Luz de Lisboa
Ocarina, 2004
Como o lento correr do Rio Tejo, assim desagua no nosso sentir os onze temas que compõem o último trabalho discográfico “Luz de Lisboa” de Helder Moutinho.
À primeira escuta, poderíamo-nos deixar enganar pela simplicidade das melodias e das guitarradas, mas à medida que nos deixamos levar pela voz segura e cativante desta nova referência do mundo do Fado, facilmente nos apercebemos que tranquilidade não é sinónimo de ausência de emoção, nem de beleza! Bem pelo contrário, este disco denota-se pela sua capacidade de comover o espírito e de provocar o imaginário do ouvinte: o despertar da cidade, que com a sua luz vai invadindo ruas e casas adormecidas, rompendo com a Saudade e criando nova vida, plena e absoluta.
São as palavras de Helder Moutinho, principal responsável pela força da poesia neste seu trabalho, as principais protagonistas, que dão corpo e essência à música, e nova alma a fados recreados que se deixam modernizar pela sentir renovador do fadista, tais como Fado Refúgio (Fado Cravo) ou Fado Amado (Fado Alberto). Outro tema onde a mensagem se ressalta é Parceiros das Farras, onde Moutinho faz-se acompanhar somente por uma guitarra clássica, como que um convite a concentrar-mo-nos na sua interpretação vocal e na sua expressão da alma.
Por outro lado, a contenção da voz e do seu rigoroso trinar, sem espaço a exageros ou abusos, é o fio condutor que nos embarga a alma, sem perdermos a noção de que o que estamos a ouvir é um desabafo pessoal de Moutinho, destacando-se, por este motivo, de outros fadistas da nova geração. Podemos, mesmo, considerar este trabalho como um dos mais pessoais e autênticos dos últimos tempos, sendo visível o carácter intimista, não só nos poemas, como na própria forma de expressão.
Por tudo isto, e muito mais, não é de estranhar que Helder Moutinho seja considerado como uma das referências incontornáveis do Fado Novo, aplaudido pela crítica e elogiado pelo júri do prémio Amália Rodrigues, que lhe atribuiu o prémio de Melhor Álbum 2004.
Alinhamento
Paulo Jorge Santos – Guitarra Portuguesa
José Elmiro Nunes – Guitarra Clássica (Viola)
João Penedo – Baixo e Contrabaixo
Músicos Convidados:
Carlos Manuel Proença – Guitarra Clássica (Viola) em “Lisboa das Mil Janelas”
Diogo Clemente – Guitarra Clássica (viola) em “Parceiros das Farras”
- Ai do Vento – letra e música de Helder Moutinho
- Ao Trovador – letra Helder Moutinho, música Paulo Jorge Santos
- Lisboa das Mil Janelas - letra Helder Moutinho, música Carlos Manuel Proença
- Ao Velho Cantor - letra Helder Moutinho, música Fado Menor (DR)
- Fado Refúgio – letra Helder Moutinho, música Alfredo Duarte (Fado Cravo)
- Eu Lembro-me de Ti, Lisboa - letra Helder Moutinho, música Alfredo Duarte
- Não Guardo Saudade à Vida - letra Helder Moutinho, música Jaime Santos (Fado Alfacinha)
- Fado Bailado - letra Helder Moutinho, música Alfredo Duarte (Fado Bailado)
- Ao Redor de Um Fado Antigo - letra e música de Helder Moutinho
- Parceiros das Farras – letra Mascarenhas Barreto, música António dos Santos
- Fado Amado - letra Helder Moutinho, música Miguel Ramos (Fado Alberto)
Paulo Jorge Santos – Guitarra Portuguesa
José Elmiro Nunes – Guitarra Clássica (Viola)
João Penedo – Baixo e Contrabaixo
Músicos Convidados:
Carlos Manuel Proença – Guitarra Clássica (Viola) em “Lisboa das Mil Janelas”
Diogo Clemente – Guitarra Clássica (viola) em “Parceiros das Farras”
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