Contactada pelo Hardmusica a RTP não confirmou e perante a nossa insistência colocando questões concretas, em nota enviada ao Hardmusica o gabinete de Relações Públicas declarou por escrito: “Se acha que tem informação noticiosa suficiente está perfeitamente à vontade para escrever. Sobre a posição da RTP sobre o assunto - programação e emissão. Só oportunamente o iremos efectuar” /sic/. Nós informamos já o que sabemos e temos por certo.
O título – “Trovas antigas, saudade louca” - remete de imediato para um dos fados de maior sucesso de Carlos do Carmo, “Bairro Alto”, e procura em (tão poucos) seis episódios contar a história do fado de Lisboa (que o de Coimbra são outras as notas).
Das origens presumivelmente brasileiras do lundum aos dias de hoje de Carminho, conta-se a história de uma das canções que sempre mal quista – críticas sempre houve – tem sido a principal e mais constante bandeira de Portugal no mundo, desde essa “bandeirante” que foi Amália Rodrigues à Mariza de hoje. O termo “bandeirante” pode chocar os mais conservadores mas na realidade bandeirante eram aqueles que indo com uma bandeira foram procurando prolongar o território do Brasil (ainda português) até ao interior tanto quanto lhes foi possível. Ora é absolutamente aplicável à grande Amália Rodrigues que graças ao seu talento e inteligência levou guitarras e violas ao Olympia, não o de hoje que é alugado, mas quando o seu cartaz era referência internacional, ao México e ao Hollywood Bowl, Japão, Isarel, Roméria e até à ex-URSS, quando não se faziam tournées de avião e as casas eram cheias pela bilheteira sem patrocínios.
Voltando à série, apesar das Relações Públicas da RTP não confirmarem nada o Hardmusica está em condições de adiantar que esta série será apresentada por Carlos do Carmo, constituída por seis episódios e conta com as participações das fadistas Carminho, Joana Amendoeira, Raquel Tavares, Cuca Roseta, Aldina Duarte, Maria da Fé, e Argentina Santos e as vozes masculinas de Rodrigo Costa Felix, Pedro Moutinho, Camané, António Zanbujo, Ricardo Ribeiro e claro está Carlos do Carmo. Todos estes fadistas gravaram propositadamente para o programa temas do seu repertório em cenários como a Adega Machado, Clube do Fado, Mesa de Frades e Senhor Vinho.
Mas não será uma série de fados, segundo o Hardmusica sabe, foi feita uma “atenta pesquisa” aos arquivos da RTP, aproveitando-se muito material, algum pouco conhecido, de nomes como os incontornáveis Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva e Maria Teresa de Noronha. Por outro lado, a série conta com testemunhos de várias personalidades mais ou menos ligadas ao fado, casos de José Mário Branco, Eduardo Sucena, Vitorino d’Almeida, os presidentes da Academia do Fado e da Guitarra Portuguesa e dos Amigos do Fado, respectivamente Luís Penedo e Luís de Castro, e ainda Miguel Silva, José Moças que esteve envolvido na aquisição da colecção de discos Bastin, e claro está Sara Pereira a directora do Museu do Fado, além dos académicos como Salwa Castelo-Branco e o próprio Rui Vieira Nery.
Segundo fontes bem informadas, o guitarrista Raul Nery e o viola-baixo Joel Pina, assim como mestre José Fontes Rocha são outros dos participantes de luxo desta série. As entrevistas segundo apurou o Hardmusica foram conduzidas pelo jornalista Nuno Lopes que já coordenou as Jornadas de Fado na Fonoteca Municipal e encerrou a exposição sobre Berta Cardoso no Museu do Fado, entre outras iniciativas.
O Hardmusica não conseguiu apurar como se dividirão os episódios mas sabe-se que desde antes da Severa até aos fadistas da actualidade como Carminho, passa-se em revista o fado, os seus poetas, compositores, acompanhadores e claro está fadistas, sendo neste campo tão vasta a galeria que circulam já no meio fadista ausências de peso, e há sempre nomes, num universo tão grande e brilhante, escolhas difíceis de fazer.
Até à data é “esperar para ver” e todos os palpites que circulam pela fadistagem são isso mesmo: palpites, se estivéssemos em Londres havia já apostas, quem canta o quê, quem vai aparecer, quanto tempo de emissão é dispensado a cada um. Algumas certezas há: os incontornáveis surgirão e com o devido tempo de antena (espera-se), Amália terá de ser omnipresente, Carlos do Carmo abrirá e encerrará os programas e além dos seus fados de sempre iremos com certeza ter os novos (belíssimos) do CD “À noite”. Para já um aplauso à estação pública por se interessar pela canção nacional, e que a história continue!
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