29 de dezembro de 2010
23 de dezembro de 2010
22 de dezembro de 2010
Katia Guerreiro edita CD com duetos inéditos
“Escolhi para este ‘Best of’ os temas mais emblemáticos da minha carreira, como ‘Segredos’ ou ‘Amor de mel, amor de fel’ e alguns que canto menos nos meus espetáculos como ‘Algemas’”, disse a fadista.
Estes e outros temas, como “Ponham flores na mesa”, “Pranto de amor ausente”, “Asas”, ou “Lisboa à noite”, estão reunidos num CD.
No segundo CD, Katia escolheu duetos que fez ao longo da carreira, nomeadamente com Ney Matogrosso, Santos & Pecadores e Martinho da Vila.
“Estes duetos são encontros musicais que fizeram parte do enriquecimento musical, artístico e até humano que fui adquirindo”, afirmou.
O CD inclui três duetos inéditos, gravados propositadamente para este álbum duplo, nomeadamente com Rui Veloso, Amina Alaoui e Simone de Oliveira.
Com Simone, Katia interpreta o único tema original, “Amor sem tamanho” (Pedro Rapoula/ Pedro Pinhal).
OuTonalidades regressa em 2011
Em Santo Estêvão (Tavira), ponto mais a sul de todo o circuito, foi um espectáculo da associação organizadora, “Toques do Caramulo”, que encerrou a 14ª edição do "OuTonalidades - circuito português de música ao vivo". O evento começou a 22 de Setembro na Corunha e apresentou uma impressionante agenda de música ao vivo até 18 de Dezembro, num roteiro que se estendeu da Galiza ao Algarve.
Neste último fim-de-semana, além da Casa do Povo de Santo Estêvão, espaço onde o circuito pegou de estaca nas últimas edições, o OuTonalidades teve concertos em Lisboa (Toques do Caramulo, na véspera de descer ao Algarve) e em Tondela e no Fundão (com o projecto do guitarrista Marcos Teira, um dos vários grupos galegos desta edição). O poder de intervenção cultural deste circuito assume uma importância cultural decisiva em muitos destes locais e cria importantes oportunidades de circulação para os grupos envolvidos.
O êxito do OuTonalidades vem resultando, incontornavelmente, do inédito intercâmbio luso-galaico resultante da parceria do circuito português com a Rede Galega de Música ao Vivo, criando-se um roteiro único de espaços e grupos portugueses e galegos. Foram muitas as noites memoráveis desta edição, foram muitos os quilómetros percorridos pelos grupos, e foram muitas as centenas de espectadores deste grande palco chamado OuTonalidades, à 14ª edição.
Os Municípios de Águeda, Estarreja, Ovar e Tavira apoiaram oficialmente o 14º OuTonalidades, além do Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes e de vários outros organismos. Na Galiza, a AGADIC e a Clubtura são os parceiros oficiais do OuTonalidades. O circuito foi coordenado, como desde sempre e a partir de Águeda, pela d’Orfeu Associação Cultural.
Muito em breve, durante o primeiro trimestre de 2011, abrirá o período de inscrições de grupos para a 15ª edição.
Propostas de Programação para o Andanças 2011
Formulário de candidatura
15 de dezembro de 2010
"Viva a república, Viva" novo CD de Vitorino
Vitorino Salomé pretende, com este album, comemorar a implantação da República, a consagração de "A Portuguesa" como símbolo nacional, a partir de 19 de Junho de 1911, e a Constituição Portuguesa de 1911.
Particularmente grato aos ideais anarco-sindicalistas que estiveram na base do movimento que na tarde de 4 de Outubro de 1910, em Setúbal e em quase toda a Margem Sul, deu início à implantação da República, Vitorino reúne neste CD seis temas, na sua maioria compostos propositadamente para este efeito.
Somando a sua vivência e experiência adquiridas Vitorino procura entender o passado recente que, através dos seus avós e tios, começa com o século XX.
Deste modo Vitorino faz aquilo que pode ser uma banda sonora da sua vida e recria as ambiências, do que pode ter sido a música popular que andava no ar, no princípio do século XX, tarefa facilitada pela grande quantidade de material disponível em arquivos, livros, discos e informação fornecida por amigos.
1 de dezembro de 2010
27 de novembro de 2010
Carlos do Carmo e Sassetti. Separados por 30 anos. Juntos em disco.
Carlos do Carmo sempre quis gravar "as canções de uma vida". Já Bernardo Sassetti sempre ouviu Carlos do Carmo. Em casa, ainda pequeno, lembra-se de escutar o fadista na rádio a cantar "Os Putos". Poderíamos ser fiéis ao velho pregão do "Video Killed The Radio Star" - e até admitir que hoje poucos escutam rádio em casa - mas não andaremos muito longe da verdade se dissermos que, desses tempos, Sassetti guardou muito mais do que uma recordação de frequência modelada. "Ouvir o Carlos era uma forma de tentar ser melhor. Uma referência como músico, cantor, conversador", diz.
Talvez por isso, este encontro, que muitos classificaram de improvável, seja afinal o ponto de contacto mais natural entre dois músicos, que se influenciaram mutuamente ao longo dos anos. Carlos do Carmo, que já tinha convidado Sassetti para fazer as orquestrações do seu espectáculo comemorativo dos 40 anos de carreira, define a ideia como "uma martelada matinal". "Acordei a pensar que queria gravar estas músicas com o Bernardo. Daí ao telefonema foi um impulso", recorda.
Tudo começa à mesa
Convém esclarecer que "Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti" - assim se chama o disco - nasce primordialmente de conversas, antes de ganhar forma musical. De conversas e de histórias e de jantares intervalados por algumas incursões ao piano e microfone.
"Todas as músicas foram construídas a dois, em minha casa, com muita conversa e piano pelo meio. O mais importante era transformar aquelas peças num momento genuíno que tivesse que ver com o nosso universo de voz e piano, de um intimismo profundo, encontrar um espaço e tempo para cada canção", confessa Sassetti.
Claro que, tratando-se de músicas que ganharam vida própria - e se eternizaram - não será errado dizer que esta se revelou como uma responsabilidade acrescida para ambos. Sassetti define cada canção como "uma facada no original". "Mas uma facada com muito respeito e admiração". Provavelmente, só assim seria possível a Carlos do Carmo gravar canções com as quais tem uma relação quase visceral. Falamos, naturalmente, das interpretações de temas escritos por Sérgio Godinho, Fausto, Rui Veloso e, acima de tudo, José Afonso.
"As escolhas são afectivas. Uma vez o Sinatra fez um disco chamado "Some Nice Things I''ve Missed", um disco com versões de músicas que poderiam ter sido escritas para ele. Sinto um pouco isso em relação a estas dez canções do disco, embora tenha tido grandes artistas a escreverem para mim", esclarece Carlos do Carmo, antes de ser interrompido por Sassetti, que quis falar das suas preocupações relativas às canções.
"Tive muitas, sobretudo porque falamos de tocar temas que têm à partida uma versão definitiva, que é a original, o que acontece com o ''Yesterday'', dos Beatles, com Brel, esse verdadeiro tormento, ou o Zeca", diz. "Não se trata de um disco de covers. Isso seria um mal necessário. Existem textos bonitos e nós fomos à procura de novas soluções."
José Afonso teria gostado?
Da lista de dez canções do disco, fazem parte melodias tão célebres como "Lisboa que Amanhece" (Sérgio Godinho), "Foi por Ela" (Fausto), "Porto Sentido" (Rui Veloso e Carlos Tê), "Cantigas do Maio" (José Afonso), "Avec Le Temps" (Leo Ferré), "Quand on a que L''Amour" (Jacques Brel) e "Gracias a La Vida" (Violeta Parra). Talvez pela sua ligação afectiva, Carlos do Carmo fale de José Afonso com a naturalidade - e saudade - de quem lhe assinou uma petição para não ser preso há muitos anos.
"Andou desaparecido uns tempos até ter entrado na minha casa de fados, para me agradecer. Era uma pessoa muito atenta", recorda. E José Afonso, teria gostado do disco? "Não sei, vou ter uma conversa muito séria com a Zélia (viúva do músico) para saber o que ela pensa que ele acharia. O Zeca e eu tínhamos uma relação de mútuo respeito. Admirava-o particularmente. Ele é um ser à parte, a minha referência ética e estética."
O disco foi gravado em poucos dias, com algumas das faixas a saírem ao primeiro take. "Tínhamos encontros semanais, conversávamos imenso e tocávamos um bocadinho. Acho que as músicas foram sempre tocadas de forma diferente", conta. Dessa liberdade criativa, nascem canções familiares, mas com outro código genético, marcado pelas deambulações jazzísticas do pianista e pelo cantar falado de Carlos do Carmo. "Tudo muito natural, não houve grandes coisas combinadas, nada estava escrito", assegura o fadista.
A cumplicidade entre Sassetti e Carmo não se espelha apenas no disco que acabam de editar. A própria conversa, os olhares comprometidos e as piadas que trocam entre si mostram bem o entendimento entre os dois, humano e musical. "A realidade é que são dois amigos que se passeiam por uma ou várias cidades em que tudo acontece de forma muito tranquila. Se um vai para uma rua, o outro segue-o naturalmente. E existe espaço para o silêncio", sorri Bernardo Sassetti. Uma coisa é certa: aqui, o silêncio não é fatal.
26 de novembro de 2010
21 de novembro de 2010
O povo volta a cantar!
A Tradisom, e o seu incansável impulsionador José Moças, volta a marcar o panorama etnomusicológico português, desta vez com o lançamento da filmografia completa de Michel Giacometti, o etnógrafo corso que percorreu Portugal de lés-a-lés na recolha de registos musicais, costumes sociais e de trabalho.
Esta edição, feita em parceria com a RTP e o jornal Público, e que estará à venda desde o dia 22 de Novembro, inclui a reedição da série "Povo que canta", um marco da televisão portuguesa dos anos 70 e um dos retratos mais completos, de então, da nossa tradição musical e realidade etnográfica.
Apesar de ser um olhar díspar relativamente à actualidade, pelo seu valor patrimonial e cognitivo esta é uma colecção a não perder!
jornal hardmúsica
"Povo que canta" está de volta
jornal i
Michel Giacometti. O apóstolo do cancioneiro popular português
20 de novembro de 2010
Fado para ouvir e provar
Fazer um roteiro sobre o fado não é tarefa fácil. Fazer um «roteiro para provar ouvir o fado em Lisboa», é ainda mais complicado, mas é também um prazer redobrado que põe à prova todos os sentidos. Há cada vez mais casas de fado, tertúlias de amigos que se reúnem para «fadistar» nas tasquinhas, e até inúmeros bares frequentados por uma geração mais nova, e que incluem a tradição do fado na sua programação. Com tantas alternativas, optámos por fazer uma selecção que incluísse todas estas tendências. Nas nossas sugestões podem ouvir desde o fado profissional, passando pelo fado amador, até ao chamado fado vadio. Houve algumas (poucas) casas que não demonstraram o mesmo entusiasmo que nós tivemos a fazer este livro, mas as 20 que aqui estão, partilharam as suas «receitas» de fado sem hesitação!
Ao longo de várias semanas, ouvimos poetas, vozes abençoadas, histórias de vidas. «Provámos» de tudo um pouco, tendo por companhia o som único da guitarra portuguesa e da guitarra clássica, e sendo envolvidos pela «Luz da Noite» que José Manuel dos Santos tão bem descreve no seu prefácio. Decididamente o fado é uma parte da nossa alma, o oxigénio da nossa saudade… uma história que se conta a cantar.
17 de novembro de 2010
Pedro Moutinho e Mayra Andrade : Alfama [Lisboa mora aqui, 2010]
Como um veleiro sem velas
Alfama toda parece
Uma casa sem janelas
Aonde o povo arrefece
É numa água-furtada
No espaço roubado à mágoa
Que Alfama fica fechada
Em quatro paredes de água
Quatro paredes de pranto
Quatro muros de ansiedade
Que à noite fazem o canto
Que se acende na cidade
Fechada em seu desencanto
Alfama cheira a saudade
Alfama não cheira a fado
Cheira a povo, a solidão,
Cheira a silêncio magoado
Sabe a tristeza com pão
Alfama não cheira a fado
Mas não tem outra canção.
Ary dos Santos/ Alain Oulman
15 de novembro de 2010
Uxu Kalhus: 10 anos de folk em português!
O lançamento do DVD será assinalado com um concerto/baile a 4 de Dezembro, Sábado, no Hard Club, no Mercado Ferreira Borges, Porto. A entrada custa 7,5 € e na compra do bilhete, o DVD pode ser adquirido por mais 5 €.
Em 10 anos de existência, os Uxu Kalhus lançaram dois cd’s (“A revolta dos badalos”, 2006 e “Transumâncias Groove”, 2009) e apresentaram mais de 600 actuações ao vivo em formato bailes e concertos no país e no estrangeiro. Com actuações vibrantes, uma postura irreverente e sempre fiéis à sua estética folk-rock de fusão, Uxu Kalhus estão constantemente a renovar as fronteiras do Tradicional.
Porque hoje o folk de identidade já não é local mas sim global, Uxu Kalhus assumem-se como um grupo português contaminado pelas sonoridades do mundo actual. Composições elaboradas e arranjos complexos desafiam regras e surpreendem quem escuta os temas gravados; mas é ao vivo que Uxu Kalhus se libertam, transformando-se num colectivo orgânico que leva as suas capacidades ao limite, numa mescla de energia e sentimento, trocando o conforto da previsibilidade pelo risco constante da improvisação.
Os Uxu Kalhus são compostos por Joana Margaça (voz), Paulo Pereira (sopros), André Lourenço (teclas), Tó Zé (guitarras), Eddy Slap (baixo) e Luís Salgado (bateria) e nasceram em 2000 com o objectivo inicial de divulgar as danças portuguesas em França. Cedo revelaram a sua vocação de grupo folk português algures entre os universos da Fusão e das Músicas do Mundo. As composições do grupo alternam arranjos de sonoridades que acompanham as danças portuguesas (raramente utilizadas fora do universo folclórico tradicional) com influências diversas de cada um dos seus elementos para obter um resultado original no panorama nacional e internacional. A sua maior força é a prestação contagiante ao vivo, que incita o público a dançar e a explorar o folk nacional.
Entre mais de 600 bailes/concertos em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Macau e Itália, houve a necessidade de registar as criações sonoras em dois cd´s. No primeiro - A Revolta dos Badalos de 2006, o Malhão, a Erva cidreira, o Mata Aranha, o Saraquité ou o Regadinho adquirem uma dinâmica nova, fracturante, com ritmos de bateria, baixos jazzísticos e arranjos com influências Afro, Ska, Rock, Drum n´Bass e Hip Hop. Com o segundo álbum Transumâncias Groove de 2009, a "revolução" na música tradicional dá ainda mais um passo no aprofundar do Folk nacional, com originais do grupo para danças como o Vira, o Corridinho e as Saias.
Voz: Joana Margaça
Sopros: Paulo Pereira
Teclas: André Lourenço
Guitarras: Tó Zé
Baixo: Eddy Slap
Bateria: Luís Salgado
Hard Club, Porto
4 Dezembro 2010, Sábado, 22h00
Clube Oriental de Lisboa
11 de Dezembro, Sábado, 22h30
Viva a Música / Antena 1
13 de Dezembro, Segunda
12 de novembro de 2010
Mariza grava novo disco com fados tradicionais
O álbum, o quinto de estúdio de Mariza, é o primeiro produzido pelo músico Diogo Clemente, e será apresentado no Coliseu do Porto, no dia 25 de Novembro, e no dia 29 no de Lisboa, num cenário desenhado pelo arquitecto Frank Gehry.
Tal como o título indica, as melodias que interpreta são fados tradicionais, casos do Fado Sérgio, a solo e em dueto com Artur Batalha, no tema “Promete jura” (Maria João Dâmaso/Sérgio Dâmaso), Fado Alfacinha para o tema de Fernando Pinto Ribeiro “As meninas dos meus olhos”, ou o Fado Varela para uma letra de Diogo Clemente, “Mais uma lua”.
De Fernando Pessoa interpreta na melodia do fado bailarico de Alfredo Marceneiro, “Dona Rosa”.
“Ai, esta pena de mim” (Amália Rodrigues/José António Guimarães Serôdio) no Fado Zé António, e “Na rua do silêncio” na melodia do fado alexandrino de Joaquim Campos com letra de António Sousa Freitas, são dois dos temas do repertório de Amália Rodrigues que recria.
Acerca deste CD, o musicólogo Rui Vieira Nery afirma que a fadista “regressa às próprias raízes do fado ‘clássico’, mergulhando por completo nas tradições mais autênticas e mais consagradas pelo tempo de um género de que é hoje um expoente consagrado”.
“Ao mesmo tempo – escreve ainda Nery – [Mariza] continua atenta a uma nova geração de jovens compositores como Sérgio Dâmaso, e estimula os seus acompanhadores a apoiá-la nesta viagem como um suporte instrumental assumidamente contemporâneo e por vezes ousadamente experimental”.
Uma “mistura tão especial do velho e do novo, mas sempre só o melhor”, remata o musicólogo.
“Rosa da Madragoa” (Frederico de Brito/José Duarte) na melodia do fado Seixal, “Boa noite, solidão”, um tema criado por Fernando Maurício, no fado Carlos da Maia, com um poema de Jorge Fernando, “Desalma” de Diogo Clemente na música do fado Alberto de Miguel Ramos, e ainda “Meus olhos que por alguém” no fado menor do Porto de José Joaquim Cavalheiro Jr. com letra de António Botto, de quem a fadista já interpretou “Os anéis do meu cabelo” com música de Tiago Machado, são outros dos temas incluídos no álbum.
O novo disco estará disponível numa “edição standard” (CD com 12 fados), numa “edição especial” (12 fados e dois extra) e uma "edição digital".
Os temas extra da edição especial são “Olhos da cor do mar” de João Ferreira-Rosa e Óscar Alves na música do fado Amora de Joaquim Campos, e “Lavava no rio lalava” de Amália Rodrigues e José Fontes Rocha.
“Fado Tradicional” foi gravado no Lisboa Estúdios entre julho e setembro passados, e sucede a “Terra”, produzido por Javier Limón, editado em 2008.
A fadista é acompanhada por Ângelo Freire (guitarra portuguesa), Diogo Clemente (viola) e Marino de Freitas (viola-baixo).
Mariza, já distinguida com vários prémios nacionais e internacionais, actua dia de S. Martinho (dia 11) na Sala Palatului na Roménia, seguindo para a Suíça onde canta em Basileia, no dia 14.
11 de novembro de 2010
"Contexto e Significado" aos 15 anos da d'Orfeu!
7 de novembro de 2010
Quadrilha : Levitação azul [Deixa que aconteça, 2006]
Em Lilás, só p'ra te ver sorrir
Vestidos à pressa foi só p'ra perder a sessão
Nem me sei despedir
E então, o filme da tua mão, na tela
Talvez um dia venha a sentir a tua falta de ar
Nalgum entardecer
Adivinhar o filme da tua nova história de amor
E fingir não entender
E então, as coisas são como são, é pena
Faz-me um favor, deixa o teu perfume no elevador
Então faz-me um favor, por favor
Ah, levitação azul
Voltei a casa só p'ra te revisitar
Levitação azul
Deixa passar mais uma meia hora
Adoro fins de tarde a recordar-me de ti
Em Lilás, só p'ra te ver sorrir
Depois de um mazagran com duas pedras de...
Toca o telefone, um convite p'ra sair
E então, tu vais dizer-me que não, faz parte?
Enquanto os dias passam com retratos de creme e limão
Gotas de entardecer
As nuvens envelhecem no calor da primeira estação
De um comboio a perder
E então, o amor servido em boião, lembranças
Faz-me um favor, deixa o teu perfume no elevador
Então faz-me um favor, por favor
Ah, levitação azul
Voltei a casa só p'ra te revisitar
Levitação azul
Deixa passar mais uma meia hora
3 de novembro de 2010
d'Orfeu integra rede europeia LIVE DMA
Teve lugar, durante o recente Mercado de Música Viva de Vic, a formalização da rede europeia LIVE DMA, constituída por seis associações de difusão musical, sendo de destacar a presença da d'Orfeu Associação Cultural (Águeda, Portugal) entre as congéneres ACCES (Espanha), La Fédurok (França), Clubcircuit e Club Plasma (Bélgica), e Spillesteder (Dinamarca), todas gestoras de circuitos nacionais – no caso do OuTonalidades, transfronteiriço - de música ao vivo de pequeno formato.
Naquela ocasião foi apresentado e assinado o Protocolo de cooperação, que envolverá os vários parceiros numa filosofia de acção comum. As redes agora associadas comprometem-se a apoiar-se mutuamente e contribuir activamente para a descoberta, emergência e intercâmbio de novos projectos musicais, assumindo, deste modo, um papel determinante na mobilidade dos artistas europeus e nas dinâmicas europeias de renovação artística. Acrescem uma dimensão política e económica, com o intuito de se conquistar, em conjunto, uma legitimidade europeia para a proliferação e circulação da música ao vivo de pequeno formato no espaço europeu, através das economias de escala que emanam das práticas nacionais de cada circuito.
A LIVE DMA Network é dirigida conjuntamente por todas as estruturas associativas que a integram, tendo já sido estabelecido um cronograma de encontros de trabalho e um plano de acção à escala europeia. A próxima reunião da LIVE DMA realizar-se-á no festival TransMusicales, em Rennes (França), no início de Dezembro de 2010.
http://www.dorfeu.pt/OuTonalidades
Ricardo Rocha vence Prémio Carlos Paredes
As composições para piano, que preenchem o segundo disco, são interpretadas pelo pianista Ingeborg Baldaszti.
Ricardo Rocha, neto do guitarrista Fontes Rocha, é um dos mais elogiados instrumentistas de guitarra portuguesa, pela renovação de um instrumento que no imediato se associa ao fado.
Aos 30 anos acumula vários prémios, entre os quais Prémio Revelação Ribeiro da Fonte para Jovens Compositores e Prémio Amália Rodrigues para Melhor Guitarra Portuguesa.
Ricardo Rocha já tinha recebido o prémio Carlos Paredes em 2004, na altura com o álbum de estreia "Voluptuária", em ex-aequo com o contrabaixista Carlos Barretto.
O prémio foi criado pela autarquia de Vila Franca de Xira para homenagear Carlos Paredes, "um dos maiores criadores e intérpretes musicais portugueses do século XX", mas também para "incentivar a criação e a difusão de música de qualidade, não erudita, de raiz popular portuguesa".
2 de novembro de 2010
Madredeus & A Banda Cósmica põem ponto final
Pedro Ayres Magalhães e Carlos Maria Trindade reformaram os Madredeus em finais de 2007, depois da saída de Teresa Salgueiro, José Peixoto e Fernando Júdice de um dos projetos de maior sucesso dos anos 1990 da música portuguesa.
Na altura, Pedro Ayres Magalhães disse à Lusa que a nova “roupagem musical” pretendia "inventar uma concepção de música cantada em português para grandes espectáculos, inspirada nas diversas tradições das suas próprias composições e nos arranjos da música popular da Europa, da África Ocidental e do Brasil".
A matriz vinha dos Madredeus mantinha-se mas renovava-se com novos instrumentos.
Pedro Ayres Magalhães mantinha-se na guitarra clássica, direção musical e produção, Carlos Maria Trindade continuava nos sintetizadores, juntando-se a Banda Cósmica com as cantoras Mariana Abrunheiro e Rita Damásio e os músicos Ana Isabel Dias (harpa), Sérgio Zurawski (guitarra elétrica), Gustavo Roriz (guitarra baixo), Ruca Rebordão (percussão), Babi Bergamini (bateria) e Jorge Varrecoso (violino).
O comunicado dá conta que a Banda Cósmica terminou em Dezembro por causa da falta de meios.
"Os concertos não abundam, a rádio e televisão pouco arriscam na divulgação deste tipo de música e a venda de CD é completamente irrisória", lê-se.
"Castelos na Areia", que fecha o ciclo dos Madredeus, foi gravado no ano passado nos estúdios de Carlos Maria Trindade, no Alentejo, e reúne 11 temas originais, destinados a serem divulgados "por uma rádio progressista".
Os Madredeus foram um dos mais singulares nomes da música portuguesa, desde que se formaram em 1986 em Lisboa, com uma sonoridade que destoava do pop-rock de então.
O projecto, que procurava a inspiração na tradição popular portuguesa com uma sofisticação que não existia na altura no panorama português, deveu muito do sucesso às melodias de Pedro Ayres Magalhães e à voz de Teresa Salgueiro.
Venderam cerca de três milhões de discos em todo o mundo, por conta de registos como "Existir", "Os dias da Madredeus", "O espírito da paz" ou "Um amor infinito".
Nas duas décadas de existência os Madredeus já tiveram vários momentos de renovação. Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e Francisco Ribeiro, que estava na formação inicial, saíram nos anos 1990, tendo entrado depois Carlos Maria Trindade, José Peixoto e Fernando Júdice.
O último fôlego da banda, já muito diferente dos primeiros tempos, deu-se em 2008, quando surgiu então Madredeus & Banda Cósmica, que agora termina com "Castelo na Areia".
Xícara : Cantiga Bailada
Eras tão bonita
E eu já te não quero
O que tu não tens à tua
Um vaso de manjerico
Eras tão bonita
E eu já te não quero
Que dá cheiro a toda a rua
Adeus ó rua da ponte
Eras tão bonita
E eu já te não quero
Calçadinha mal segura
E quando o meu amor passa
Eras tão bonita
E eu já te não quero
Não há pedra que não bula
As pedras do meu balcão
Eras tão bonita
E eu já te não quero
Estão todas a três a três
Os meus amores de algum dia
Eras tão bonita
E eu já te não quero
Já os cá tenho outra vez
Pelos trilhos do Andarilho
25 de outubro de 2010
Womex também em português
De 27 a 31 de Outubro, Copenhaga acolhe as mais diversas propostas musicais oriundas dos cinco continentes, sendo de destacar este ano a forte presença portuguesa.
Entre as quatro dezenas de artistas seleccionados para os showcases, conta-se a apresentação em palco do fadista António Zambujo, do quarteto luso-sueco Stockholm Lisboa Project e das concertinas de Danças Ocultas, que para além do convite para encerrar a edição deste ano na prestigiada sala Koncerthuset, também podem ser ouvidos no CD oficial WOMEX 2010, (disponível na íntegra aqui), com o tema "Héptimo", do último disco "Tarab" (Outubro 2009).
Luísa Rocha lança CD de estreia
No álbum, a fadista - que já tem uma carreira de dez anos e que actualmente canta no Clube do Fado - é acompanhada por José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Daniel Pinto (viola baixo).
O disco é maioritariamente composto por temas inéditos, entre os quais ‘Dou-te um Beijo', de Paulo Carvalho.
24 de outubro de 2010
Reflexo, álbum de estreia de Teresa Lopes
Possuidora de uma voz de amplitude singular, Teresa percorre as suas canções com notável mestria, ora empregando a profundidade própria de um timbre maduro, ora revelando a doçura da sua juventude, numa forma de interpretar refrescante e arrebatadora. Neste seu primeiro trabalho, a diversidade das suas origens musicais confunde-se com a intensidade dos sentimentos revelados em cada tema.
As suas referências musicais vão do fado ao jazz vocal clássico, passando pela música ligeira portuguesa e pela música popular brasileira. ‘Reflexo’ destas influências este primeiro trabalho convida-nos para uma viagem por diferentes estilos musicais, um trajecto com múltiplas sensações e estados de espírito incertos, capturados em composições de incontestável qualidade musical. E com ele surge Teresa Lopes Alves, um sólido e muito promissor talento no panorama musical português que seleccionou para esta obra um repertório rico e cuidado, privilegiando a poesia de autores como: João Monge, Tiago Torres a Silva, Chico Buarque, Amália Rodrigues, Ary dos Santos e Vinícius de Moraes entre outros.
Gravado nos estúdios Pé de Vento e Vale de Lobos, ‘Reflexo’ foi produzido por Ricardo Cruz, que também participa como músico (contrabaixo) e conta com a colaboração de músicos como: Bernardo Coutto (guitarra portuguesa), Ricardo Rocha (guitarra portuguesa), Pedro Santos (acordeão), Luis Cunha (trombone), Pedro Pinhal (guitarra clássica), Miguel Noronha Andrade (guitarra clássica), João Ferreira (percussão), André Fernandes (guitarra eléctrica), Daniel Schvetz (piano), Felipe Melo (piano) e Bruno Pedroso (bateria) para além da participação especial de Rui Veloso no tema ‘Porto Covo’.
Os temas ‘Saudades do Brasil em Portugal’ e ‘A minha vontade’ e ‘Porto Covo’ já tocam na rádio. A apresentação ao público acontece no dia 26 de Outubro, no Teatro Villaret, em Lisboa. O acesso ao concerto será gratuito para todos aqueles que comprarem o CD em pré-venda na FNAC, por 11,99 euros, até ao dia 26 de Outubro.
Mísia: "Não tenho nada a provar a ninguém".
Estou sempre onde não se espera, tenho o meu próprio timing e o meu timing disse-me que esta era a altura de voltar e gravar um disco de fado tradicional". Assim nos revela Mísia, que chegou recentemente a Lisboa, depois de cinco anos a viver em Paris. Já gravou um novo álbum, intitulado Senhora da Noite, a ser editado no próximo ano. Entretanto vai actuar na Discoteca Lux, a 5 de Novembro.
"Durante muitos anos, as pessoas pensavam que eu morava em Paris e eu própria procurei perceber o porquê disso, talvez porque o que eu estava a fazer no fado era tão diferente ou tão prescritivo do que iria acontecer mais tarde que por isso não poderia ser feito aqui", refere quanto à partida para Paris.
No entanto, abandonou o País precisamente numa altura em que o fado começava a ganhar uma maior visibilidade: "Num momento de inflação de novas vozes, com o fado na moda, precisava de alguma distância. Aliás, comecei a gravar discos que não eram só de fado precisamente quando começou a ficar na moda", confessa.
Se fora de Portugal sempre foi bastante aclamada, o mesmo não aconteceu no seu próprio país, onde causou bastante controvérsia enquanto estava a dar os primeiros passos no fado, há 20 anos. E por causa de algumas opções estéticas e artísticas que se distanciavam do que era então a imagem convencional desta música: "A tradição já não é o que era, porque também há photoshop para a tradição. Mas tanto no fado como no tango a tradição sempre foi a mudança, nunca a imobilidade, porque são músicas urbanas, que receberam várias influências", afirma.
Quando partiu para Paris "nem sabia se voltava ou não". "Desins-crevi-me dos jornais online, nem me passava pela cabeça ir comer um caldo-verde a Paris, levei tudo comigo. Mas é curioso que também nunca consegui fazer o corte definitivo, nunca me decidi a vender esta casa (de Lisboa)", conta. A decisão de regressar a Portugal "foi complicada": "Cheguei a um momento em que tinha uma despesa tão alta com as duas casas, com a minha mãe, que entretanto faleceu, que tinha de escolher entre vender esta casa ou voltar", lembrou.
Passados cinco anos, sente que Lisboa se tornou "muito mais cosmopolita": "A cabeça das pessoas mudou muito, dantes havia uma imensa falta de curiosidade pelo outro, era tudo muito paroquial, muito foral".
No entanto, apesar de as feridas com Portugal estarem já saradas, não esquece alguns dissabores por que passou: "Quando vim para cá, em 1990, vinha com uma grande necessidade de pertença, vim para pegarem em mim ao colo e aconteceu precisamente o contrário. Na altura tinha um grande companheiro de viagem, o Paulo Bragança, e nós estávamos entre a Amália Rodrigues e a nova geração, ou seja, em nenhures. Chamaram-nos de tudo, diziam que eu desafinava. Para muitas pessoas éramos para abater."
Apesar das críticas negativas que ouviu, não parou de cantar e de gravar novos discos: "Há algo que explica a minha luta, porque tinha de mandar dinheiro para a minha mãe, alimentar os meus gatos, manter a minha casa, porque eu não tinha um património." Trabalhar intensivamente no estrangeiro não foi uma opção: "Fui sempre para onde me chamavam, não decidi trabalhar muito no estrangeiro", conta.
A própria fadista hoje sabe que houve vários factores que causaram estranheza quando apareceu: "Não tinha um homem ao meu lado, não tinha um guitarrista, era divorciada. Além disso, não tinha o carimbo do Carlos do Carmo ou do João Braga. Não fui pagar portagem a ninguém, e não o fiz por falta de respeito, mas por falta de tempo, porque ter de pagar o aluguer da casa naquele mês era muito mais importante do que ficar à espera que alguém me aprovasse", recorda.
Actualmente já não sente uma necessidade de pertença como quando começou a cantar o fado: "Hoje estou em paz comigo mesma. As pessoas que não gostam, nunca vão gostar, mesmo que eu me matasse toda à frente deles. E se há 10 anos estava muito preocupada com qualquer gesto que fizesse poder provar que não era fadista, hoje não tenho nada a provar a ninguém".
De futuro espera continuar a ser "subversiva" como foi no início da sua carreira. Já a nova geração é para Mísia "muito consensual": "Ainda bem que há novas vozes e que são boas. Mas, como em todos os tipos de arte, não sou muito atraída por pessoas que cantam aquilo que lhes dizem, respeito a essencialidade artística de cada um. Sendo tão novos inspiram mais carinho e simpatia, mas há muito boas vozes", afirma.
18 de outubro de 2010
Grupo Acção Cultural (GAC) - Vozes na Luta : A Cantiga é uma Arma [A Cantiga é uma Arma, 1974]
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
há quem cante por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar
a cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções
a cantiga é uma arma
(contra quem?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
Se tu cantas a reboque
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar
a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar
a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
Uma arma eficiente
fabricada com cuidado
deve ter um mecanismo
bem perfeito e oleado
e o canto com uma arma
deve ser bem fabricado
a cantiga é uma arma
(Contra quem camaradas?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria
a cantiga é uma arma
contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
contra a burguesia
A Cantiga é uma Arma
27 de Fevereiro de 2004
Galandum Galundaina : Fraile Cornudo [Senhor Galandum, 2009]
Hecha-te al baile
Que te quiero ber beilar
Saltar i brincar
I andar por l aire
Esta ye la tonadica de l fraile
Busca cumpanha
Que te quiero ber beilar
Saltar i brincar
I andar por l aire
Deixa-la sola
Que la quiero ber beilar
Saltar i brincar
I andar por l Aire
Prémios Megafone distinguem Galandum Galundaina e Tiago Pereira
Os prémios Megafone, criados pela associação cultural Megafone 5 em homenagem ao músico João Aguardela, que morreu em 2009, e que pretendem estimular a renovação da música portuguesa de inspiração tradicional, decorreram no domingo à noite no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Os Galandum Galundaina venceram a categoria Prémio Megafone Música, por criarem música nova tendo como matriz a música popular e tradicional portuguesa, à imagem de João Aguardela, enquanto Tiago Pereira venceu o Prémio Missão, de reconhecimento por um trabalho fora do âmbito musical que contribui para o espírito de renovação da música de inspiração tradicional.
17 de outubro de 2010
Um Festim na Antena 2
Quem se lembra dos magníficos concertos da Serenata Guayanesa ou dos Terem Quartet? Quem ainda guarda na memória os sons da Mahala Raï Banda, Kilema ou Rare Folk? Quem não consegue esquecer a presença de Renato Borghetti ou Minyeshu?
A partir de 19 de Outubro, a Antena 2 transmite os concertos gravados ao vivo na 2ª edição do Festim - festival intermunicipal de músicas do mundo, evento d’Orfeu que percorreu cinco municípios nos passados meses de Junho e Julho, em parceria com as Câmaras Municipais de Águeda, Sever do Vouga, Estarreja, Ovar e Albergaria-a-Velha.
O programa "Raízes" da Antena 2, da autoria de Inês Almeida, fará a mesma viagem que o público, recordando os concertos de Terem Quartet (Rússia), Rare Folk (Espanha), Renato Borghetti (Brasil), Kilema (Madagáscar), Mahala Raï Banda (Roménia), Minyeshu (Etiópia) e Serenata Guayanesa (Venezuela), gravados pela estação pública durante o festival intermunicipal.
A primeira transmissão terá lugar a 19 de Outubro, pelas 0h00 (ou seja, de segunda para terça-feira, à meia-noite), prosseguindo semanalmente sempre no mesmo horário. Além da frequência de rádio, as emissões podem ser ouvidas em directo na internet ou, após a transmissão, no arquivo de programas.
16 de outubro de 2010
Artistas reuniram-se em prol da exportação da música nacional
O intuito do projecto «Portugal Music Export» prende-se com a vontade de obter mais benefícios para o nosso país, não só pela sua vertente cultural mas também económica, potenciando a internacionalização das produções musicais portuguesas.
Foi com artistas, editoras e agentes presentes que os responsáveis pelo projecto apelaram à divulgação de todos, nomeadamente aos músicos para que passassem a palavra em entrevistas, concertos e ocasiões mediáticas.
O objectivo é captar a atenção do poder político. Nas palavras de Pedro Osório, maestro e administrador da SPA, o envolvimento do estado é fundamental para que o projecto avançe, pois necessita de verba, tendo assegurado que está tudo «ao alcance de qualquer crise».
De entre os músicos presentes destacaram-se as opiniões de Vitorino, que assinalou a pouca presença dos media, Valdiju que sugeriu uma petição online e uso de redes sociais para espalhar a mensagem e Gomo que lamentou a ausência de inúmeros colegas de profissão.14 de outubro de 2010
12 de outubro de 2010
Novo álbum de Cristina Nóbrega a partir de 25 de Outubro
Cristina Nóbrega é natural de Lisboa. Canta desde sempre, num percurso solitário que passa por vários géneros musicais. Eternamente ligada à música, só no início de 2008 o Fado, descoberta e paixão da juventude, ressurge e faz com que assuma perante si mesma que precisa de cantar. Afinal, é neste género musical que encontra a forma mais profunda de expressão e a magia de cantar em português.
Em menos de um ano grava e apresenta uma maqueta a uma editora que dá origem à edição do seu primeiro trabalho (Set./2008), um álbum 'Amaliano' com os clássicos do fado. Estreia-se em Madrid a 14 de Setembro de 2008 na ‘Noite Branca’, a convite do Círculo de Bellas Artes. Em Maio de 2009, a Fundação Amália Rodrigues atribui-lhe o 'PRÉMIO ARTISTA REVELAÇÃO 2009'. Neste percurso, apresentou a sua voz em vários palcos, em Portugal e no estrangeiro, com assinalável êxito.
Com uma necessidade de cantar temas seus, foi conhecendo ao longo destes dois anos, músicos e poetas que a agraciaram com poemas e composições inéditas e outros que seleccionou, e que fazem parte do seu novo álbum ‘Retratos’, edição Sony Music.
Conheceu o talentoso compositor e produtor Luís Pedro Fonseca que juntou, aos poemas musicados por Fontes Rocha, Carlos Gonçalves, Mário Pacheco e Zé Manuel Martins, temas musicados por si que aguardavam uma voz para lhes dar vida.
Os poetas cantados no álbum ‘Retratos’ são Miguel Torga, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Cabral do Nascimento, Vasco Graça Moura, António Gedeão, António Aleixo, José Fanha, Luis Pedro Fonseca, Augusto Gil, Fernando Viera e Reinaldo Ferreira.
Em estúdio, Cristina Nóbrega teve o privilégio de ser acompanhada por Zé Manuel Neto na Guitarra Portuguesa, na Viola de Fado por Rogério Ferreira e Pedro Festa no Contrabaixo.
10 de outubro de 2010
Aló Irmao : Esta noite
que querías voltar voltar voltar
pois non, meu irmán
foi simplemente un momento de abatemento
pero xa tomei folgos
...teño toda a forza para loitar
teño cada noite para soñar
e cada minuto para lembrar quen eu son
para lembrar de onde eu son
esta noite vou voltar ao lugar
onde sendo crianza eu brinquei
esta noite vou voltar ao lugar
onde sendo un rapaz eu soñei
na braña grande
na praia das gaivotas
no patio da escola
nas vías da estación
á beira dun río
perto da casa
a casa de sempre
co tempo aí en frente
Moma, así foi
a miña infancia...
con aqueles xogos de nenos
camiño da escola
xogar á pelota
saltar á corda
tocar a guitarra...
para matar a saudade
todo son doces lembranzas
da miña infancia en Africa.
"Achava que nunca iria cantar, que não tinha jeito nenhum. Em miúdo era fanhoso"
Geralmente tímido, Camané - Carlos Manuel Moutinho - não fez juz à fama e falou sobre tudo, enquanto desfazia uma pastilha nos dedos (que mais tarde pediu permissão para comer, Camané é um cavalheiro). A infância, o fado, a droga e os medos que ainda hoje sente. O novo álbum chama-se "Do Amor e dos Dias" e é apresentado ao público dia 7 de Outubro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Disponível nas lojas a partir de segunda-feira, o fadista garante que este é um trabalho diferente de tudo o que já fez. Mas não se assuste: continua a ser fado do bom, com produção e direcção musical de José Mário Branco.
É um dos poucos fadistas homens de sucesso, com álbuns muito aguardados. Qual é o segredo?
Nunca na vida a palavra sucesso me passou pela cabeça. Tenho sempre um bocado de pudor da palavra, em relação ao que faço. Tenho tido alguma sorte, de uma forma contrária ao mercado. Quando se vendiam muitos discos em Portugal eu não vendia nada e agora que se vende menos, o mercado é mais reduzido, eu vendo mais. Tem a ver com o público que fui ganhando. As pessoas foram-me acompanhando e falando às outras. O meu primeiro disco de platina foi o anterior. Desde o primeiro disco já lá vão 16 anos. O segredo: fazer aquilo que acredito e de uma forma verdadeira.
José Mário Branco, enquanto produtor, tem um papel importante nesta matéria. É um homem exigente?
Somos os dois. Sou muito exigente, autocrítico, tenho imensa dificuldade em ouvir-me sem olhar para os defeitos. Só ouço os meus discos quando são feitos, durante bastante tempo, para me familiarizar. O Zé Mário percebeu logo a minha forma de estar no fado e criámos um ambiente musical que é para mim importantíssimo. Para este disco ele compôs um fado tradicional a que chamou fado Pombal, que tem uma terminação mais coimbrã e outra parte mais lisboeta. Ficou Pombal porque está ali a meio caminho. A forma como comunicamos no estúdio é cada vez com menos palavras. Isso para mim é óptimo, é fundamental.
Em digressão, fica com vontade de voltar a estúdio, para esse ambiente?
Quando acaba é um alívio. Este disco foi muito difícil para mim. Porque... sei lá, deixei de fumar, passei momentos extremamente difíceis. Mas consegui surpreender-me mais uma vez. Não me lembro nunca de ter tido um disco fácil. Já o disco anterior tinha sido difícil. Até os espectáculos, porque há momentos de grande aflição, medo e sofrimento. É como a vida. Para mim, cantar, é como a vida. Faz parte e acontece tudo.
Mas é difícil subir a um palco?
Era difícil nas casas de fado e é difícil no palco. Ficava muito nervoso, muito tímido, muito inseguro. Começava a cantar e na minha cabeça começava a pedir a ajuda e a pensar: "Não vou conseguir." A minha vontade era desaparecer. O que é certo é que aos poucos fui conseguindo. Hoje lido melhor com isso. Lembro-me de às vezes entrar no palco e não saber nada, ter uma branca enorme. É a coisa mais assustadora. Agora tenho uma espécie de estante, em palco, onde estão as letras. Acho que em 95% do tempo não olho para ela, mas vou espreitando o alinhamento e tal. É uma defesa.
Este disco é muito diferente dos anteriores.
Completamente diferente de tudo o que já fiz. Tem raiva, ironia, amor, ódio, coisas do dia-a-dia, do quotidiano. É um disco muito mais descritivo e muito menos introspectivo. É como um diálogo. Sempre achei que seria mais fácil para mim cantar fados mais introspectivos, falar de sentimentos. Neste disco tive de falar de ódio, de raiva de uma forma irónica e fui obrigado a sair de mim, a ter graça e uma certa ironia que se calhar há dez anos não tinha.
Até a capa deste álbum é diferente. Teve alguma influência na decisão?
Eu disse que não queria aparecer nesta capa. No disco que saiu há dois anos, que foi muito badalado, estava na capa. Depois pensei: vai sair este disco e quem é que vai ouvir? Tivemos de arranjar uma forma de interessar as pessoas por este. Como é completamente diferente dos outros, é preciso que isso seja sentido a todos os níveis. Isto foi tudo feito num painel grande, tudo posto aos bocados, com papéis rasgados a formar aminha cara. Foi tudo desconstruído e construído. Esta ideia foi uma espécie de consenso entre estar na capa e não estar.
Viveu muito na noite, no início da carreira? E hoje, continua?
Era até tardíssimo. Durante muitos anos vivi a deitar-me às 4h, 5h da manhã. Era uma vida muito boémia. Quando estava nas casas de fado havia noites em que cantava em três, quatro casas na mesma noite, três fados em cada. Era uma loucura. Mas mudei essa vida, completamente. Hoje saio só às vezes com amigos, ou depois dos meus concertos, um bocadinho. Outras vezes vou aos fados, mas raramente. E, durante a semana, fico em casa a ler, ouvir música, a ver filmes. Já não tenho aquela necessidade.
Na altura teve problemas de droga.
Tive. Depois também tive um processo longo de recuperação, que ainda se mantém, não é? Procurei sempre que não afectasse o meu trabalho, quando começou a afectar... acho que o fado me salvou disso. Eu sabia que para fazer uma carreira, para crescer artisticamente e como pessoa, a minha personalidade tinha que acompanhar a minha arte. Foi um processo de escolha. Com a ajuda de muitos amigos e pessoas que tiveram o mesmo problema, consegui ultrapassar.
Durante quanto tempo viveu assim?
Dez anos. Era tudo: álcool, comprimidos, tudo. Tudo o que pudesse alterar. Eu tinha que viver sentindo o menos possível. Era tudo muito difícil. Tinha medo, medo de crescer, de uma série de coisas. Hoje continuo com muitos medos mas aprendi a lidar com isso, a viver com os meus fantasmas. Acho que isso fez de mim uma pessoa melhor. Se tivesse continuado teria sido uma pessoa pior e seria uma pena. Toda a gente devia ter esta oportunidade, ou querer ter. Isto tem a ver com... é que é tão difícil, não é?
Ouve fado desde miúdo?
Sim, o meu bisavô e avô cantavam fado, o meu pai trauteava fados em casa, que era uma coisa que me irritava muito. Depois passei a fazer o mesmo. Aos sete anos fiquei doente em casa, durante um mês, com hepatite. Não conseguia estar quieto e a música acalmava-me. Os meus pais tinham muitos discos, quase todos de fado, menos três: Aznavour, Beatles e Sinatra. Ouvia tudo compulsivamente, incluindo os de fado e assimilei aquilo tudo.
Mas como é que uma criança de sete anos absorve isso tudo?
Naquela altura lembrava-me muito mais daqueles fados tradicionais do que me lembro agora. Os meus pais levavam-me às colectividades aos fins-de-semana, às matinés de fado ao domingo, onde havia poetas populares para eu ouvir. Eram poemas a falar do pai, da mãe, da escola, e eu pegava nisso e construía os meus próprios fados. Já fazia o que todos os fadistas fazem: o revisitar dos fados tradicionais.
Foi aí que começou a cantar?
Depois aquilo ficou tudo na minha memória, porque o fado tem uma certa lógica. Por causa das repetições era fácil decora. Um dia cantei para um amigo do meu pai, o Joaquim Valente, fadista amador, que passou a ser o meu padrinho do fado. Foi ele que me levou à casa de fados Cesária, onde cantei pela primeira vez. Tinha 8 anos e as pessoas adoraram, os meus pais nem estavam à espera que eu cantasse. Mas gostaram imenso. Cantei só dois fados: o fado Isabel, que é tradicional, com música do Fontes Rocha e letra de Jorge Rosa, e o "Puxa Avante" um fado tradicional com letra de um poeta popular a falar da mãe, aquelas coisas um bocado pirosas.
E a partir daí decidiu que era o que iria fazer?
Até aí achava que nunca ia cantar, que não tinha jeito nenhum. Tinha estado no Coro de Santo Amaro de Oeiras e aquilo não funcionava, tinha uma voz estranha... Sempre fui um bocadinho fanhoso, quando era miúdo. Mais tarde lembro-me que num programa de televisão, um senhor ligado às lides da música, disse-me que se quisesse continuar a cantar tinha de fazer uma operação. Um tipo aí... que não vou dizer o nome, ligado a editoras e tal. Mas eu sabia perfeitamente que ia cantar, ele é que tinha um problema nos ouvidos.
Foi nessa altura que concorreu à grande noite do fado? Como foi ?
A primeira vez foi em 1977, tinha 10 anos e fui considerado pela imprensa a grande revelação do ano. Depois voltei aos 12 anos. Aquilo era onde se encontravam todos os cantores, artistas e locutores portugueses. Começava às 22h e acabava às 10h. Era engraçado para mim ver as pessoas todas da televisão a cantar, como a Amália... Vê-los ao vivo, o mais engraçado era isso.
A partir daí foi sempre a cantar?
Em miúdo, gravei quatro singles e um LP. Estudava e cantava aos fins de semana. Depois parei de cantar porque tive a transição de voz, e só recomecei aos 17 anos. Foi aí que fui para as casas de fado. Parei de estudar no final do 9º ano, e pronto. Tudo o que aprendi depois foi para dignificar o meu trabalho. Comecei a ler poesia, a interessar-me por poesia clássica porque achava que podia cantar fados tradicionais, já tinha visto outros fadistas fazê-lo e fui aprendendo ao contrário.
O fado não acabou por desviá-lo de uma infância ou adolescência mais normal? O que é que os seus amigos diziam?
Não dizia aos meus amigos que cantava fado, a maior parte deles não sabia. Uma vez contei a uma professora e ela gozou comigo. Na altura o fado era considerado piroso. Era normal talvez na Mouraria ou Alfama, em Oeiras não. Os meus amigos não ouviam fado, nem nada. Mas acreditei sempre no fado, até porque apesar de ter coisas que não eram muito boas, tinha outras de uma qualidade extrema, como Amália, Carlos do Carmo, Maria Teresa de Noronha, intérpretes incríveis.
Como é que um miúdo de 17 anos, nessa situação, foi sempre acreditando?
Nunca duvidei do que queria. Houve uma altura em que surgiu um convite para gravar fados muito... foleiros, mas que supostamente seriam os que vendiam. Lembro-me que fui à editora, disse que sim a tudo mas depois nunca mais lá pus os pés. Fugi com toda a alma e graças a Deus não gravei aquelas coisas.
Há muita rivalidade no fado?
Há, mas é saudável, depende da forma como lid amos com ela. Eu sempre fiz o meu trabalho sem olhar para o lado e sem competir. Mas também há camaradagem, é engraçado. Se alguém estiver mal toda a gente ajuda. Tenho amigos que trabalham noutras áreas e é a mesma coisa, às vezes pior. A forma como me relaciono com os meus colegas é saudável e acho que não tenho muita rivalidade. Mas têm em relação a mim, e é óptimo sentir que existe essa rivalidade. Gosto tanto quando eles ficam chateados com o meu trabalho!
E com os seus irmãos, que também cantam?
Não! Somos irmãos. Quando era miúdo cantava para eles lá em casa, antes de dormir. Nessa altura eu cantava fados à noite e eles ficavam assim [abre muito os olhos]. O Pedro cantava num coro, depois nos Ministars, era lá dessas coisas e depois começou também a cantar fado. O Hélder começou tarde, também. Começou por ter uma produtora e por ser manager de uma série de fadistas. Mas como tinha trabalhado à noite no Senhor Vinho [restaurante e casa de fados na Lapa, em Lisboa], depois começou a cantar.
E é homem de ir a concertos?
Vou a muitos concertos. Ainda hoje estive a dizer que quero ir ao dos Walkmen. Também quero ver os Vampire Weekend. Fui ver o Prince, sou fã dele, gosto de muita coisa. Sempre que posso vou ver concertos.
Tocou no Sudoeste, com os Humanos. Como foi fazer parte daquele projecto?
Foi um trabalho quase de arqueologia, que aquilo estava gravado em várias cassetes. Foi um trabalho que adorei fazer, adorei a trabalhar com eles todos. Deu-me um prazer enorme cantar aquelas canções inéditas do António Variações. Achei fantástico, cantei para 60 mil pessoas, coisa que nunca tinha acontecido na minha vida. Era o único de fato, o único que não dançava e que cantava fado! Foi muito divertido.
Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti assinam disco inédito
Não é um disco de fado. Não é um disco de jazz. É uma fusão entre as personalidades musicais de Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti. Um reportório único traçado entre clássicos da música portuguesa e temas eternos do cancioneiro internacional. A engenharia de som ficou a cargo de Tó Pinheiro da Silva num disco gravado sem “rede”.
A escolha de Carlos do Carmo, debatida com Bernardo Sassetti, fez sentido para ambos. Músicas nunca antes cantadas, tocadas ou gravadas por nenhum dos intervenientes. José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto e Rui Veloso foram os compositores nacionais escolhidos. Violeta Parra, Léo Ferré e Jacques Brel surgem revisitados neste encontro inédito. Pelo meio, um original de Bernardo Sassetti com poema original de Mário Cláudio, um tradicional açoreano («Sol») e «Talvez por acaso», fruto de uma parceria de Manuela de Freitas e Carlos Manuel Proença.
Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti já se tinham encontrado em palco em variadíssimas ocasiões, sempre com um grande mútuo prazer, e para este disco só precisaram de meia dúzia de ensaios. Depois foram directos para estúdio (Boom Studios, em Vila Nova de Gaia). A engenharia de som a cargo de Tó Pinheiro da Silva num disco gravado sem “rede”.
As edições disponíveis apresentam ainda documentário realizado por Aurélio Vasques. Este especial apresenta momentos íntimos de estúdio assim como takes de gravações do disco, bem como o making of.
fonte ~ portal do fado
O fado que virou fada
Este título é um trocadilho com fados ou remete só para o universo feminino?
Acaba por ser um trocadilho, mas o principal é o realce às almas fadistas e à ideia de magia que imprimem na minha vida, com as histórias e as músicas, que fizeram parte do meu crescimento enquanto pessoa e artista. Tenho vindo a compor discos de originais e finalmente revelo onde me fui inspirar há muitos anos.
É quase uma biografia contada através dos fados?
É revelar a história que há por detrás de cada um. É sempre actual, sabe-me bem e não me leva para um saudosismo excessivo. É um regresso à nossa herança. E tinha saudades de cantar estas coisas.
Foi a Mafalda que os escolheu?
A 1.ª grande selecção foi sugerida por Hélder Moutinho, e pelo próprio Luís Pontes, que faz a maior parte dos arranjos. Mas os temas que gravámos e ficaram acabaram por se impor por si próprios.
Houve temas que escolheu por eles próprios e outros pelas fadistas que os cantavam?
Escolhi uns pelo tema em si e outros pela fadista. Acho que o caso mais declarado que escolhi pela mulher foi o tema da Celeste Rodrigues, Vira da Minha Rua. A Celeste tem uma forma gentil de cantar e de estar. É uma verdadeira fada, pequenina e flutua nas palavras e nos espaços e torna-se muito grande. E alegria daquele tema era absolutamente contagiante.
Quais são as mulheres deste disco que a marcaram mais?
Quando falamos de mulheres trata-se de Amália Rodrigues, Hermínia Silva, Fernanda Baptista, Celeste Rodrigues e Beatriz da Conceição. Agora, quando entramos no universo das almas não posso ignorar os músicos que entraram neste disco, que fizeram um trabalho excepcional, o Tiago Torres da Silva que compôs um dos melhores originais de sempre para mim (E Se Não For Fado) e o Francis Hime que é um privilégio ter como compositor de uma das músicas. Também há duas almas que são Eladia Blásquez e Astor Piazolla, em Invierno Porteño. Parecendo um corpo estranho num disco destes, há qualquer coisa de fado na raíz do tango. Gosto de ir descobrir esses fados escondidos.
8 de outubro de 2010
Escola de Música do GEFAC
As aulas são dadas durante as tarde dos dias úteis de Outubro a Julho.
Os instrumentos leccionados são: cavaquinho, viola barguesa, concertina, gaita-de-foles, guitarra, bandolim, flauta e percussão. Os mestres da aulas são Alexandre Barros (Quarto Minguante) e Amadeu Magalhães (Realejo), que darão as aulas de forma individual a cada aluno.
Contactar o Gefac através do e-mail: gefac.uc@gmail.com ou coordenador da Escola de Música Dominic Cross tlm 965849714
28 de setembro de 2010
26 de setembro de 2010
Balltoque: Pandeireta Galega | Lisboa
- workshops de música tradicional
"Pandeireta Galega"
por Sara Vidal (Luar na Lubre)
Domingos, 15 em 15 dias
Iniciados: 16h-17h
Intermédios:17h-18h
- Fabrica do Braço de Prata
Rua da Fábrica do Material de Guerra, nº 1, lisboa
Início a 10 Outubro 2010
Preço: 15 balls (Mensalidade)
Formas de Pagamento: No início de cada mês
inscrição aqui!
Balltoque: Concertina | Lisboa
- workshops de música tradicional
"Concertina"
por Eva Parmenter (Caravana)
Terças, 19H45 às 21H15
- Casa da Comarca da Sertã
rua da madalena, 171 3º, lisboa
Ínicio a 12 Outubro 2010 (8 meses)
Nível Iniciado
Nº Alunos: min 3, max 5
Preço: 45 balls (Mensalidade)
Formas de Pagamento:
Totalidade: 325 balls
Cheques: 360 balls
inscrição aqui!
20 de setembro de 2010
Hermínia da Silva : Fado da Sina
Que duas vidas, se encontram cruzadas, no teu coração
Sinal de amargura, e dor e tortura, de esperança perdida
Indício marcado, de amor destroçado, na linha da vida
E mais te reza, na linha do amor, que terás de sofrer
O desencanto, ou breve dispor, de uma outra mulher
Já que a má sorte assim quis, a tua sina te diz
Que até morrer, terás de ser, sempre infeliz
Não podes fugir
Ao negro fado brutal
Ao teu destino fatal
Que uma má estrela domina
Tu podes mentir
Às leis do teu coração
Mas, ai, quer queiras, quer não
Tens de cumprir a tua sina
Cruzando a estrada, da linha da vida, traçada na mão
Tens uma cruz, afeição mal contida no teu coração
Amor que em segredo, nasceu quase a medo, pra teu sofrimento
E foi essa imagem, a grata miragem do teu pensamento
E mais ainda te reza o destino que tens de amargar
Que tua estrela, de brilho divino, deixou de brilhar
Estrela que Deus te marcou, mas que tão pouco brilhou
E cuja luz, aos pés da cruz, já se apagou
O dia em que Hermínia Silva levou um apalpão em palco
Anos 60, restaurante "Solar da Hermínia". Tal como o nome indica, esta casa de fados pertencia à saudosa Hermínia Silva (que em relação ao povo deve ter sido mais acarinhada do que a própria Amália), essa grande fadista popular, do cinema, da revista... enfim, se isto fosse medicina ela teria sido uma fabulosa médica de clínica geral. Percebia de tudo.
Numa noite ela ficou sem guitarrista e não conseguia encontrar ninguém que estivesse livre. Como último recurso, lembrou-se de um tipo que era o "Joaquim Alemão", um estivador que tocava só aos fins de semana. Era o género de guitarrista do desenrasque.
A Hermínia tinha por mania ensaiar o reportório com os guitarristas novos na cave e nesse dia cumpriu a tradição. O Joaquim tinha uma adoração secreta por ela e quando a viu já toda meio produzida engoliu em seco e manteve a calma enquanto ensaiava. Para que não restem dúvidas: A Hermínia era um verdadeiro mulherão, muito vistosa.
Com o vestido justinho, parecia uma viola...
No início da noite começaram os fados e ela era a última a cantar. Quando apareceu com um vestido justinho... parecia uma viola, com as curvas todas acentuadas. Pôs-se à frente do "Alemão", virada para o público, pronta para cantar. Ele começou a tocar, enquanto olhava insistentemente para o rabo dela. Ao fim de uns acordes não resistiu, deu-lhe um palmadão no rabo e disse: "Ah fazenda!".
O marido da Hermínia, que era o Guerreiro, forcado em Benavente, não foi de modas: Saltou da mesa e atirou-se ao guitarrista. A noite de fados acabou por ali, com um verdadeiro duelo entre um forcado e um estivador. Escusado será dizer que o Joaquim teve de meter a viola no saco e sair dali mal conseguiu.
16 de setembro de 2010
As Lisboas de Marco Rodrigues
Os temas da actualidade “indo ao encontro do fado como crónica do quotidiano” pautam o novo disco acentuadamente tradicional e em que escapam a este alinhamento “Valsa das paixões” (T. Torres da Silva/Tiago Machado) que interpreta com Mafalda Arnauth e “A cor do céu em mim", explicou o fadista.
“Homem do Saldanha” fala de um idoso que marca as noites entre o Saldanha e Picoas acenando a quem passa. Este é um dos temas “retintamente quotidianos” e tem letra de Boss AC que se estreia nas lides fadistas e assina ainda “Ninguém vê”, com música de Nando Araújo e Tiago Machado.
Para cantar este fado, Marco convidou Carlos do Carmo que apresentou como “um amigo, um conselheiro”.
“Passo algumas horas em sua casa para o ouvir e tentar aprender”, acrescentou.
Tiago Machado, autor de temas como “Ó gente da minha terra” e “Os anéis do meu cabelo”, assina também a música de “Homem do Saldanha” e garante a produção executiva com Tiago Palma.
“O Tiago [Machado] é um amigo e a ideia deste álbum surgiu no Festival da RTP onde defendi uma canção dele e da Inês Pedrosa [“Em água e sal”] que com um arranjo mais sóbrio integra este CD”, disse o fadista.
“Ao longo do álbum fomos trocando impressões e os temas foram surgindo. Para mim os fados têm uma urgência que implica experimentá-los logo, não se podem guardar”, argumentou.
Contrariando este argumento surge no álbum, “A cor do céu em mim” (Ernesto Leite) que estava na gaveta “mas o Tiago Machado encontrou onde lhe colocar umas cordas e gravámos”.
Referindo-se a “Água em sal”, Marco Rodrigues afirmou que “tem uma matriz de portugalidade que é quase um fado”.
“Por outro lado, a minha interpretação dá-lhe o carisma fadista”, disse entre risos.
Tiago Torres da Silva, poeta que lhe foi apresentado por Mafalda Arnauth, é o autor de quatro temas, um deles composto para uma junção de cinco fados tradicionais.
Intitulado “Rapsódia do fado que ninguém quer” integra com arranjos de Tiago Machado os fados tradicionais Alvito, Georgino, Pedro Rodrigues, Sem Pernas, e o Corrido Manuel de Almeida.
Marco Rodrigues assina os fados “O Inverno do fado” e “Onde vou”, ambos com letras de Miguel Martins, autor que incluiu já no anterior álbum.
Marco Rodrigues toca viola há seis anos e acompanha-se em quatro temas, nos restantes o instrumento é garantido por Carlos Manuel Proença.
Do grupo de músicos constam ainda José Manuel Neto na guitarra portuguesa em 11 temas, no 12.º o guitarra é Luís Guerreiro, e o baixo acústico Yami num tema apenas.
Tiago Machado garante harmónica num tema e piano em dois outros, sendo ainda de referir Sertório Calado (percussões), Bárbara Duarte Barbosa e Jeremy Lake (violoncelo), Jorge Teixeira (viola de arco) e os violinistas Vasco Broco e Pedro Pacheco.