5 de outubro de 2009

Tradisom prepara edição de registos sonoros da Primeira República

O livro "Os sons da República" que inclui um CD com reproduções de discos do tempo da Primeira República vai ser editado em 2010 disse à Lusa o musicólogo José Moças, responsável pela obra.

José Moças, editor da Tradisom e estudioso da música portuguesa, nomeadamente do período entre 1900 e 1945, adiantou que o livro vai ser acompanhado de um CD com reproduções de fados e de obras sonoras de teatro declamado, gravados no período final da monarquia e no começo da Primeira República, cujos 100 anos se comemoram em 2010.

"Além de temas de discos da época conterá uma contextualização histórica e depoimentos actuais de várias personalidades sobre o conteúdo dos discos", salientou.

José Moças tem uma colecção de mais de quatro mil discos daquele período, gravados para gramofone. Dois deles são discos de fado gravados no Porto em 1900, ano em que, assegura, se fizeram pela primeira vez gravações do género em Portugal.

Entre esses discos estão títulos como "A Implantação da República" e "A Proclamação da República", gravado em 1911, "Sessão tumultuosa nas Cortes" gravado em 1908, "A última ceia de D. Manuel", "Comício Republicano na aldeia", "Fado de Afonso Costa, ou "Hino de Manuel de Arriaga".

"São sons curiosos que registam situações e acontecimentos da época - sérias ou humorísticas - e também tentativas de reprodução de certos acontecimentos como o da luta pela implantação da República", sublinhou.

José Moças vai ainda recorrer a um arquivo no estrangeiro - cuja localização se escusa a revelar por razões profissionais - e que contém obras do mesmo período.

Os discos vão ser remasterizados pelo autor, com recurso a um especialista da Galiza, Espanha, de modo a que fiquem sem ruídos e com um som próximo do original.

Além da edição do livro "Os sons da República", José Moças vai participar na concepção e produção de uma ópera sobre a Primeira República, que, entre outras vertentes, também vai incluir a reprodução de sons retirados dos discos da época.

A ópera, que vai chamar-se "Cinco" está a ser preparada pelo dramaturgo Carlos Clara Gomes e encenada pela Companhia De Mente, de Viseu.

"A ópera terá um texto fantástico", garante o editor, que acrescentou que em cada cidade ou vila onde vai ser representada vai haver um elenco próprio e uma referência a uma personalidade local.

"Por exemplo, em Portimão pode-se introduzir o personagem de Manuel Teixeira Gomes, que era da terra e que foi Presidente da República", assinalou o editor.
fonte ~ lusa

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