Almadrava
Som Livre, 2005
Desde sempre ouvi dizer que a música algarvia se definia pelos ritmos do corridinho e do baile mandado.
Marenostrum, grupo oriundo de Tavira, desmistifica esta ideia no seu segundo trabalho discográfico, intitulado Almadrava, apresentando uma fusão bastante heterogénea entre a música tradicional e outras várias sonoridades, que vão desde Cabo Verde (Nha Rosa e Blimundo) até às raízes judaícas dos sons frenéticos Klezmer (Freylekchs fun L.A...), passando pelas sonoridades árabes do norte de África (Rasmalhada e Oxalá). Tudo isto, sem esquecer os já referidos ritmos autóctones, presentes em Cantigas das mentiras e Mandado (Vira a chata).
No entanto, apesar de tanta diversidade, há uma linha orientadora que dá consistência a este trabalho: a força inspiradora do mar, que se deixa revelar através de vários sinais: o desenho gráfico do disco, que cativa imediatamente a atenção; o próprio título "Almadrava", pois é um conceito relacionado com a pesca do atum; e as letras, que na sua maioria fazem alusão ao mar e à faina, evocando tempos antigos, quando as armações de atum e a actividade a elas inerentes ainda subsistiam no Algarve.
Partindo da tradição algarvia, podemos considerar este disco como um trabalho ao rumo do encontro de sons e de culturas, no qual destaca-se a participação da cantora cabo-verdiana Maria Alice em Nha Rosa e do guitarrista Mamadi da Guiné Conakri, que tocou em Fado da ilha e Mandado (vira a chata).
Igualmente relevante e emotiva é a homenagem que Marenostrum faz ao amigo e companheiro Sérgio Mestre, com a inclusão do tema Blimundo, que resulta da gravação de um ensaio, no qual ele participou ao tocar flauta.
Alinhamento
- Peru branco (cantiga das mentiras)
- Muxama a...
- Fado da ilha
- Rasmalhada
- Nha rosa
- Freylekchs fun L.A
- Mandado
- Oxalá...
- Almadrava
- Blimundo
- Roaz...
Muxama a...
marenostrum
som livre, 2005
marenostrum
som livre, 2005
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