18 de abril de 2010

A "Porta do coração" de Ricardo Ribeiro

O fadista Ricardo Ribeiro regressa na segunda-feira, dia 19, com o seu mais recente trabalho, intitulado 'Porta do Coração'

"Pretende ser aquilo que for. Não pretende ser nada mais do que um disco de fados. Pretende mostrar o Ricardo Ribeiro, e onde foi criado, e aquilo que foi", declara categoricamente Ricardo Ribeiro, acerca do seu novo álbum, Porta do Coração, que tem edição agendada para a próxima segunda-feira, dia 19.
"É um disco que honra muito o meu primeiro disco", diz, referindo-se à estreia a solo, o auto-intitulado Ricardo Ribeiro, de 2004. "Mas neste disco resolvi cantar como eu quero, como eu acho que devo cantar, e fazer este disco como eu ambiciono fazer, como eu o sinto, e foi isso que aconteceu. Não se trata de uma renovação, ou de fazer novas coisas, ou coisas mais elaboradas."
É na fala marcada e decidida do fadista que se adivinha a mudança que o percurso recente de Ricardo Ribeiro operou na sua personalidade.
Embora declare não ter qualquer desejo de "fundir o fado nalguma coisa", foi por "coisas mais elaboradas" que Ribeiro marcou o seu caminho. A colaboração de 2008 com Rabi Abouh-Khalil, Em Português, onde o cantor se uniu ao conjunto do oudista e compositor libanês representa, até ao momento, a digressão mais alargada de Ricardo Ribeiro pela chamada "música do mundo". "Nem Rabi nem eu tivemos a intenção sequer de fazer fados, aquilo que houve a intenção foi de utilizar um fadista. Era eu, o Ricardo Ribeiro, a cantar a música de Rabi, não era eu a cantar fados com o Rabi", corrige, "Foi uma união de personalidades."
A propósito desse "percurso", que já lhe granjeou, em 2005, o prémio Revelação Masculina da Fundação Amália Rodrigues e o Prémio Revelação da Casa da Imprensa, em 2006, Ribeiro, que participou também nos filmes Rio Turvo , de Edgar Pêra, e Fados, de Carlos Saura, ambos de 2007, confessa: "Não sei se acabei ou se comecei, até porque nestas coisas da arte nunca se acaba. Foram as pessoas do fado, os fadistas, os guitarristas, os poetas, que, no fundo, me elegeram."
O que pode parecer excesso de modéstia denuncia, no entanto, a "profunda gratidão" que o fadista nutre pela "grande família do fado": "[A Porta do Coração] é sobretudo um agradecimento por aquilo que me deram, por aquilo que me ensinaram."
É de peito igualmente aberto que fala de Fernando Maurício, seu mestre, "amigo" e colega na casa de fados Os Ferreiras, em Lisboa. "Uma das coisas que mais me fascinam nele é que viveu onde, quando e como quis. Era autêntico, verdadeiro. Era assim, era aquilo."
Com a "autenticidade" de Fernando Maurício como referência, Ricardo Ribeiro regressa agora, com um currículo alargado por concertos em Bona e Frankfurt, ao fado tradicional (ou tradicionalista) que o "fez" enquanto cantor.
fonte ~ dn

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