O fadista afirmou que o álbum, constituído por 13 temas, "é para se ir ouvindo e ir percebendo, pois está carregado de simbolismos". Os poemas escolhidos, maioritariamente assinados pelo fadista, são os que lhe "apetecia cantar".
O fadista que foi um dos convidados da noite celebrativa dos 50 anos de carreira de Maria da Fé subiu ao palco do Coliseu com uma nova imagem, mais solta e liberta, mas sempre cantar muito bem e é seguramente um dos mais seguros valores fadistas no futuro.
À Lusa Duarte afirmou: "O disco começou a ser pensado como quem pensa uma exposição de quadros, quadros muito vivenciais e intimistas que falam de coisas que toda a gente pode viver ou já viveu, daí o título: 'Aquelas coisas da gente'".
As seis letras de Duarte são para melodias tradicionais fadistas como o fado menor ("Fado Novembro"), fado Franklin de sextilhas ("Fim da Primavera"), fado Alberto ("Eu sei que foste eterna numa hora"), fado Carriche ("Aquelas coisas da gente"), fado das horas ("Cá dentro") e fado cigano ("És luto e melancolia").
O fadista afirmou que quando começou, em 2004, nos circuitos do fado em Lisboa, tinha já feito "uma investigação quer sobre algumas melodias tradicionais e como se relacionam com algumas letras e até sobre certas letras".
Duarte assina ainda a música e letra de dois temas, "Terra da melancolia" e "Évora doce", além de recriar uma canção de Jorge Palma, "Lado errado da noite", e cantar um tema em grego e português, "Cigarro_To tsigaro", de Eleni Zioga e Evanthia Rempoutsika.
O cantor é ainda o autor de uma composção para uma letra de Teresa Font, "Mistérios de Lisboa", que é a banda sonora do documentário homeónimo de José Fonseca e Costa.
"Estas são histórias que fazia sentido contar. Claro que há também uma relação intra-psíquica, de mim para mim mesmo", afirmou.
Referindo-se à sua faceta de letrista, Duarte afirmou: "Desde pequeno gosto desta coisa das palavras, que eu faço letras e não poemas".
Em termos musicais Duarte afirmou à Lusa que o seu caminho "passa por outras coisas além do fado tradicional", mas salientou que "é dele que deriva tudo".
"Há que respeitar o legado tradicional, e inovar só numa contextualização, além do mais mesmo nos temas menos fadistas, o ambiente musical é o mesmo", referiu.
Neste cuidado musical Duarte sublinhou "o empenho, talento e sabedoria" de Carlos Manuel Proença, que produziu o álbum editado pela JBJ.
Duarte é acompanhado neste álbum por José Manuel Neto e Bernardo Couto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola, Daniel Pinto no baixo acústico, Quim Correia no baixo eléctrico e percussões e Luís Clode e Luís Cunha no violoncelo.
Editado finalmente, o CD que estava pronto desde Outubro do ano passado, Duarte quer saber "das coisas dos outros, se o disco faz sentido, para onde leva as pessoas".
"A minha entrega está feita, mas não quero ficar fechado em mim e quero saber em que é que este disco diz aos outros, os faz crescer".
"A nossa formação como pessoas é cada vez mais importante e seremos tão melhores artistas quanto melhores pessoas formos, e isso torna o nosso trabalho mais valioso", sentenciou.
16 de novembro de 2009
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