De segunda-feira a sábado, sempre pelas 19.00, jovens músicos portugueses cantam fados tradicionais no Cine Theatro Gymnásio, ao Chiado, em Lisboa. O 'Fado in Chiado' arrancou no início de Março e ainda não se sabe quando vai terminar
Dantes quem queria ouvir fados em Lisboa tinha duas opções: ou ia a uma casa de fado ou assistia a um espectáculo numa sala como o Coliseu dos Recreios. Desde o início de Março há uma terceira hipótese, o Fado in Chiado. Basta passar pelo Cine Theatro Gymnásio, em Lisboa, ao final da tarde. A partir das 19.00 e durante cerca de meia-hora, um cantor, uma cantora e dois guitarristas, na viola de fado e na guitarra portuguesa, tocam alguns dos mais conhecidos temas. Depois o público continua com a sua noite.
"Não havia, até agora, a possibilidade de ouvir o fado, que nós encaramos como o som da alma portuguesa, num espectáculo mais curto e descontraído", concorda Jacinta Oliveira, da promoto- ra GeniusyMeios. "Tendo em conta o número de turistas que Lisboa recebe todos os anos, sentimos que era necessário criar um espaço onde se pudesse ouvir a canção portuguesa, para lá das casas de fados. Um sítio que não implicasse um jantar e uma noite perdida".
Curiosamente, o Fadoin Chiado surge no ano em que este género musical é candidato a Património da Humanidade. Apesar de não haver qualquer relação entre estas iniciativas, segundo a promotora, este espectáculo foi feito a pensar nos estrangeiros que visitam a capital. O alinhamento inclui por isso canções tão conhecidas como Cheira Bem, Cheira a Lisboa ou Uma Casa Portuguesa, popularizadas por Amália Rodrigues, assim como A Casa da Mariquinhas ou A Moda das Tranças Pretas.
Os temas não sofrem grandes alterações de espectáculo para espectáculo, mas os intérpretes garantem que estes ainda não se tornaram repetitivos. "A reacção do público é sempre diferente, e nunca cantamos um fado da mesma maneira", explica o cantor Marco Oliveira, de 21 anos. A fadista Mafalda Taborda, de 22, concorda. "É um repertório mais turístico", lembra a intérprete.
"É verdade que é um formato mais virado para os turistas, para eles conhecerem melhor a nossa identidade", explica Jacinta Oliveira. "Mas estes fados continuam a ter a sua identidade, com a sua alma e as suas características. Não obstante, é uma coisa feita a pensar nos públicos estrangeiros e noutras pessoas que visitam a cidade de Lisboa".
A organização teve por isso o cuidado de escolher vozes jovens (e menos conhecidas), para "fazer uma ponte entre a tradição e a modernidade". Foram ainda escolhidos dois elencos, um principal e um secundário, para que o espectáculo não seja interrompido, ficando patente de segunda a sábado, sem colidir com outros compromissos dos intérpretes.
Os interessados poderão assistir a estas breves actuações durante os próximos meses. Até porque ainda não se sabe quando vão chegar ao fim. "Começou no dia 6 de Março e não termina", avança, confiante, Oliveira. "Queremos que fique em permanência. Gostaríamos que o Fado in Chiado marcasse esta época como, por exemplo, o Jardim Zoológico, na nossa infância, ou mesmo o Oceanário".
fonte ~ dn
Sem comentários:
Enviar um comentário