30 de junho de 2010

Argentina Santos: "Não quero que toda a gente sinta o fado como eu, seria uma tristeza"

Marcou a entrevista para a hora do chá e, à chegada do gravador e da máquina fotográfica, tinha bule e torradas prontas. "Os senhores vêm do jornal? Sentem-se, por favor, que já sei que isto não vai demorar cinco minutos." Argentina Santos, 86 anos, 62 de carreira, gere a casa de fados Parreirinha de Alfama e faz de cada resposta uma história curiosa de outros tempos. Não vale a pena falar do AVC que sofreu no ano passado nem de "gente que não interessa". O seu é um dos grandes nomes da história do fado e basta-lhe recordar poemas e desamores para se desfazer em lágrimas.

Vai ser homenageada esta semana, a segunda vez este ano.

Sim, mas a primeira foi muito ao de leve, passou despercebida. Sei que muita gente só me vai conhecer agora, mas eu já estou aqui [na casa de fados] há 62 anos. Mas não tenho vaidade. Nem nunca fui às rádios pedir para pôr um disco meu. Nada disso. Mas estou cá. Entrei aqui ainda não tinha 24 anos. E vou fazer 87.

Quando?

A 6 de Fevereiro.

Não tem vaidade. Mas tem orgulho?

Sim, isso sim. E fico em polvorosa quando ouço falar em mim. Numa destas noites estava a chegar a casa, ainda não eram duas da manhã, e ouvi o meu nome na rádio. Estavam a falar da festa. Fiquei... As lágrimas vieram-me logo aos olhos.

Quer isso dizer que olha para trás e fica satisfeita, conseguiu fazer o queria.

Isso nem eu nem ninguém. O mundo ainda estaria pior se toda a gente fizesse aquilo que quer. A gente só faz aquilo que pode, aquilo que nos deixam, e isso já é bom.

Deixaram-na fazer muita coisa?

Foi complicado... mas isso já passou.

Mas não desaparece.

Sim, é como o vinho, quando está bom ganha aquele resíduo. Essa parte não se bebe, o resto é que conta.

Ainda canta todos os dias?

Canto quando é preciso cantar, quando tenho público que gosta de fado. Agora se é público que gosta de marchas e palminhas, eu não sei fazer isso.

Quem vem à Parreirinha são os turistas ou são sobretudo portugueses?

Tenho de tudo um pouco. E os estrangeiros, a maioria, já sabe o que é fado e o que é bater palmas.

As palmas aborrecem-na?

Não, isso não me aborrece nada. As pessoas quando vêm de férias vêm para se divertir, não para um velório. Mas já tive de tomar atitudes. Em tempos fui cantar a uma igreja, a uma festa que costumam fazer para arranjar uns tostões. Estava a cantar e pediram-me a "Lágrima". Pois toda a gente sabe que a "Lágrima" é uma coisa com sentimento. E estavam duas senhoras a dançar. Eu disse "estou a gostar muito de ver aquelas pessoas dançar, quando elas acabarem eu canto".

O fado é, portanto, uma canção que requer disciplina.

O problema é que as pessoas vêm ouvir fado, mas não sabem o que é fado. No fado tem de se tomar conta no que se canta. E um poeta faz coisas muito bonitas de uma só palavra. É como uma reza.

A religião é importante para si?

Sou muito religiosa, mas não espero que cantem por mim, peço é ajuda aos meus santinhos.

Não canta se o fado não lhe disser nada?

Não, tem de falar de mim, da minha vida, de alguma coisa que me esteja a acontecer. Mas não quero que toda a gente sinta assim o fado.

Porquê, se diz que é assim que tem de ser?

Porque seria uma tristeza. Para isso mais valia ficar em casa. Mas quem não gosta não estraga.

Qual é o seu fado favorito?

Um poema à minha mãe, do Augusto Martins. Foi ele que fez e que me ofereceu. Chama-se "Duas Santas".

Mas também há fados alegres.

Sim, mas é preciso ver a letra e saber se podemos cantá-la ou não. Eu não posso cantar uma coisa à minha mãe, que já morreu há tantos anos, e rir-me à gargalhada. Se o fizer sou parva. A minha mãe, tenho que a cantar com sentimento. Porque é quando os nossos não existem que a gente se lembra mais deles. Claro que depois há gente que bate palmas a tudo. Essas pessoas vêm ao fado por vaidade, não é porque gostam. Não estão a sentir nada. Mas esta é uma conversa que não tem nada a ver com a minha homenagem.

E na sua opinião o que a destaca de outros fadistas para ser homenageada?

Isso eles é que sabem. Eu não pedi nada a ninguém. Se o fazem é porque tenho sido uma pessoa honesta, fiel aos meus pertences. Quem está ligada a uma casa e aos seus empregados há 62 anos merece qualquer coisa.

Antes de trabalhar na Parreirinha o que é que fazia?

O que calhava. Levantava-me às quatro da manhã, ia descarregar barcos de peixe. Ou ia vender, fruta, hortaliça, peixe, o que havia. Até podia ter vendido chumbo, mas não calhou. Um dia não tinha que comer fui carregar umas sacas e deram-me sete tostões.

Isso representava o quê?

Olhe, ia-se a uma casa de pasto e comia-se uma sopinha. Quando me vi com aquele dinheiro nem acreditei.

A sua família vivia com dificuldades.

Vivíamos muito mal. O meu pai não morreu, matou-se, tinha eu dois anos. A minha mãe ficou com quatro filhos. Eu fiquei entregue à minha madrinha. Mas não queria que ninguém passasse fome. Ia para a Ribeira arranjar carapaus e sardinhas e levava para casa. À noite íamos para o Limoeiro. Conforme davam comida aos presos davam-nos a nós. Quando não chegava para todos, ia numa carroça para as Mónicas, para as presas.

Mas quando chegou ao restaurante já tinha uma vida diferente?

Sim, morava na minha casa nas escadinhas da Bica, onde estive dos 16 aos 37. Mas fazia sempre a vida em Alfama.

E foi em Alfama que começou no fado?

O fado apareceu porque tinha ligação com um senhor que foi quem tomou esta casa. Eu tinha jeito para cantar e comecei numa desgarrada. Nessa altura nem se cantava à viola, era só à guitarra e ao piano. E os clientes pediram-me para continuar a cantar. Quinze anos depois esse senhor morreu. Para ficar por aqui teve a casa de ser comprada. Ele não era meu marido, era casado com outra pessoa, não podia ser comigo. Era um companheiro.

Começou a tomar conta da cozinha.

É uma coisa que gosto muito de fazer. Não sei se gosto mais de cantar se de cozinhar. Mas gosto é de improvisar, não me mandem cozer batatas com bacalhau.

E hoje, continua pela cozinha?

Sim, e ensino muito bem. Eu é que tomo conta disto tudo. Escolho e compro, digo como se faz e não se faz... Ensino. Porque se vierem aqui e não comerem bem... Para gastar dinheiro é em qualquer lado.

Tudo isto aconteceu quando?

Em 1963, um ano antes de fazer asneira.

Asneira como?

Casei-me. Não correu muito bem. Ao fim de cinco anos o meu marido ficou numa cama, com uma trombose. E não era pêra doce, era uma pessoa complicada. São chatices que nós arranjamos.

E entre as chatices onde estava o fado?

Nos espectáculos. Fazia muitos, sobretudo lá fora. E agora não tenho feito mais porque não tenho vida para isso. Mas vêm aqui ao restaurante perguntar por mim.

Quem é que canta na Parreirinha? Chegam aqui fadistas e dizem-lhe "olhe, quero cantar aqui"?

Não, fado vadio não é aqui, é nas lojas dos 300, há muitas por aí. Aí canta quem calha. Não canta o almeida que anda a limpar às ruas porque não calha.

Os fadistas de hoje são diferentes dos que conheceu há 40, 50 anos?

Acho que hoje vão rezar muitos padre-nossos ao pé da senhora dona Amália. Porque foi ela que deixou cá a herança. Deixou cá coisas bonitas para elas estragarem. Mas há coisas que nunca mudam. Isto aqui é Lisboa, cada qual que se defenda. Só depois os outros. Raro é aquele que pensa "Deus queira que na tua vez te batam palmas assim".

Mas há quem cante muito bem.

Claro que há. E com uma coisa a favor: eles têm repertório, como as coisas da dona Amália, uma mestra, uma pérola que caiu do Céu. Pena é que muitas vezes não sintam nada do que estão a dizer. Mas como é bonito ainda levam palmas. Só que as palmas não são para elas, são para quem fez o fado, para os outros que o cantaram.

Era mais próxima de algum fadista em particular?

Conheci muitos, dei-me com toda a gente. Mas o que as pessoas eram a cantar podiam não ser em casa. A Amália era uma artista, mas eu não frequentava a casa dela. Mas como artista, para mim, é a maior. Hoje há gente a cantar bem, tão bem que se fossem do tempo dela ela não tinha ido tão longe. Além de cantar bem, não foi ela que se pôs lá em cima, puseram-na.

Carlos do Carmo diz que a Argentina é a última representante da geração de ouro do fado...

Isso depende do gosto. Mas sempre fiz as coisas à minha maneira, deve haver alguém que goste. E não é fácil gostar porque sempre fiz tudo à minha maneira. Se me dissessem que estava a cantar mal dizia logo "então cante você". Mas quando eu comecei a cantar ainda o Carlos do Carmo era um menino.

É um dos seus maiores fãs.

Sempre gostei muito daquele menino, era muito esperto. Vinha aqui ter com a mãe, de calçãozinho. Tinha ele 14 anos e ouvi-o a falar com o pai, até fiquei espantada. O pai queria comprar uma casa ao lado do Faia. E o miúdo dizia "não te metas nisso, já tens a outra casa para te dar dores de cabeça". Estava eu numa mesa perto da deles na Feira Popular. Fiquei com uma coisa por ele que não sei explicar, como se fosse meu filho.

E ele não se cansa de a elogiar...

É. Canso-me mais eu, mas não é dele nem de cantar.

Cansa-se de quê?

Não me canso de cantar, mas canso-me disto, de tomar conta da casa. É até um dia.

fonte ~ i

27 de junho de 2010

Ricardo Ribeiro : Moreninha da Travessa [Porta do Coração, 2010]

Moreninha da travessa
Que atravessa a minha rua
Apenas por culpa sua
Penas minha alma atravessa

Onde vai assim depressa
Porque atravessa a correr
Fugindo a quem a quer ver
Onde vai com tanta pressa

Por mais que diga e lhe peça
Que essa pressa diminua
Apressada continua
E o que eu digo não lhe interessa

Qualquer dia inda tropeça
Nessa pressa de fugir
Tropeça e pode cair
Veja lá não caia nessa

Mas se cair lhe aconteça
Pra se livrar de embaraços
Veja se cai nos meus braços
Moreninha da travessa

Veja se cai nos meus braços
Veja lá se cai depressa

25 de junho de 2010

13: novo EP dos Pé na Terra


Continuando o seu caminho na eterna exploração do mundo das raízes portuguesas, e após de 5 anos de carreira (com muitos concertos), os PÉ NA TERRA apostam este mês na edição do EP "13", sendo lançado no final do ano um registo completo de todas as suas experiências, viagens e aventuras a calcorrear Portugal!
Os PÉ NA TERRA baseiam-se num passado musical tão rico, que ainda anda nos lábios de muitos. Ao longo dos anos, o grupo ergueu um repertório original com uma maturidade musical surpreendente e onde é evidente a falta de clichés ou de caminhos óbvios para a sua música. A sua visão das nossas tradições, aliada a uma incessante procura do que está para além de uma melodia ou letra cantada por anciões, leva-os por novos caminhos nunca antes desbravados pela música portuguesa. Um grupo original que transforma cada concerto numa festa, cada música num ritual sonoro e que tem vindo a conquistar grande aceitação, não só no seu país, como também em Espanha.

23 de junho de 2010

Abertas as candidaturas aos Prémios Megafone/João Aguardela

Os Prémios Megafone visam distinguir quem em Portugal faz por dar futuro às tradições musicais portuguesas.

Até 31 de Julho, estão abertas as candidaturas aos Prémios Megafone/João Aguardela, nas categorias “Música” e “Missão”.

O Prémio Megafone Música atribuir-se-á a um músico ou colectivo de músicos cujo trabalho enalteça as tradições musicais portuguesas e lhes dê renovado futuro. Quanto ao Prémio Megafone Missão, visa distinguir uma entidade não musical que, com a sua acção ao longo do ano a que o prémio se refere, comungue e ajude a difundir as referidas iniciativas musicais. Pode, este prémio, ser entregue a entidades que se movem em terrenos como a produção de espectáculos, a literatura, o jornalismo, as artes plásticas, entre muitas outras. As três bandas/projectos finalistas na categoria Megafone Música serão convidadas para um espectáculo no Centro Cultural de Belém, no próximo dia 17 de Outubro, com a presença de mais uma banda surpresa convidada, sendo nessa ocasião determinado e divulgado qual o projecto vencedor. O valor do prémio, bem como a composição do júri serão oportunamente anunciados.

Regulamento

Dúvidas e questões para [ e-mail megafone ]

10 de junho de 2010

Carlos Zel... e convidados

CD “QUARTAS DE FADO” - CARLOS ZEL… e convidados

16 de Junho :: 18:30h
Casino Estoril

Há nomes que passam pelo Fado e há outros que nele ficam, que o vivificam e engrandecem, como se a raiz desse cantar de um povo na sua voz se entroncasse, para dela renascer e ganhar novos desígnios. Carlos Zel foi um desses raros Homens: nasceu a respirar o Fado, viveu para o cantar, partiu como se ele fosse o seu destino.

O CD “Quartas de Fado”, que a Movieplay vai editar no dia 21 de Junho, presta homenagem a este grande Homem, percorrendo duas dezenas de fados, entre tantas outras, que cantou no Casino Estoril, nos últimos anos de vida, acompanhado pela guitarra portuguesa, mas também por várias gerações de fadistas e novos talentos que deu a conhecer.

A apresentação de “Quartas de Fado” vai acontecer no dia 16 de Junho, às 18:30h, no Casino Estoril, onde estarão presentes familiares e muitos amigos como, por exemplo, António Capucho, Argentina Santos, Carlos do Carmo, Celina Pereira, Jô e Álvaro Caneças, José La Feria, João Braga, José Manuel Osório, José Raposo, Júlio César, Lili Caneças, Luís Represas, Margarida e Manuel Damásio, Mário Laginha, Dr. Pedro Santana Lopes, Maria da Fé, Dr. Mário Assis Ferreira, Ricardo Pais, Rui Salvador, Rui Veloso, Rui Vieira Nery, Salwa Castelo Branco, Bernardo Sasseti…

Que este CD, gravado nas memoráveis sessões das suas “Quartas-Feiras do Fado”, nos inspire no destino de jamais o poder esquecer.

Porque o Fado não se esquece.
E Carlos Zel era o Fado.

(baseado num texto de Mário Assis Ferreira)

6 de junho de 2010

O fado em chinês ainda é fado?

António Chainho põe a tocar, na aparelhagem de sua casa, a gravação que fez, há duas semanas, quando ali mesmo recebeu a cantora chinesa Gong Linna. "Ouça como ela canta o fado." A voz estridente de Gong Linna diz palavras indecifráveis sobre o som inconfundível da guitarra portuguesa. Ela canta em chinês enquanto a fadista Isabel de Noronha o faz em português e as duas vozes misturam-se. "Ao princípio é estranho, mas se ouvirmos bem ... até é bonito, não acha?", insiste.
Chainho, a quem muitos tratam por mestre, e Gong Linna vão actuar hoje juntos, pela primeira vez frente a um público, numa pequena apresentação no pavilhão português na Exposição de Xangai. Duas ou três músicas apenas para assinalar o dia de Portugal na exposição e para abrir o apetite para o espectáculo Cores de Saudade, amanhã, às 20.00 locais, no Pavilhão Central. E vão continuar juntos numa pequena digressão pelo território - segunda-feira em Wuhan, no dia seguinte na Cidade Proibida, em Pequim, depois no auditório da Universidade de Macau (sexta-feira) e, finalmente, em Shengzen (sábado).
O encontro entre o guitarrista e a cantora não aconteceu por acaso. Foi o agente dele que teve a ideia de apresentar um espectáculo deste tipo na Expo Xangai e, para isso, foi à Womex à procura de uma intérprete. Gong Linna ouviu o fado e gostou. Chainho ouviu a voz de Gong Linna e ficou rendido. Conheceram-se, então, há duas semanas. "Chegou aqui com o seu português aprendido à pressa", conta ele, e vinha decidida a cantar um tema de Amália (Foi por Vontade de Deus) e mais uns fados. Nos concertos vão tentar conciliar os repertórios dos dois, contando com a colaboração da fadista Isabel Noronha e dos músicos Tiago Oliveira (guitarra clássica) e Wang Lee (sheng). "Os estrangeiros costumam ficar maravilhados com o som da guitarra portuguesa", conta Chainho. "Tem uma sonoridade única. Vamos ver como soa acompanhado pelo sheng, que é um instrumento de sopro típico da China." Mais um desafio para o o guitarrista que, aos 62 anos, continua a abrir portas à música portuguesa e já este ano lançou Lis Goa, um disco em que junta a guitarra ao sitar e aos sons da Índia: "Os mais puristas não gostam do meu trabalho. Mas porque é que a guitarra tem de ficar subjugada ao fado? Porque não havemos de libertar a guitarra, que é um instrumento único e com tantas capacidades? Eu sou e serei sempre um guitarrista do fado, mas ando à procura de novas direcções." Desta vez, a viagem levou-o até à China.
fonte ~ dn

3 de junho de 2010

Mandrágora : 30 Doradus

Toque de Caixa: Histórias do som reeditadas

O TOQUE-DE-CAIXA nasceu com os cantares de janeiras, no natal de 1985. O gosto comum pela música tradicional fez com que os seus músicos, um grupo de amigos, prosseguissem a recriação de novos ambientes sonoros. – O moderno e o antigo, são elementos de fusão para uma “nova música tradicional”.
Entre Julho e Setembro de 1993 grava com a editora “Numérica” o disco “histórias do som” que faz a sua edição em Novembro em colaboração com a Cooperativa Cultural Etnia. Este disco foi considerado, nesse ano, o melhor trabalho de música popular portuguesa, pela principal crítica especializada nacional.
Reeditado agora num novo formato, o cd "Histórias do Som" está novamente disponível no mercado.

Miguel Teixeira (cordas) | Albertina Canastra (Acordeão, Concertina) | Tiago Soares (Percussões) | Emanuel Sousa (Violino, Bandolim) | Abílio Machado (Percussões) | Teresa Paiva (Gaita-de-Foles, Flautas) | Pedro Cunha (Piano) | Fernando Figueiredo (Baixo) | Horácio Marques (Cordas)