25 de março de 2011

Em Abril, "Retoques" mil!


Colha, Recolha. Toque, Retoque. Cante, Recante.

Quando se fala de canções tradicionais costuma falar-se, muito justamente, de raízes. Mas também se pode dizer que cada canção antiga é um fruto que se pode colher directamente da árvore. Uma laranja pode comer-se assim, é só descascar e pronto. As amoras também – nem casca que se veja têm – mas, se forem a ferver e se juntar açúcar, tornam-se compota. O limão pode dar em chá e a menta também (mas esta também pode dar em pastilha elástica ou em sabor de cigarro). A maçã dá sidra, o medronho a aguardente. E as uvas, essas, podem dar mil vinhos diferentes.

Agora, imagine-se uma videira que cresceu nas encostas da Serra do Caramulo. As suas uvas podem ser de casta Castelão ou Touriga, Alfrocheiro ou Bical, Baga ou Arinto, Fernão Pires ou Tinto Cão, mas sabe-se que, dali, das castas da Bairrada estes genes ficam ainda melhores – e dão novos e excitantes sabores – se misturados com genes estranhos ou estrangeiros: Cabernet Sauvignon ou Pinot-Noir, Chardonnay ou Merlot. Ficam, assim, vinhos tradicionais embora estrangeirados, lá da terra mas com um sabor novo e diferente, a fazer justiça às velhas vinhas mas com o viço próprio de inventivos e revolucionários enxertos.

A música dos Toques do Caramulo também é assim. Em “Retoques”, o seu primeiro álbum de estúdio – que sucede a “Toques do Caramulo... é ao Vivo!” (2007) –, o grupo de Águeda vai de novo buscar as antigas canções que vieram da Serra e por eles foram apre(e)ndidos há muito – no Cancioneiro, na Orquestra Típica, junto de pais e avós – mas com tudo o que também aprenderam de outras músicas a meter-se pela tradição dentro. Não por acaso, o álbum começa com uma homenagem a Américo Fernandes (que foi maestro da Orquestra Típica de Águeda) e termina com uma remistura da “Trigueirinha” onde surge, por entre as electrónicas, a voz de David Fernandes, numa ligação, digamos umbilical, às raízes desta música. Mas também lá estão os perfumes da música africana, do jazz, do flamenco e da folk galega, do klezmer e dos Balcãs, para além da sombra assumida e tutelar de grandes cantautores nacionais como Fausto ou José Afonso, a mostrar que muitas músicas, tal como as boas castas de uvas, podem misturar-se livremente e contribuir para uma música nova. E tal como Luís Fernandes – o responsável da maior parte dos arranjos – e os seus companheiros as imaginam e nos dão, assim, a saborear.

No novo álbum, gravado no estúdio que pertence à d'Orfeu – o gravad'Or –, os Toques do Caramulo tiveram algumas preciosas ajudas: o Coro Infantil da Emtrad' participa em “Olha Para a Água”; Sara Vidal, a magnífica cantora portuguesa do grupo galego Luar na Lubre, dá voz e pandeireta galega a “O Brio das Raparigas”, “Pedrinhas da Fonte” e “Trigueirinha”; João André Lourenço toca cajón em “O Brio das Raparigas”; Abílio Liberal (tuba) em “Laranjinha”; e o arquivo d'O Cancioneiro de Águeda forneceu os samples que se ouvem em “Já Vou Chegando à Serra”, “Pedrinhas da Fonte” e “Trigueirinha Remix”. E, finalmente mas não em último lugar, Rui Oliveira foi o incansável escanção que – com tempo, sabedoria e um amor enorme – reuniu todos os sabores deste vinho novo.

“Retoques” – com selo d'Eurídice, o braço editorial da d'Orfeu – chega às lojas no início de Abril.

António Pires
fonte - comunicado de imprensa


Digressão 2011
09 Abril ACERT, Tondela
10 Abril FNAC Viseu
14 Abril Contagiarte, Porto
15 Abril FNAC Santa Catarina, Porto
15 Abril FNAC GaiaShopping, Vila Nova de Gaia
16 Abril FNAC Braga
16 Abril FNAC Guimarães
17 Abril FNAC MarShopping, Matosinhos
22 Abril FNAC Coimbra
22 Abril FNAC Leiria
23 Abril FNAC Alfragide
23 Abril FNAC Cascais
24 Abril FNAC Vasco da Gama, Lisboa
24 Abril FNAC Colombo, Lisboa
25 Abril Fórum Romeu Correia - Auditório Fernando Lopes Graça, Almada

09 Julho Festival Maia Folk, Santa Maria - Açores
23 Julho AgitÁgueda, Águeda


Os Toques do Caramulo são:
Luís Fernandes voz, braguesa, acordeão, piano
Aníbal Almeida rabeca
Lara Figueiredo flauta, voz
Francisco Almeida guitarra acústica
Carlos Peninha guitarra eléctrica
Miguel Cardoso contrabaixo
Ricardo Coutinho bateria trad

III Encontro Violas de Arame | 16 e 17 Abr 2011 | Castro Verde

III Encontro de Violas de Arame
16 e 17 de Abril de 2011
Castro Verde

Oficinas:
Viola Campaniça (Pedro Mestre e Manuel Bento)
Viola Braguesa (José Barros)
Viola da Terra (Rafael Carvalho)
Viola de Arame (Vitor Sardinha)
Viola Caipira (Chico Lobo)

Inscreve-te em:
http://www.cm-castroverde.pt/
http://www.pedromestrecampanica.blogspot.com/

envia a ficha de inscrição para:
violasdearame@gmail.com

Pedro Mestre
969415729

Palheta Bendita | 25 a 27 Mar 2011 | Santo Tirso

Sexta dia 25
22h00 – Tertúlia com o guitarrista André Boita e com o construtor de instrumentos Orlando Trindade: «A evolução dos cordofones ocidentais: das origens à actualidade» no Carpe Diem Bar
23h00 - Jam Session / foliada no Carpe Diem Bar


Sábado dia 26
09h30 - Recepção dos inscritos - Escola Secundária Tomaz Pelayo
10h00 - Início das Oficinas
13h00 - Almoço - sede Associação dos Amigos do Sanguinhedo
15h00 - Oficinas - Escola Secundária Tomaz Pelayo
18h00 - Fim das Oficinas
18h30 – Tertúlia com o construtor de instrumentos Orlando Trindade: «Como comecei a construir instrumentos»
20h00 - Jantar - sede da Associação dos Amigos do Sanguinhedo
21h30 – Tertúlia com Napoleão Ribeiro: «Da palheta à gaita-de-fole. Apontamentos históricos e iconográficos» - moinho da Associação dos Amigos do Sanguinhedo
22h30 - Jam Session / foliada - sede Associação dos Amigos do Sanguinhedo

Domingo dia 27
10h00 - Início das Oficinas - Escola Secundária Tomaz Pelayo
13h00 - Almoço - sede da Associação dos Amigos do Sanguinhedo
15h00 - Oficinas - Escola Secundária Tomaz Pelayo
18h00 - Fim das Oficinas
19h00 - Encerramento

Organização:
ACT - Associação Cultural Tirsense
Gaiteiros da Ponte Velha
Telm: 912554432
e-mail: info@palhetabendita.net
url: www.palhetabendita.net

20 de março de 2011

Coro Infantil EMtrad’: as pequenas vozes da d’Orfeu!

O Coro Infantil EMtrad’ participou nas gravações do próximo disco dos Toques do Caramulo.
foto © Léa López | d’Orfeu 2011

O Coro Infantil EMtrad’, com os seus dez elementos, canta todos os Sábados de manhã no Espaço d'Orfeu, na Venda Nova, um repertório que vai da música tradicional portuguesa à italiana, inglesa, israelita e espanhola, passando pela Sérvia de onde é originária a maestrina Stanislava Pavlov, que chegou a Águeda há seis anos atrás.

Depois de várias aparições ao vivo, o Coro Infantil EMtrad’ acaba de participar na gravação do tema “Olha para a Água”, incluído no alinhamento do próximo disco dos “Toques do Caramulo”, a mais reconhecida criação d’Orfeu.

Para esta nova experiência foram todos para a d’Artec, a casa onde se encontra o estúdio de gravação da associação e tiveram a oportunidade de perceber como é difícil gravar um tema. Sem mexer, sem tossir, sem fazer qualquer tipo de ruído, foram captados por Rui Oliveira, director técnico da d’Orfeu, que finaliza neste momento, em estúdio, o novo disco dos Toques, que será lançado no próximo mês de Abril. Esta participação do Coro para o disco foi para uma experiência primordial no contexto da sua aprendizagem e evolução em termos de convívio e desenvolvimento musical.

As inscrições no Coro Infantil estão sempre abertas e a frequência é gratuita para crianças entre os 5 e os 14 anos. Para inscrições ou mais informações, contactar a d’Orfeu Associação Cultural através do e-mail, pelo número 234603164 ou presencialmente na Associação.

fonte ~ comunicado de imprensa

Cursos de instrumentos tradicionais: inscrições abertas violino e bandolim | até 31 Mar 2011| Lisboa

Jorge Fernando e os Proscritos | 22 Abr 2011 | Lisboa

Quando ouvimos falar de Jorge Fernando, imediatamente vem-nos à cabeça os tópicos habituais de "nova geração do fado" e "renovação do fado", ou não fosse ele o compositor de grandes sucessos da Ana Moura e da Mariza, nomeadamente "Os búzios" e "Chuva", entre outros. A justiça é-lhe feita e da fama não se livra, mas Jorge Fernando é Fado transversal e intemporal.
Recuando no tempo, apresenta-nos o novo espectáculo "Jorge Fernando e os Proscritos (na terra da injustiça)", que recupera uma geração de autênticas lendas fadistas, umas mais conhecidas que outras, mas todas elas com valor a (re)descobrir: Filipe Duarte, José Manuel Barreto, José Manuel Rato, António Manuel Pelarigo e Artur Batalha.
Segundo explica Jorge Fernando:
"Ainda há diamantes no activo que por motivos vários não costumam receber a atenção que merecem. O espectáculo vai mostrar algumas dessas vozes. Além dos fados, todos eles vão contar histórias verdadeiras, umas mais divertidas, outras mais sérias, mas todas reais e honestas".
O São Jorge prepara-se, então, para receber um espectáculo profundamente original de veteranos das ruas de Lisboa, que além de grandes momentos da história do fado querem contar as suas vidas, partilhar a sua memória e longa experiência, numa apresentação única. Momento singular que Lisboa não pode mesmo deixar de aplaudir!

Ricardo Rocha | 29 Mar 2011 | Lisboa

Teatro Maria Matos
29 Março | 22h
6€ a 12€

O Teatro Maria Matos vai acolher no dia 29 de Março, às 22h, um concerto único e intimista do guitarrista Ricardo Rocha, que apresentará a solo o espectáculo "Luminismo", numa retrospectiva da sua carreira musical, desde o primeiro album a solo "Voluptuária" (2003).
Neto de Fontes Rocha, figura incontornável da História do Fado e da Guitarra Portuguesa, Ricardo Rocha é já nome consolidado e músico reconhecido, por vezes comparado a Carlos Paredes e a Pedro Caldeira Cabral, consagrando-se como um dos grandes compositores e intérpretes da guitarra portuguesa.

Dazkarieh: novo disco "Ruído do Silêncio" a 21 de Março

Os Dazkarieh estão de regresso com “Ruído do Silêncio”, o seu quinto trabalho de estúdio que será editado no dia 21 de Março de 2011.

Depois de uma digressão internacional que os levou a salas e festivais da Malásia, Alemanha, Áustria, Estónia, Polónia, Espanha e Portugal, a banda regressa com um disco que revela uma banda mais madura e que explora a sua sonoridade já consolidada em volta da música de raíz tradicional assim como, novos caminhos musicais. É inquestionável que o som dos Dazkarieh é único e “Ruído do Silêncio” só o vem comprovar.

Doze temas de música intensa, levam-nos numa viagem pelo imaginário sonoro de Portugal e do Mundo. Composições originais com letras assinadas por Joana Negrão e músicas de Vasco Ribeiro Casais a par e par com arranjos de temas da tradição oral Portuguesa. Mais uma vez explorando os caminhos do passado escutando e tocando recolhas antigas e tornando-as vivas para as novas gerações. Desde a explosão sonora que nunca imaginaríamos sair dos instrumentos acústicos usados, a momentos de grande comtemplação e intimismo.

Em “Ruído do Silêncio” os Dazkarieh contam ainda com a participação dos Velha Gaiteira nas percussões e gaita-de-foles transmontana no tema “Repasseado da Calçada”. Contam também com André Galvão no contrabaixo nos temas “Mazurka da Água”, “Moda da Ceifa I” e “Ruído do Silêncio”.

fonte ~ comunicado de imprensa

Ah fadista! Concurso Fado Almadrava | 2 a 30 Abr 2011 | Tavira


Estão abertas as inscrições para o Concurso de Fado “Ah Fadista”, que visa a descoberta de novos talentos e é aberto a todos os interessados, que se devem inscrever na web da Associação Almadrava.

A direcção musical estará a cargo de Aníbal Vinhas na viola e de Ricardo Martins na guitarra portuguesa, e em cada eliminatória serão apurados três vencedores, com entrada livre para o público em geral e hora marcada para as 22h:
  • 2 de Abril, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Santa Luzia com Sara Gonçalves;
  • 9 de Abril, na Casa do Povo de Santa Catarina da Fonte do Bispo com Luís Manhita;
  • 16 de Abril, no Clube Tavira acolhe com Hélder Coelho;
  • 23 de Abril no Clube Recreativo Cabanense com Cremilde Lourenço.
A final será no dia 30 de Abril, às 21h30, no Cine-Teatro António Pinheiro, com a presença da fadista Cuca Roseta, com um custo de entrada de 5€.

O vencedor ganha 300€, o segundo 150€ e o terceiro 50€, entre outros prémios surpresa.

Atlantihda: album de estreia a 28 de Março

A história dos Atlantihda é contada por seis músicos e uma fadista. Oriundos dos mais distintos géneros musicais, os Atlantihda viajaram pelo mundo da música nacional e internacional, absorvendo várias influências para se encontrarem num projecto que acabaria por ligar a música de raiz tradicional e rural, com aquela que é a nossa música popular urbana: O Fado.

(…) João Campos descobre a sua vocação no Rock e nos Blues quando, mais tarde, vem a descobrir outros instrumentistas e compositores, desde Mark Knofler a Paco de Lucia, ou ainda John Williams a Roland Dyens. Por sua vez, Miguel Teixeira, passou pelo Heavy Metal para mais tarde se debruçar numa vasta escolha de preferências musicais que vão de Carlos Paredes, a Pat Metheny ou Rabih Abou Khalil. Fátima Santos tocava acordeão nos Ranchos Folclóricos da sua aldeia na região de Oliveira do Hospital e com o crescimento como instrumentista acabou por se apaixonar por outros géneros relacionados como as músicas de Ástor Piazzolla, Richard Galliano e Maximilliano Pitoco. Mélanie nasceu em Paris e aos dez anos foi viver para Viana do Castelo, cidade atlântica mais "nortenha" de Portugal onde a música tradicional tem um grande relevo. Aí frequentou tertúlias bem como romarias e, como violoncelista, ingressou muito nova orquestras clássicas absorvendo referências de grandes instrumentistas e compositores como Bach, Rostropovitch, Yo-Yo Ma e Truls Mørk. José Flávio Martins, autor das letras e músico autodidacta, sempre se dedicou à música tradicional. As suas influências misturam-se, tal como os outros elementos da banda, entre grandes ícones internacionais que vão desde os Chieftains a Dead can Dance. Por sua vez, Gisela João é desde sempre e incondicionalmente uma “Fadista”. Nasceu em Barcelos e aos vinte anos foi viver para o Porto, onde iniciou o seu percurso nas casas de fado da “Cidade Invicta” para posteriormente se mudar para Lisboa. A sua escolha musical fora do fado vai desde Ella Fitzgerald a Matthew Herbert ou Sérgio Godinho mas na realidade, é com as vozes de Amália, Lucília do Carmo e Camané, entre outros, com que mais se identifica.

Frederico Pereira, produtor musical, depois de passar pelo conservatório, foi para Londres concluir os seus estudos na área da composição, engenharia de som e produção. Entre as suas preferências, destacam-se alguns compositores como Steve Reich, Philip Glass ou o universo mais eclético de Brian Eno. Depois do contacto com várias culturas tradicionais e contemporâneas de todo o mundo, sentiu uma enorme necessidade de regressar a Portugal e foi feliz no seu regresso, no momento em que encontrou uma série de músicos que tal como ele acreditavam na possibilidade de unir a sensibilidade musical e destreza técnica à autenticidade da música tradicional portuguesa.
Um caminho possível seria reinventar a tradição, pegando em algumas vozes e instrumentos do universo pop, atraindo a guitarra portuguesa para a definir como “Novo Fado”. Em vez disso, os Atlantihda reencontram as raízes da cultura de um povo com história, absorvendo o que de mais genuíno está contido na alma deste projecto. Também aqui se encontram a guitarra braguesa, os adufes, as formas, as melodias e os ritmos que todos vieram a adquirir nas suas “Viagens”, mas numa atitude consciente de que se pode fazer música de raiz popular (escrita ou não), usando uma linguagem contemporânea que parte das vivências de músicos dos nossos dias.

Acima de tudo, o conceito da banda assenta na música tradicional de raiz portuguesa, onde o fado ganha alguma curiosidade e entra neste “território” para se reencontrar e possivelmente, conhecer mais um capítulo da história das suas origens, criando assim “Uma canção genuinamente portuguesa”…

Marisa Dias Antunes
fonte ~ jornal inside

Cuca Roseta: Fado Galante

foto © Sandra Rocha/Kameraphoto

Não é difícil adivinhar: Cuca Roseta vai ser uma estrela. O primeiro disco, há muito prometido, é produzido por Gustavo Santaolalla, músico argentino cheio de grammys no currículo.

A elegância da fadista mede-se pelo traje que (in)veste, a alternativa do guarda-roupa a fugir à tradição do negro-fado. Um chapéu, camisa vermelha, uma saia que brilha, tal como os seus olhos, quando nos fala da canção de Lisboa. A elegância da fadista mede-se pela doçura da sua voz, que não se exibe a troco de nada, tão sedutora como um fado jovem. Cuca Roseta, 29 anos, vai ser uma estrela. Já quase que é. O seu disco de estreia é produzido por Gustavo Santaolalla, um dos maiores produtores do mundo, com 12 grammys e dois Oscars no currículo. Vai ser editado em todo o mundo e ela estará lá, em todo o mundo, a dar concertos. Ela deixa-se guiar pelo brilho. Tem tudo: o nome, o traje, a voz.

Apesar de só ter reconhecido o seu fado aos 18 anos, ter-se tornado fadista não foi um acaso, antes um destino. "Ao princípio, sentia um fascínio, mas aquela música parecia-me um bicho-de-sete-cabeças, porque não é só a melodia, é a escolha do repertório, a experiência de vida... É maravilhoso, é a coisa que eu mais adoro." Uma decisão difícil para uma "menina da linha" ou uma "pita", como a si própria se chama. "Na minha família, não era muito bem vista a hipótese de me tornar cantora, aliás, era uma hipótese que nem sequer se colocava."

Os pais de Cuca são médicos e é sobrinha do ex-ministro da Cultura Pedro Roseta. Cresceu longe das tascas de Alfama e das casas de fado do Bairro Alto. Andou nas Salesianas e poucos poderiam prever que o fado fosse a escolha desta menina de coro. Foi seguindo o caminho que a sua história lhe traçava. Cursou Direito na Universidade Católica, mas, passados dois anos, desistiu. "Senti que não era aquilo o que queria fazer." Mudou-se, então, para Psicologia e levou o curso até ao fim.

'Fado é verdade, nada mais'

Foi ainda durante o curso de Psicologia que o seu amigo de infância Tiago Bettencourt, que cantava com ela no coro da Igreja dos Salesianos, a convidou para integrar os Toranja. Ouviu-se, então, pela primeira vez, a voz de Cuca em disco. Mas antes do segundo álbum abandonou a banda, para se dedicar de corpo e alma ao fado, integrando o elenco do Clube de Fado, de Mário Pacheco, em Alfama.

Não quis apressar o destino. Desde muito cedo, teve propostas para gravar, mas recusou-as. "Havia três editoras interessadas, duas estrangeiras que não entendiam suficientemente o fado; a outra era uma boa editora portuguesa, mas achei que não era ainda tempo." A própria considera "um luxo" recusar tais convites. Mas o facto é que foi compensada pela espera. Um dia, recebeu uma inesperada visita, no Clube de Fado. Não sabia quem eram aqueles argentinos que ali se deslocaram para a ouvir, mas apercebeu-se do efeito que produziu ao cantar. O senhor apresentou-se. O seu nome, Gustavo Santaolalla, nada lhe dizia. "A forma como ele falava da música logo me convenceu." E combinou-se a gravação.

Pelo caminho, teve algumas participações importantes, com destaque para Fados, o filme de Carlos Saura, de 2007, no qual Cuca deu nas vistas pela forma como interpretou Rua do Castelão.

Agora, ao primeiro disco, também comete algumas ousadias, como o tango que canta em tom de fado, inspirada pelo produtor, ou o tema da sua autoria, Nos Teus Braços, que compôs ao piano. "Não há nada que encaixe melhor numa fadista do que cantar as suas próprias palavras." No fim do disco, recita palavras suas: "Cada vez que eu me emocionar inventarei coisas novas, cada vez que eu cantar minha alma sairá pela voz, Fado é verdade, nada mais." Ficamos à espera de outras verdades assim.
Manuel Halpern
fonte ~
visão

OuTonalidades 2011 com mais de 300 grupos candidatos!

Foram exactamente 306 os grupos que se inscreveram para a 15º edição do OuTonalidades - circuito português de música ao vivo, que percorrerá Portugal e a Galiza no próximo Outono, concretamente de 22 de Setembro a 17 de Dezembro. Segue-se a fase de pré-selecção, com uma distinta galeria de Conselheiros.

Oficialmente encerrado o período de candidaturas, as três centenas de grupos candidatos passarão agora por uma pré-selecção, por forma a constituir-se a bolsa restrita de grupos que será disponibilizada aos Espaços de música ao vivo que, em Portugal e na Galiza, acolherão os concertos do 15º OuTonalidades. Os 306 grupos inscritos nesta fase prévia, cujo processo decorreu online no Portal da d’Orfeu, são maioritariamente portugueses e galegos, consolidada que está, pelo quarto ano consecutivo, a parceria com a AGADIC – Axencia Galega das Industrias Culturais, entidade que promove a congénere “Rede Galega de Música ao Vivo”.

Para o processo de pré-selecção de grupos, a d’Orfeu convidou vários músicos, jornalistas e bloggers da praça, que serão os Conselheiros do OuTonalidades 2011:

* Henrique Amaro (locutor Antena 3 / "Portugália")
* Fernando Alvim (locutor Antena 3 / "Prova Oral" e "Alvinex")
* Carlos Guerreiro (músico "Gaiteiros de Lisboa")
* Luís Varatojo (músico "A Naifa")
* Manuel Meirinhos (músico "Galandum Galundaina")
* Luís Rei (blogger "Crónicas da Terra" e radialista "Terra Pura")
* António Pires (jornalista musical, blogger "Raízes e Antenas")
* André Dias (blogger "Rodobalho")


Paralelamente, decorre até 15 de Abril o período de inscrição dos Espaços de música ao vivo interessados em acolher concertos da 15ª edição do principal circuito luso de pequeno formato. Arrancará a 22 de Setembro, mas o OuTonalidades já mexe!

fonte ~ comunicado de imprensa

Terreiro do Fado | 19 Mar a 10 Abr 2011 | Lisboa

A Câmara Municipal de Lisboa está a promover o ciclo de concertos «Terreiro do Fado», que vai decorrer aos sábados, sempre às 18h, no Terreiro do Paço, em Lisboa, na antiga cantina do Ministério das Finanças.

A entrada é livre e conta com o seguinte programa:

19 de Março – Filipa Cardoso e Liliana Silva
20 de Março – Vanessa Alves e Vânia Duarte
26 de Março – Ana Sofia Varela e Vanessa Alves
27 de Março – Tânia Oleiro e Filipa Cardoso
02 de Abril – Vanessa Alves e Liliana Silva
03 de Abril – Filipa Cardoso e Vânia Duarte
09 de Abril - Filipa Cardoso e Ana Sofia Varela
10 de Abril – Vanessa Alves e Tânia Oleiro