No final da exibição deste musical que, em estreia mundial, fez a abertura do Festival de Cinema de Toronto, as cerca de 1.000 pessoas presentes aplaudiram de pé, Carlos Saura e os dois fadistas portugueses presentes.
Em declarações à Lusa, Mariza comentou que «este filme de Carlos Saura eleva o fado, a alma do povo português».
«Trabalhar com o Carlos Saura é muito fácil. É uma pessoa simples. Para mim foi um privilégio pode trabalhar com ele e com todos estes artistas», referiu.
No filme, Mariza interpreta «Transparente», com ritmos africanos, e o «Fado Meu», este último numa nova versão misturada com Flamenco, cantada em parceria com o espanhol Miguel Poveda.
Sobre a sua primeira experiência no mundo do cinema, Mariza confessou ter tido uma «sensação um pouco estranha».
«Geralmente não me vejo a cantar o fado. Canto apenas no palco», indicou.
«Senti-me sempre fadista no filme e não actriz», adiantou a cantora, acrescentando desconhecer se tem aptidões para representar.
Carlos do Carmo, também presente em Toronto para esta estreia, evidenciava grande nervosismo antes da estreia e transbordava emoção e felicidade no final da projecção.
«Foi um dos dias mais felizes na minha vida. Este filme foi sonhado por mim. E o resultado é a materialização desse sonho», declarou à Agência Lusa.
O fadista indicou ter sido ele quem definiu e sugeriu toda a estrutura musical deste filme.
«Carlos Saura é um um homem muito simples, de uma grande sensibilidade musical e um brilhante realizador», realçou.
Além de ter sido supervisor musical, Carlos do Carmo participou também no filme, dando a voz num fado sobre Lisboa e a «Um homem na cidade», participando ainda numa renovada versão de «Fado Tropical», por Chico Buarque.
Em relação à estreia em Portugal, marcada para 25 de Setembro, Mariza disse que espera que «alguns puristas do fado façam comentários».
«Mas Carlos Saura com este filme dá dignidade ao fado, ajudará à sua projecção em todo o Mundo e contribuirá para que as pessoas procurem conhecer mais o fado», salientou.
No entender de Carlos do Carmo, urge uma mudança de atitude dos portugueses quanto ao fado, já que a larga maioria diz «nada conhecer» sobre a maior expressão do canto nacional.
«É um preconceito que tem de acabar», remarcou.
«Se o filme correr bem, não haverá derrotados», apontou ainda Carlos do Carmo.
Momentos antes do início da estreia, na sala do Teatro Ryerson, as expectativas da assistência eram muitas.
O fado, através de uma longa lista de perto de 30 vozes e interpretações, foi a estrela na tela durante 85 minutos.
No final, as cerca de 1.000 pessoas que encheram a sala de Toronto aplaudiram de pé.
Do fado castiço de Alfredo Marceneiro, à era moderna de Amália Rodrigues, o filme mostrou o fado e espelhou Portugal através da sobriedade e inteligência de Carlos Saura, mostrando ainda as novas tendências e as influências africanas e brasileiras.
No final da estreia, António Saura, filho de Carlos Saura e produtor do filme, expressou à Lusa um grande agradecimento a Portugal, devido a «ser um país de uma imensa riqueza cultural».
Além de Mariza e Carlos do Carmo, participam no filme outros fadistas como Argentina Santos e Camané.
A película contempla a homenagens a Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro e Lucília do Carmo.
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