Depois de percorrer o mundo e se consagrar como um dos maiores guitarristas portugueses, António Chainho regressou às origens, no Alentejo, onde hoje concretiza o sonho de ensinar a arte que começou por aprender com o pai na pequena aldeia de São Francisco da Serra.
A Escola de Guitarra Portuguesa Mestre António Chainho, em Santiago do Cacém, nasceu da vontade do guitarrista e do gosto do presidente da câmara local, Vítor Proença, por aquele instrumento.
Há cerca de dois anos que todas as segundas-feiras ao final da tarde soa o fado e a guitarra portuguesa no edifício do antigo Liceu de Santiago, agora alugado pela autarquia e onde estão instaladas diversas instituições. A escola de Mestre Chainho é uma delas.
"Nasci e fui criado aqui. Desde miúdo que comecei a ouvir fado, o meu pai tocava guitarra e a minha mãe cantava", recorda o guitarrista que, aos 70 anos, continua a fazer espectáculos dentro e fora de Portugal.
Sob a sua orientação, uma dúzia de alunos, dos nove aos 67 anos, aprende os segredos da sonoridade da guitarra portuguesa.
Começaram por ser 14 os alunos de Mestre Chainho, mas, apesar de uma ou outra desistência, "a base mantém-se", refere, orgulhoso do trabalho conseguido junto de crianças e adultos.
Se em Castelo Branco, a pianista Maria João Pires deu corpo ao sonho de Belgais, no Alentejo António Chainho afirma-se convicto que da sua escola sairão "grandes talentos".
"Uma das coisas que pensei um dia foi fazer qualquer coisa em relação à guitarra portuguesa. Porquê? Quando chego a Lisboa ninguém ensinava, aprendi tudo à minha custa", conta.
Chegado à capital conheceu os melhores guitarristas, mas era visto como "um alentejano que tocava bem" e teve alguma dificuldade em ser aceite no meio, algo que o traumatizou, desabafa.
Pensou então numa escola de guitarra portuguesa e depois na sua terra, mas o primeiro projecto viria a ser concretizado em Lisboa.
Porém, encontrava-se na altura, num período áureo da carreira, que coincidiu com o lançamento de um disco de grande sucesso, pelo que as inúmeras solicitações para espectáculos o impediram de desenvolver o ensino.
Mais tarde, iniciou conversações com a Câmara de Santiago para uma escola no concelho, que acabou por conseguir quando soube que o actual presidente do município era um grande admirador da guitarra portuguesa.
Assim, viu concretizado o grande sonho da sua vida. Agora falta-lhe ver o fado elevado a Património Mundial da Humanidade.
Acredita ainda que, dentro uma década ou duas, a guitarra portuguesa poderá vir a ser ensinada nas escolas como formação de base.
Enquanto tal não acontece, o pequeno Joaquim, nove anos, vai aproveitando o privilégio de aprender com Mestre Chainho.
É cedo para decidir se quer ser guitarrista. Começou com seis anos e ainda é com algum esforço que segura a majestosa guitarra nas frágeis pernas.
Já sabe tocar várias melodias e, segundo o seu mentor, revela potencialidades.
Uma das curiosidades da escola é a presença feminina, destaca António Chainho:"Não há grande tradição de mulheres a tocar guitarra portuguesa, há uma ou outra. Aqui há uma que se calhar qualquer dia vai substituir-me como a primeira guitarrista a ser conhecida de Santiago do Cacém".
Susana, 31 anos, é uma das alunas de António Chainho. Desde sempre ouviu fado por influência da família e quando soube da escola decidiu aprender a tocar, mas, garante, "é apenas pelo prazer".
António, 67 anos, é o sénior da classe. Engenheiro de profissão, antigo comandante da Marinha e actual gestor, já tocava há vários anos, mas "tinha aprendido mal", diz divertido, como se as falhas do passado o tivesse conduzido aos momentos que hoje partilha com o mestre e os colegas.
É que as aulas, às quais se dirige com ânimo, acabam por tornar diferentes estes finais de tarde no Alentejo.
fonte ~ visão
sentir em português
3 comentários:
Olá, toco instrumentos tradicionais à muitos anos, sendo que o meu instrumento é mesmo o Bandolim. Fiquei contente por ver que existe por fim uma espécie de escola de guitarra portuguesa e gostava de saber swe me poderiam disponibilizar qualquer contacto, visto que sou de longe e que adoraria frequentar essas aulas. Abc Tiago
Snitram26@hotmail.com este é o mail por sinal
Uma Escola de Guitarra ou de qualquer outro instrumento exige, no MÍNIMO, que o seu Patrono, "Músico", SAIBA MÚSICA...
Mas em Santiago tudo pode acontecer.
Há até, uma Biblioteca, em Vila Nova de Santo André, com o nome de um poeta popular, imagine-se, ANALFABETO!!!!!!!!!!!!!!!!!
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