5 de fevereiro de 2008

Escolas de Leiria contestam corte de apoios ao ensino inicial da música

Leiria, 04 Fev (Lusa) - Os responsáveis das duas escolas de música de ensino oficial de Leiria criticaram hoje a proposta da tutela em acabar com os apoios à iniciação e ao ensino supletivo, uma medida que deverá entrar em vigor no próximo ano lectivo.

"Estou perfeitamente convencido que isso terá sido um delírio" de algum responsável governativo, afirmou Henrique Pinto, responsável pelo Orfeão de Leiria, comentando a possibilidade de a tutela vir a cortar com os apoios ao ensino de iniciação.

"Não passa pela cabeça que alguém pense reduzir o ensino básico de música a uma mera generalidade como acontece nas actividades extra-curriculares", considerou este responsável.

No âmbito da reforma do ensino artístico especializado, a partir do próximo ano lectivo as escolas públicas de música estão impedidas de dar aulas ao 1º ciclo e terão de funcionar em regime integrado, ou seja, ministrarem formação geral (como em qualquer escola) e especializada (artística).

Outra das propostas do Ministério da Educação tendo em vista a reforma do sector passa pela obrigatoriedade de estas escolas leccionarem apenas em regime integrado, que prevê a realização da formação geral e especializada no mesmo estabelecimento de ensino.

O regime supletivo caracteriza-se por permitir aos alunos frequentar as disciplinas musicais no Conservatório e as do ensino geral numa escola à sua escolha.

Nesta matéria (regime supletivo), Henrique Pinto admite "alguma lógica" no corte dos apoios devido à resposta de o ensino generalista está a dar.

Posição mais crítica tem Paulo Lameiro, director da Escola de Artes, salientando que esta medida irá cortar com os apoios às escolas particulares - como são o caso de Leiria - e levar ao despedimento de muitos professores.

"Tudo o que afecta as escolas públicas, afecta-nos a nós" e as instituições deixarão de ter apoios para ministrar "ensino vocacionado de música" até aos dez anos de idade.

Para Paulo Lameiro, esta medida foi a forma da tutela "arranjar professores para as actividades extra-curriculares" nas escolas mas isso "só vai destruir o único sistema que, mesmo a funcionar mal, formou músicos em Portugal".

"Uma coisa é a educação musical que todo o cidadão tem direito a ela mas outra coisa é um sistema que permite a formação de músicos e isso não pode ser destruído", acrescentou.

fonte ~ rtp

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