16 de maio de 2009

Pé na Terra

Pé na Terra
Pé na Terra
Açor, 2008

Sendo Portugal país berço duma vasta e rica tradição cultural e musical, é com tristeza que assistimos à sua desvalorização e indiferença por parte das entidades institucionais e governativas, talvez por um trauma histórico relativamente ao folclorismo salazarista. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Por isso, é sempre de salutar os novos alentos que vão surgindo no panorama folk português, como é o caso do grupo portuense Pé na Terra, reivindicadores duma tradição renovada e actualizada.

Com uma edição que prima pela originalidade, sobriedade e elegância (e que nada tem a invejar a outros artistas mais consagrados), este primeiro disco homónimo destaca-se pelo trabalho de composição própria de praticamente todos os temas, com a excepção de “Menino Ó”, “Balada do Sino” e “Maria Faia”, mantendo uma linha estética ora mais tradicionalista em “Passodoble de Vizela”, ora um “Sentir” mais folk. Por outro lado, Pé na Terra insere-se nessa nova geração de músicos que se dedicam à dinamização de bailes de danças europeias, por isso não é de estranhar que no seu repertorio apareçam algumas “importações aportuguesadas”, como as valsas e as chapeloises, que nestes tempos que correm, já vão sendo cada vez mais nossas.

A variedade melódica, harmónica e percussiva dos múltiplos instrumentos, desde a gaita-de-foles ao kerkebás, torna a sonoridade do grupo mais rica, variada e com distintas dinâmicas, o que faz com que seja um disco para se ir descubrindo em cada audição.

Apesar de terem um longo caminho à sua frente (assim esperamos!), este promete ser um dos colectivos que mais contribuirá pela defesa e divulgação da nossa música tradicional e folk, com essa determinação de ter os “pés bem assentes na terra” e nas nossas raízes culturais. A eles, o nosso agradecimento.

Alinhamento:

01 - Menino ó (trad. Portuguesa)
02 - Valsa Verde (Pé na Terra)
03 - Salpicos (Pé na Terra)
04 - Balada do Sino (José Afonso)
05 - Sentir (Pé na Terra)
06 - Pedrinhas (Pé na Terra)
07 - Maria Faia (trad. Portuguesa)
08 - Passodoble de Vizela (Pé na Terra)
09 - Valsa Nova (Pé na Terra)
10 - Chapeloise (Pé na Terra)
11 - Raio de Sol (Pé na Terra)
12 - Pur la Terra (Pé na Terra)
13 - Sete (Pé na Terra)

Gravado entre Novembro de 2007 e Março de 2008 no Estúdio Toste.

12 de maio de 2009

e esta, hein?!

O grupo Flor-de-lis, que representou hoje Portugal na primeira meia-final do Festival Eurovisão da Canção, com "Todas as ruas do amor", foi seleccionado para estar na final, no próximo sábado, em Moscovo.

Turquia, Suécia, Israel, Malta, Finlândia, Bósnia, Roménia, Arménia, Islândia fazem também parte do lote de dez países hoje apurados para a finalíssima de sábado na capital russa. Portugal participou nesta primeira meia-final, que foi transmitida em directo pela RTP, com a canção "Todas as ruas do amor" de Pedro Marques e Paulo Pereira.

fonte - rtp


10 de maio de 2009

Assobio

ASSOBIO é sopro; um sopro musical. E sopro é vida; a vida que passa pela cultura popular e pela sua transmissão constantemente renovada. ASSOBIO é o nome do novo projecto musical de César Prata. Após o fim de Chuchurumel, o seu anterior grupo, ASSOBIO marca a continuidade do seu trabalho com a tradição musical portuguesa, ou seja, o cruzamento da tradição com linguagens musicais dos nossos tempos. ASSOBIO é um desafio, uma constante procura de sonoridades, um caminho para a música portuguesa. ASSOBIO faz-se também com a voz carismática de Vanda Rodrigues, uma cantora surpreendentemente singular, uma voz para a música portuguesa. ASSOBIO é nome de disco e de espectáculo. ASSOBIO é uma co-produção do Teatro Municipal da Guarda e de César Prata e estreará no próximo dia 15 de Maio, no Teatro Municipal da Guarda. O espectáculo de estreia assinalará também a apresentação do CD ASSOBIO, uma edição do Teatro Municipal da Guarda.


Como respira este Assobio?


inspira
A tradição musical portuguesa é algo que desde sempre me interessou. A diversidade dos sons produzidos por instrumentos musicais, objectos sonoros, computadores e outras máquinas, pela voz... ou o que quer que seja... também. Destas paixões nasceu Assobio, uma constante procura de sonoridades.


expira
Assobio é sopro; um sopro musical. E sopro é vida; a vida que passa pela cultura popular e pela sua transmissão constantemente renovada.
Mas este Assobio também tem voz – exactamente a voz que o Assobio precisava. (Uma voz que me ficou na cabeça desde a primeira vez que a ouvi, quando da apresentação do espectáculo “Guarda – rádio memória” no Teatro Municipal da Guarda.)


contra a morte
e contra o tédio
assobiar

César Prata


Assobio:
César Prata: laptop, guitarra sintetizada, guitalele, ewi, viola braguesa, bandolim eléctrico,
ocarina, flautas, ponteira, percussões
Vanda Rodrigues: voz e percussões
www.myspace.com/assobio

5 de maio de 2009

Donna Maria : Quase perfeito [Tudo é para sempre..., 2004]

Sabe bem ter-te por perto
Sabe bem tudo tão certo
Sabe bem quando te espero
Sabe bem beber quem quero

Quase que não chegava
A tempo de me deliciar
Quase que não chegava
A horas de te abraçar
Quase que não recebia
A prenda prometida
Quase que não devia
Existir tal companhia

Não me lembras o céu
Nem nada que se pareça
Não me lembras a lua
Nem nada que se escureça
Se um dia me sinto nua
Tomara que a terra estremeça
Que a minha boca na tua
Eu confesso não sai da cabeça

Se um beijo é quase perfeito
Perdidos num rio sem leito
Que dirá se o tempo nos der
O tempo a que temos direito

Se um dia um anjo fizer
A seta bater-te no peito
Se um dia o diabo quiser
Faremos o crime perfeito

Miguel Rebelo - Miguel A. Majer

Um novo espaço para ouvir o fado no Chiado

De segunda-feira a sábado, sempre pelas 19.00, jovens músicos portugueses cantam fados tradicionais no Cine Theatro Gymnásio, ao Chiado, em Lisboa. O 'Fado in Chiado' arrancou no início de Março e ainda não se sabe quando vai terminar

Dantes quem queria ouvir fados em Lisboa tinha duas opções: ou ia a uma casa de fado ou assistia a um espectáculo numa sala como o Coliseu dos Recreios. Desde o início de Março há uma terceira hipótese, o Fado in Chiado. Basta passar pelo Cine Theatro Gymnásio, em Lisboa, ao final da tarde. A partir das 19.00 e durante cerca de meia-hora, um cantor, uma cantora e dois guitarristas, na viola de fado e na guitarra portuguesa, tocam alguns dos mais conhecidos temas. Depois o público continua com a sua noite.

"Não havia, até agora, a possibilidade de ouvir o fado, que nós encaramos como o som da alma portuguesa, num espectáculo mais curto e descontraído", concorda Jacinta Oliveira, da promoto- ra GeniusyMeios. "Tendo em conta o número de turistas que Lisboa recebe todos os anos, sentimos que era necessário criar um espaço onde se pudesse ouvir a canção portuguesa, para lá das casas de fados. Um sítio que não implicasse um jantar e uma noite perdida".

Curiosamente, o Fadoin Chiado surge no ano em que este género musical é candidato a Património da Humanidade. Apesar de não haver qualquer relação entre estas iniciativas, segundo a promotora, este espectáculo foi feito a pensar nos estrangeiros que visitam a capital. O alinhamento inclui por isso canções tão conhecidas como Cheira Bem, Cheira a Lisboa ou Uma Casa Portuguesa, popularizadas por Amália Rodrigues, assim como A Casa da Mariquinhas ou A Moda das Tranças Pretas.

Os temas não sofrem grandes alterações de espectáculo para espectáculo, mas os intérpretes garantem que estes ainda não se tornaram repetitivos. "A reacção do público é sempre diferente, e nunca cantamos um fado da mesma maneira", explica o cantor Marco Oliveira, de 21 anos. A fadista Mafalda Taborda, de 22, concorda. "É um repertório mais turístico", lembra a intérprete.

"É verdade que é um formato mais virado para os turistas, para eles conhecerem melhor a nossa identidade", explica Jacinta Oliveira. "Mas estes fados continuam a ter a sua identidade, com a sua alma e as suas características. Não obstante, é uma coisa feita a pensar nos públicos estrangeiros e noutras pessoas que visitam a cidade de Lisboa".

A organização teve por isso o cuidado de escolher vozes jovens (e menos conhecidas), para "fazer uma ponte entre a tradição e a modernidade". Foram ainda escolhidos dois elencos, um principal e um secundário, para que o espectáculo não seja interrompido, ficando patente de segunda a sábado, sem colidir com outros compromissos dos intérpretes.

Os interessados poderão assistir a estas breves actuações durante os próximos meses. Até porque ainda não se sabe quando vão chegar ao fim. "Começou no dia 6 de Março e não termina", avança, confiante, Oliveira. "Queremos que fique em permanência. Gostaríamos que o Fado in Chiado marcasse esta época como, por exemplo, o Jardim Zoológico, na nossa infância, ou mesmo o Oceanário".

fonte ~ dn

3 de maio de 2009

Projecto Oralidades

O grupo de Música Portuguesa Roda Pé, vai estar presente no dia 9 de Maio, em Birgu-Ilha de Malta, a representar a cidade de Évora, num Festival Internacional de Música de Tradição
Europeu. Este Festival está integrado no Projecto Oralidades, que engloga os Municípios Portugueses de Évora, Mértola, Idanha-a-Nova e ainda as cidades de Arles (França), Birgu (Malta), Ourense (Espanha), Ravenna (Itália) e Sliven (Bulgária).

Projecto Oralidades

Nos próximos três anos as cidades de Arles (França), Birgu (Malta), Évora (Portugal), Idanha-a-Nova (Portugal) Mértola (Portugal), Ourense (Espanha), Ravenna (Itália) e Sliven (Bulgária) unem-se num vasto programa de cooperação e intercâmbio cultural denominado Oralidades. Neste âmbito, será criado um Centro de Recursos da Tradição Oral que terá a sua sede em Évora.
Neste quadro elegeram-se duas componentes das Oralidades: A Música da Europa do Sul e do Mediterrâneo (popular, tradicional, antiga e da renascença) e a Tradição Oral (Histórias de Vida, os Contos Populares, os Cancioneiros e os Romanceiros).
Um conjunto de actividades será desenvolvida com regularidade em todas as cidades da parceria e que assenta em Circuitos, Encontros e Festivais das Músicas do Sul; Circuitos, Encontros e Festivais de Música Antiga e da Renascença; Rede de Cidades da Tradição Oral, com Contadores de Contos Populares, Grupos de Teatro e de Marionetas; Encontros de Especialistas no estudo tradição oral e a criação, em Évora, de um Centro de Recursos da Tradição Oral e uma Plataforma digital on-line da tradição oral.
O projecto vai criar um conjunto de produtos que se pretende que sejam valores acrescentados em termos da cooperação europeia no domínio cultural. Entre outros, serão produzidos CDs com músicas dos grupos que participam no projecto; Edição de uma Antologia de Contos Populares das Cidades da parceria; uma Maleta Pedagógica da Tradição Oral e o Cartão de Turismo Cultural das cidades do projecto.

26 de abril de 2009

25 de Abril sempre!

A morte saiu à rua

Zeca Afonso


Rui Veloso


Miro Casabella

18 de abril de 2009

Amália Rodrigues : Gaivota [Com que voz, 1970]

Se uma gaivota viesse
Trazer-me o céu de Lisboa
No desenho que fizesse,
Nesse céu onde o olhar
É uma asa que não voa,
Esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
Dos sete mares andarilho,
Fosse quem sabe o primeiro
A contar-me o que inventasse,
Se um olhar de novo brilho
No meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
No meu peito bateria,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde cabia
Perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
As aves todas do céu,
Me dessem na despedida
O teu olhar derradeiro,
Esse olhar que era só teu,
Amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
Morreria no meu peito,
Meu amor na tua mão,
Nessa mão onde perfeito
Bateu o meu coração.

Alexandre O'Neill / Alain Oulman

17 de abril de 2009

Diagonal: entre Estocolmo e Lisboa

Nesta nossa aldeia global que é o Mundo, é sempre de louvar o encontro tão agradável entre distintas sonoridades, culturas e línguas, como é o caso dos Stockholm Lisboa Project, que no dia 28 de Abril lançam o seu novo disco "Diagonal", apesar de já estar à venda na web do grupo. E para quem não conseguir aguentar a espera do correio, pode ir ouvindo os temas que estão disponíveis no myspace do grupo.

Fotógrafos procuram-se!

António Pires, uma das grandes referências do jornalismo musical nacional e autor do blog Raízes e Antenas, aguça a nossa curiosidade com o seguinte pedido de ajuda, e vindo de quem vem, só pode ser coisa boa...

Procuram-se os Autores Destas Fotos!

Prezados leitores do Raízes e Antenas! Se alguém souber qual é o autor destas fotos (ou tenha algum palpite sobre quem poderá ser ou... saber), por favor contacte-me na caixa de comentários deste post ou através do meu e-mail: pires.ant@gmail.com

Não é um concurso nem passatempo, mas é importante (a seu tempo revelarei a razão). Muito obrigado!



Banda do Casaco - Deve ter sido tirada por alturas do álbum «Contos da Barbearia» (1978).




Carlos Paredes




Farinha Master - Foi a capa do álbum «Muito Obrigado», dos Ocaso Épico.





José Afonso - uma dica, foi a partir desta foto que foi desenhado o logotipo da AJA (Associação José Afonso).