Centenas de Roncas são feitas e vendidas, nesta época natalícia, pelo ceramista elvense Luís Pedras.
Trata-se de um instrumento musical ancestral com origem em África e que foi introduzido nas zonas raianas da Península Ibérica no século XVI.
“Em África, o instrumento estava associado a rituais tribais de iniciação sexual, enquanto que em Elvas está associado à quadra natalícia, à fertilidade e ao nascimento”, explicou Luís Pedras à agência Lusa.
Na noite de Natal, naquela zona raiana do Alentejo, grupos de homens percorrem as ruas da cidade, cantando em altas vozes, em coro, trovas ao Menino Jesus, acompanhadas pelo som áspero da Ronca. Somente pelo Natal é que este instrumento é ouvido.
Luís Pedras há 14 anos que desenvolveu o projecto “Fénix – O renascer da Ronca”, que consiste em “reavivar a tradição da presença do som da Ronca nas noites de Natal”.
Desde então, o ceramista estima já ter feito na sua olaria mais de 10 mil Roncas. “Estão espalhadas um pouco por todo o mundo”, diz, com orgulho.
Luís Pedras reconhece que o instrumento provoca “estranheza” nas pessoas que o desconhecem, mas admite “que é fácil aprender a tocá-lo”.
A Ronca é feita com barro em cujo bocal se adapta uma membrana atravessada por uma cana. Para tocar a Ronca basta ter a cana encerada (com água) através da qual se corre a mão com força para produzir um som rouco.
Fernando Sequeira, natural de Elvas, comprou várias Roncas na olaria de Luís Pedras para oferecer neste Natal, considerando que é “um presente personalizado e é um objecto de artesanato que é importante reavivar”.
“Lá em casa, na noite de Natal, toca-se a Ronca e cumpre-se a tradição. Os meus filhos já sabem tocar”, diz.
Na vizinha cidade espanhola de Badajoz, o mesmo instrumento é designado por Zabomba, mas não há fabricantes espanhóis. Luís Pedras é o único artesão nesta zona raiana.
Marilón, de Badajoz, descobriu a olaria elvense “por casualidade”, mas considera importante transmitir a tradição “às crianças”.
Luís Pedras defende que a Ronca devia ser um produto de artesanato “certificado”, porque “permitiria preservar a nossa cultura e identidade”.
fonte ~ portal alentejano
1 comentário:
Muito bem! Já aprendi mais qualquer coisa hoje!
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