no projecto. As músicas foram distribuídas de forma brilhante e eu nunca conseguiria chegar lá se não fosse por todos os outros membros.

P:Em Outubro, saiu o filme Fados de Carlos Saura. Como surge a sua participação no filme?

R:Fui convidado e foi um projecto em que gostei imenso de participar. É um filme que apresenta o fado numa visão de alguém que não é português e que tem um sentido estético muito bonito. Por tudo isto valeu a pena participar no filme.

P:Tem sido sempre muito elogiado. O Miguel Esteves Cardoso chamou-o de Príncipe do Fado, João Lisboa do Expresso escreveu que “se andam à procura de uma nova Amália fiquem a saber que é homem e chama-se Camané”. Como é que lida com estes elogios? São postos de parte ou recebidos com um sorriso de quem vê o seu trabalho reconhecido?

R:É isso mesmo. Levam-me a fazer sempre o melhor possível e continuar a fazer o meu trabalho sem ceder, sem aligeirar, e sem andar à procura de me exibir. Ser eu próprio e continuar a sê-lo. Foi e é assim que as coisas foram acontecendo. Eu não sei viver de outra maneira.

P:Como sempre? Como dantes?

R:Exactamente.

fonte ~ jornal labor

triste sorte

6 de dezembro de 2007

O fado é a melhor forma de expressão

Kátia Guerreiro tem 32 anos. É reconhecida pelo público como uma das mais bonitas vozes da actualidade. A médica, que é também fadista, regressa hoje a público, com um concerto no Convento de São Francisco.

DIÁRIO AS BEIRAS(DB) - Quando é que começou a cantar fado?
KÁTIA GUERREIRO (KG) - Foram amigos que me foram desafiando para cantar, porque gostavam de me ouvir. Um dia, fui a uma casa de fados, com alguns deles, que me denunciaram e, perante uma audiência de luxo do mundo do fado, fui obrigada a cantar. A partir daí, recebi convites para participar em pequenas actuações, até que o João Braga me contacta para cantar no 1.º aniversário sobre a morte de Amália, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Fui. Tinha acabado o curso de Medicina e pensava que a minha vida estava determinada nesse sentido. Afinal, não. Nunca mais parei, apesar de prosseguir como médica.

DB - Como define o papel que o fado tem na sua vida?
KG - O fado ganhou um papel de equilíbrio das minhas emoções e de ajuda no auto-conhecimento.

DB- Recorda-se da sensação que teve dos primeiros sucessos?
KG - Recordo-me da enorme surpresa que foi, para mim, cantar em sítios tão longínquos e ser acarinhada e tratada como uma enorme artista.

DB - Tem sido muito falada pela crítica internacional. Qual a sensação de saber que também é reconhecida no estrangeiro?
KG - Na verdade, acho que sou mais falada no estrangeiro do que em Portugal, mas não tenho qualquer ressentimento por isso. Sei que ando a construir uma carreira segura e com crescimento gradual.

DB - De todos os álbuns, qual foi o que lhe deu maior gozo ?
KG- Todos me deram. É difícil eleger um. Talvez no último me tenha envolvido mais com os autores de poemas e músicas, tendo eu também participado na composição de alguns temas. Mas tive também um gosto especial no “Nas Mãos do Fado” . Porém, o “Fado Maior” foi o primeiro e, talvez, o das descobertas... Não sei dizer...

DB - Já começaram as comparações com a Amália? Como é que as encara?
KG - Sim. Desde o primeiro dia, em que fui ao Coliseu, e um crítico escreveu que “um fantasma pairou no Coliseu”, o que me assustou imenso. Mas, no fundo, percebo que, após o desaparecimento de um grande valor como Amália, todos procurem encontrar um substituto. Não tenho medo das comparações, pois sei que estarei sempre a perder, mas o facto de o fazerem acaba por ser gratificante.

DB - A Medicina é compatível com a música?
KG - Claro que é. Há médicos escritores e pintores, sempre houve. A música acaba por ser apenas uma vertente artística diferente dessas, mas não menos interessante, para um médico.

DB - Muitos fadistas consideram que o fado tem uma dimensão existencial. Identifica-se com essa ideia?
KG - Quem pensar no fado como um ofício não é fadista. Tem de se ser muito especial para se cantar o fado com verdade. Eu não me lembro de, alguma vez, ter entrado no palco sem me entregar completamente ao que fazia. Vai para além do ofício, vai para além da obrigação. E só assim é que as pessoas se sentem tocadas. Quando não é verdade, o público não se deixa enganar por muito tempo.

DB- Volta agora, com este espectáculo, aos concertos ao público. Quais as expectativas?
KG - Que o público que me vai ouvir receba o que faço de forma genuína e que se entregue. E é assim que acontece fado.

2 de dezembro de 2007

António Pinto Basto celebra 35 anos de carreira com novo disco e espectáculo no Casino Estoril

O fadista António Pinto Basto celebra 35 anos de carreira com a edição de um novo disco, Bodas de coral, e a sua apresentação, domingo, no Casino Estoril.

O álbum, editado pela Zona Música, é apresentado no âmbito do ciclo O fado volta ao casino que decorre desde Setembro todos os domingos, pelas 22h, no Teatro-Auditório daquele equipamento lúdico-cultural.

O álbum marca a estreia de Pinto Basto, aos 55 anos, como letrista, com o tema Madrigal para Amália, uma homenagem a Amália Rodrigues.

«Certo dia encontrei-me com a Amália, ao cumprimentá-la, ela com aquele seu sorriso simpático e maroto, fez-me uma festa na cara e disse-me: 'Ah, se eu tivesse menos 50 anos…'. Não pude ficar indiferente e retorqui-lhe com este poema que mais tarde lhe fiz chegar às mãos e que se completa agora com música também de minha autoria», explicou.

Esta não é aliás a única música que assina no CD. De sua autoria são ainda Gostava (Vasco Telles da Gama) e O castanheiro (João de Vasconcellos e Sá).

O álbum que apresentará domingo à noite totaliza 15 temas com letras de Manuel Alcobia, Rosa Lobato Faria, Castro Infante ou Tiago Torres da Silva, entre outros, interpretadas em fados tradicionais como o Proença, Zé Negro, Franklin de quadras ou Triplicado.

«Há necessariamente um regresso ao tradicional, aquilo que ficará para sempre e que permite adaptarmos letras diferentes», disse.

«Por outro lado - acrescentou - são as músicas que todos sabem e que se cantam nas noites de fado amador».

A acompanhar Pinto Basto no teatro-auditório estarão os mesmos músicos que gravaram o álbum: José Luís Nobre Costa na guitarra portuguesa, Francisco Gonçalves na viola e Armando Figueiredo na viola-baixo.

Mas ao palco sobem também alguns convidados, alguns nomes com quem Pinto Basto realizou duetos ao longo dos 35 anos de carreira: Teresa Siqueira, José Gonçalez, Maria João Quadros, José da Câmara e Teresa Tapadas.

«Ausentes, por se encontrarem fora e em trabalho, estarão Paula Varela Cid, Dulce Guimarães, Maria Armanda e o duo uruguaio Nelson & Leonor», afirmou.

Foi nos 35 anos de carreira que o criador de Ó Portela se inspirou para intitular o álbum.

«Convencionou-se celebrar os 35 anos de casamento como bodas de coral, pois há 35 anos que estou casado com o fado, tudo começou em 1970, e este álbum está na forja há já dois anos», explicou.

«Ainda estudava engenharia quando comecei a gravar EP e a aparecer na televisão a cantar fado», recordou.

De 1974 até 1988 decidiu não gravar mas não deixou de se apresentar em público, quer em Portugal quer no estrangeiro.

Em 1988 editou o seu primeiro LP, Rosa branca, que foi disco de Ouro pelas vendas, tendo nesse ano realizado mais de 120 espectáculos.

Na década de 1990 surge o seu terceiro LP, Confidências à guitarra e prossegue as digressões tanto em Portugal como pelo estrangeiro.

Nesta década além de pela primeira vez ir ao Canadá, inicia um périplo com a Orquestra Chinesa de Macau.

No final desta década apresenta-se em S. Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil.

Volvidos 35 anos, António Pinto Basto considera que «o fado vive um momento alto, nas está mais industrializado, mas dentro do 'showbiz', o que lhe retira um certa maneira doméstica de ser e fazer».

Quanto ao futuro «há vários espectáculos em agenda».

«Um deles que me dá muito gosto - continuou - é para os alunos do 8.º ano do Colégio Militar que demonstra que há interesse dos jovens pelo fado».

Quanto à experiência como letrista, considera que «ficará por aqui».
fonte ~ sol

fado do grupo de forcados amadores de évora