26 de agosto de 2010

"Um cantar velado e lento" de Patrícia Costa

Disco de estreia da fadista Patrícia Costa, "Um cantar velado e lento", surge como um mistério embalado por poemas feitos fado.

Fernando Pessoa deu nome a esta viagem sem destino onde o fado e a poesia se fundem entre os caminhos da tradição e da modernidade. Há cidades com nomes escritos no cais. Recados ao Porto, manjericos no Tejo, uma praça a Camões. Há uma ode, um sorridente cravo de papel. Um sorriso de criança, uma lágrima de adulto. Um esgar de Penélope e as cores da vida pelo meio. É um cantar velado na forma e lento na essência...

Nascida em Guimarães, Patrícia Costa cresceu a ouvir música tradicional portuguesa. O Fado, desde muito cedo tomou conta da sua voz. Cantou pela primeira vez em público aos oito anos no já extinto Teatro Jordão, na sua terra natal. Passou pelo Conservatório Regional de Vila Nova de Famalicão onde estudou canto, mas é como fadista que a sua voz se faz ouvir desde então. Amália Rodrigues é a sua maior referência.

Composto por treze temas, "Um cantar velado e lento" apresenta vários inéditos, cinco dos quais compostos especialmente para Patrícia Costa: "Balada de Lisboa" de Fontes Rocha com letra de Manuel Alegre ; "Fado das Ondas" de André Teixeira com as palavras de José Carlos Vasconcelos; "Guitarras do Meu País" e "Em Todos os Jardins" compostos por Miguel Amaral para os poemas de Manuel Alegre e Sophia de Mello Breyner Andresen, respectivamente.

Caminhando por entre as raízes da tradição fadista, podemos ainda encontrar os clássicos "Fado das Horas", "Fado Fé", "Fado Vianinha" e "Fado Alberto" que dão música aos poemas de Fernando Pessoa ("No Fundo do Pensamento"), Florbela Espanca ("Rústica"), Natália Correia ("Passageira da Noite") e Vasco Graça Moura ("Recado"), ao lado do "Fado Penélope" composto por José Mário Branco, na melodia do qual se pode ouvir o "Soneto à maneira de Camões" de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Destaca-se ainda o clássico "Fado Pedro Rodrigues", que entoa o poema Cristal da autoria de Patrícia Costa.

Para além dos inéditos, são revisitados os temas "Lisboa dos Manjericos", gravado pela primeira vez "à guitarra e à viola", "Cravos de Papel" de Amália Rodrigues, com arranjo de João Ricardo Fráguas, cantado à capela com a participação das Vozes da
Rádio e "Recado ao Porto" escrito por José Mário Branco para a peça "Porto a 8 vozes", que surge aqui na leitura de Miguel Amaral.

Gravado no Porto por Francisco Maldonado, este disco conta com a participação dos músicos Miguel Amaral (Guitarra Portuguesa), André Teixeira (Viola de Fado), João Penedo e Sérgio Marques (Contrabaixo).

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