15 de janeiro de 2008

Prémio Edmundo de Bettencourt ficou por atribuir este ano

A Câmara de Coimbra anunciou hoje que, por falta de candidatos e pela segunda vez consecutiva, não vai atribuir este ano o Prémio Edmundo de Bettencourt, para o melhor trabalho de originais da Canção de Coimbra.

«Apenas se apresentou a concurso uma proposta musical até ao prazo estipulado no regulamento, 1 de Outubro de 2007. Perante a ausência de um número de candidaturas que satisfizesse os requisitos previstos no regulamento do concurso, o Município, pela segunda edição consecutiva, não atribui o Prémio Edmundo de Bettencourt», anuncia, em comunicado, o vereador da Cultura, Mário Nunes.

Para Mário Nunes, esta situação «denota algum desinteresse revelado pelos vários grupos de Fado de Coimbra perante a promoção de uma das mais internacionais linguagens que Coimbra tem para oferecer no âmbito cultural, dentro e fora de portas, olvidando as intenções de valorização e inovação deste género musical pela autarquia».

O prémio, de carácter bienal, é entregue aquando das Festas da Cidade de Coimbra e da Rainha Santa Isabel.

Vai na sua terceira edição, mas apenas foi atribuído uma vez, aquando da sua criação, ao grupo Canção de Coimbra, pelo trabalho «Prospecção» - disse hoje Mário Nunes à agência Lusa.

O galardão tem como alvo os diferentes grupos de fado da cidade, embora não se restrinja a agrupamentos, sendo aberto a qualquer intérprete ou executante deste género musical.

Na nota divulgada hoje, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra refere que, na primeira edição, em 2003, concorreram três trabalhos discográficos e, em 2005, apenas foi apresentado um projecto.

Nos termos do regulamento, a iniciativa da Câmara de Coimbra só se pode realizar se houver, pelo menos, dois trabalhos concorrentes.

O autarca disse ainda que o prazo da terceira edição, relativa a 2007, foi prolongado até Dezembro, mas mesmo assim não surgiu mais nenhuma candidatura.

Criado em 2002, o prémio de homenagem ao poeta e cantor contempla o apoio financeiro à edição, promoção e comercialização do trabalho distinguido, de entre os, no mínimo, dez temas inéditos cantados e apresentados a concurso.

«Era muito importante que as pessoas criassem, não se pode estar sempre a beber do passado«, disse ainda Mário Nunes, salientando que o financiamento à edição e promoção do trabalho vencedor ultrapassa os cinco mil euros.

De acordo com o autarca, »não há falta de informação« sobre o prémio, que é divulgado com publicidade nos jornais e através de circulares enviadas para todos os grupos da Canção de Coimbra, entre outras acções.

Edmundo de Bettencourt, que figura na toponímia da cidade, foi »um importante vulto do Fado e da Canção de Coimbra e um dos mais assíduos colaboradores, na área da poesia, da revista Presença«, lê-se na nota enviada pelo Departamento de Cultura da autarquia.

«Destacado poeta-cantor, responsável pelas ligações entre o movimento presencista literário e o movimento modernista da Canção de Coimbra, Bettencourt foi um dos grandes responsáveis pelo arejamento do ambiente musical coimbrão, surgindo com um novo estilo, rompendo com tabus e criando um discurso poético-musical personalizado, que se traduziu na Canção Coimbrã, quando, contra tudo e contra todos, deu uma autêntica »sapatada« no marasmo vocal e interpretativo em que se encontrava, até então, o designado Fado de Coimbra», adianta.

O Prémio Edmundo de Bettencourt é oficialmente entregue na sessão solene do dia 4 de Julho (feriado municipal) e o disco vencedor é tornado público num espectáculo de apresentação a realizar durante a última quinzena de Novembro do mesmo ano, após gravação final do trabalho.

fonte ~ dário digital

Carlos Paredes : Verdes Anos


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